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Lula participando do Foro de São Paulo, em junho
Lula participando do Foro de São Paulo, em junho| Foto: EFE / André Borges

Nomes de peso no Republicanos, mais alinhados ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), estão insatisfeitos com a provável entrada do partido na base do governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e já falam até em deixar a legenda.

A crise se agravou depois que partidos do chamado Centrão, que inclui o PP e o União Brasil, anunciaram a troca de deputados da CPI do MST, numa manobra governista para esvaziar os trabalhos da comissão.

Além de tirar votos da oposição na CPI, a troca sinaliza à gestão petista que os partidos estão fazendo a sua parte para garantir cargos na esperada minirreforma na Esplanada dos Ministérios. As legendas estão em negociação com o Executivo desde que a Câmara garantiu votos para aprovar a Reforma Tributária, em julho.

Segundo parlamentares do Republicanos, esse movimento - que está sendo chamado de apoio "bolsopetismo" - pode provocar um racha e levar a saída de nomes de peso no cenário nacional, como o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o próprio presidente da CPI, Luciano Zucco, e os senadores Hamilton Mourão e Damares Alves.

Zucco, que preside a CPI do MST, não escondeu o descontentamento. “Se o Republicanos continuar desrespeitando a direita, vou buscar uma alternativa de diálogo de sair mantendo meu mandato”, destacou.

Considerado um dos principais nomes da oposição na corrida presidencial, o governador de São Paulo deve ir pelo mesmo caminho. Tarcísio de Freitas também mostrou insatisfação com os últimos movimentos do Republicanos.

Zucco e Tarcísio conversaram longamente por telefone, nesta quarta-feira (9), e já cogitam uma saída negociada com a direção do Republicanos. Aliás, foi o partido que deu o primeiro passo para entregar o controle da CPI do MST à base governista, retirando dois parlamentares que vinham atuando de forma combativa contra as invasões de terra. Messias Donato (ES) e Diego Garcia (PR) ficaram sabendo pela imprensa que não faziam mais parte da CPI. A medida foi recebida como uma traição por parte dos parlamentares.

O deputado Diego Garcia também estranhou a movimentação, mas alegou que o presidente do partido tem garantido publicamente que o Republicanos não fará parte do governo. Garcia foi um dos deputados substituídos na CPI do MST. Ele encaminhou ofício ao líder Hugo Mota para retornar à comissão. O parlamentar ainda salientou que aguarda o retorno do presidente do Republicanos, Marcos Pereira, que está em viagem oficial ao exterior para conversar sobre os rumos do partido.

Além deles, o senador Hamilton Mourão (RS) admitiu a possibilidade de deixar a sigla, caso ela venha fazer parte da base de Lula. À rádio NovaBrasil FM, Mourão reconheceu estar incomodado com as negociações da gestão petista para ceder um ministério ao partido que o elegeu, com a indicação do deputado Silvio Costa Filho (Republicanos-PE) para ocupar uma pasta no governo.

Comentando a aproximação do Republicanos com a gestão petista, o deputado federal Eduardo Bolsonaro (PL) sigla se tornou uma legenda de esquerda.

“Eu avalio, hoje, que o Republicanos é um partido de esquerda”, disse o deputado a jornalistas na cidade de São José do Rio Preto (SP).

E acrescentou: “Querendo se aproximar do Lula em um momento como esse, jogando pesado, trocando seus membros dentro da CPI [Comissão Parlamentar de Inquérito] do MST sem avisá-los, inclusive, previamente disso (…) Eu vejo como lamentável e isso aí coloca o Republicanos em pé de igualdade com os partidos de esquerda, eu realmente não consigo entender”.

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