Ao comentar sobre a proposta recente do presidente Lula (PT) para devolver, ainda que simbolicamente, o mandato da ex-presidente Dilma Rousseff (PT), a advogada coautora do pedido de impeachment da petista, Janaína Paschoal, disse nesta segunda-feira (28) à Gazeta do Povo que a esquerda está tentando reescrever a lei para suprimir a parte referente aos crimes de responsabilidade, na qual Dilma foi enquadrada.
Além disso, Janaína vê na proposta de Lula uma tentativa de, ao mesmo tempo, reforçar a narrativa de “golpe” e justificar o retorno das mesmas práticas que levaram ao afastamento da ex-presidente.
“Esse dinheiro que vinha de bancos públicos [no governo Dilma] eram utilizados em programas de financiamento a grandes empresas, que já começam a se apresentar para fazer parcerias novamente, para fazer obras no exterior. E a diferença deste momento histórico para o anterior é que a imprensa não noticiava essas obras. Quando o presidente Lula alardeia mundialmente que não houve crime de responsabilidade, que o impeachment teria sido golpe e paralelamente a esse discurso ele já faz o anúncio da retomada de grandes obras em outros países, ele está dizendo o seguinte: ‘Como o TRF-1 teria reconhecido que ela [Dilma] não merecia ser punida, então essas obras estão liberadas’”, disse Janaína.
Ela também alertou para o fato de que a decisão do Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) – que no último dia 21 manteve o arquivamento de uma ação de improbidade contra Dilma pelo caso das pedaladas fiscais – se deu em caráter formal e não analisou o mérito do impeachment.
“Tanto é fato que os fatos estavam previstos como crimes, e ainda estão, que a esquerda apoiou a constituição de uma comissão para rever toda a lei de impeachment e apresentou um anteprojeto ao Senado Federal, que está em andamento”, explicou ao destacar que a tentativa da esquerda para mudar a lei é também uma prova de que ela reconhece que Dilma incorreu em crime de responsabilidade fiscal.
No último fim de semana, Lula e a presidente do PT, a deputada federal Gleisi Hoffmann (PT-PR), deram declarações anunciando que o partido vai articular no Congresso a "devolução simbólica" do mandato de Dilma Rousseff.
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