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Quebra de decoro

Alcolumbre avalia pedir cassação de Gayer por fala sobre “trisal” envolvendo Gleisi

Alcolumbre avalia pedir cassação de Gayer por fala envolvendo Gleisi
Após ameaça de processo de cassação, Gayer recuou e disse que "jamais quis ofender ou depreciar" o presidente do Senado, Davi Alcolumbre. (Foto: Andressa Anholete/Agência Senado)

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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), afirmou nesta quinta-feira (13) que avalia pedir a cassação do deputado Gustavo Gayer (PL-GO) ao Conselho de Ética por quebra de decoro. Nas redes sociais, Gayer afirmou que a ministra de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), foi “oferecida” pelo presidente Lula (PT) a Alcolumbre e ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), “como um cafetão oferece uma garota de programa”.

As declarações de Gayer começaram após o chefe do Executivo dizer, nesta quarta-feira (12), que escolheu uma “mulher bonita” para conduzir a articulação política com o Congresso. “E aí, Lindbergh Farias, vai mesmo aceitar o seu chefe oferecer sua esposa para o Hugo Motta e Alcolumbre como um cafetão oferece uma GP. Sua esposa sendo humilhada pelo seu chefe e vc vai ficar calado??”, disse Gayer, marcando o líder do PT na Câmara e companheiro de Gleisi, Lindbergh Farias (RJ).

Em outro post, que foi apagado em meio à repercussão negativa, o deputado afirmou: “Me veio a imagem da Gleisi, Lindbergh e Alcolumbre fazendo um trisal. Que pesadelo”.

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O presidente do Senado declarou que está discutindo com seus advogados para definir medidas contra Gayer e ressaltou que a imunidade parlamentar não pode ser usada para “agredir as pessoas”.

“Está na mão dos advogados ver o que é possível fazer. Estamos avaliando fortemente [um pedido de cassação]. Estamos analisando a representação sobre a fala do deputado em relação ao episódio que envolve um deputado federal, um senador da República e uma ministra de Estado”, disse Alcolumbre a jornalistas. Durante a declaração, o senador foi questionado sobre a importância da ação e rebateu: “[É] Muito importante”.

Gayer cita “liberdade de expressão” e recua

Diante da repercussão, Gayer voltou ao X para explicar as ofensas contra a ministra. Em nota, disse que foi “único parlamentar de direita que saiu em defesa” de Gleisi da “fala extremamente machista e misógina” do presidente Lula (PT).

“Pelas redes sociais, apenas questionei o Deputado Lindbergh Farias se ele iria aceitar as falas repugnantes do Presidente da República em relação à sua companheira Gleisi Hoffmann, denunciando a gravidade do ocorrido”, disse o deputado do PL.

Gayer afirmou que “jamais” teve a intenção de “ofender ou depreciar” Alcolumbre. “Caso o presidente Alcolumbre tenha se sentido ofendido, quero deixar bem claro que minhas críticas não se referiam a ele, mas sim ao Chefe do Poder Executivo em razão de sua atitude desrespeitosa para com uma de suas Ministras”, enfatizou.

O parlamentar acredita não ter praticado “nenhum crime ou ato ilícito em desfavor de qualquer pessoa, tendo exercido tão somente o direito à liberdade de expressão, guiado pelo senso de Justiça”.

Gleisi repudia ataques e outros parlamentares da oposição criticam fala de Lula

Nesta quinta (13), Gleisi repudiou os ataques de parlamentares da oposição e minimizou a fala de Lula. “Repudio os ataques canalhas de bolsonaristas, misóginos, machistas e de violência política. Desprezam as mulheres. Não me intimidam nem me acuam. Oportunistas tentando desmerecer o presidente Lula. Gestos são mais importantes que palavras. Não teve e não tem outro líder como o presidente Lula que mais empoderou as mulheres”, disse a ministra.

“Que moral vocês tem? Vocês esqueceram das entrevistas, dos vídeos em que Bolsonaro agrediu as mulheres, estimulando a violência política e física, o preconceito, o machismo? Canalhas, respeitem a inteligência do povo brasileiro!”, emendou Gleisi.

O líder da oposição na Câmara, deputado Zucco (PL-RS), criticou nesta quarta (12) a declaração de Lula sobre Gleisi. "É curioso notar que, em um cenário onde se espera que líderes promovam igualdade de gênero e valorizem a competência profissional, nosso presidente opta por reduzir uma mulher a sua aparência física", disse o parlamentar, em nota.

Durante a sessão plenária da Câmara, a deputada Coronel Fernanda (PL-MT) afirmou que “mulher não pode ser escolhida pelo seu atributo físico” e apontou que Lula deveria se retratar. “Nós temos competências suficientes para ocupar qualquer lugar. A fala dele não foi um equívoco, não, foi machista, sim, foi discriminatória. E eu tenho que dizer aqui às mulheres, às deputadas que estão aqui, que têm que fazer um manifesto contra o presidente Lula", disse a deputada também na quarta (12).

A declaração de Lula ocorreu cerca de uma semana após o vereador Jair Renan (PL), filho do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), divulgar o corte de um vídeo no qual o ex-mandatário diz que as apoiadoras do PT são "feias" e "incomíveis". "Você pode ver, não tem mulher bonita petista, só tem feia. Às vezes acontece quando estou no aeroporto alguém me xinga. Mulher, né? Olho para a cara dela: 'Nossa, mãe. Incomível'", diz Bolsonaro no vídeo publicado nas redes sociais.

Veja a íntegra do pedido de desculpas de Gayer

“No dia ontem (12/03/2025), no Plenário da Câmara dos Deputados, fui o único parlamentar de direita que saiu em defesa da Ministra Gleisi Hoffmann, covardemente menosprezada e achincalhada pelo Presidente da República que, utilizando-se de uma fala extremamente machista e misógina, se referiu à Ministra como uma espécie de moeda de troca para, em razão de sua “beleza”, facilitar as articulações políticas do Governo com o Congresso Nacional.

Pelas redes sociais, apenas questionei o Deputado Lindbergh Farias se ele iria aceitar as falas repugnantes do Presidente da República em relação à sua companheira Gleisi Hoffmann, denunciando a gravidade do ocorrido.

Ressalto que minha intenção era apenas denunciar e escancarar a hipocrisia da esquerda quando se trata da defesa das mulheres, e jamais quis ofender ou depreciar o presidente do Senado Davi Alcolumbre. Caso o presidente Alcolumbre tenha se sentido ofendido, quero deixar bem claro que minhas críticas não se referiam a ele, mas sim ao Chefe do Poder Executivo em razão de sua atitude desrespeitosa para com uma de suas Ministras.

O fato é que nenhum dos integrantes da esquerda, sejam eles parlamentares ou ministros, se posicionou contra a fala infeliz do Presidente da República, cuidando apenas de desviar o foco para abafar referido desrespeito contra as mulheres.

Tenho plena consciência de que não pratiquei nenhum crime ou ato ilícito em desfavor de qualquer pessoa, tendo exercido tão somente o direito à liberdade de expressão, guiado pelo senso de Justiça”.

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