Defensores do governo Jair Bolsonaro planejam isolar simpatizantes do presidente que apoiem causas radicais, como intervenção militar, fechamento do Congresso Nacional ou do Supremo Tribunal Federal (STF). A informação está em reportagem do jornal O Estado de S. Paulo, publicada neste domingo (28).
A meta é qualificar os radicais como "black blocs da direita", ou seja, como extremistas que não têm simpatia dos demais e nem legitimidade para falar em nome do grupo majoritário.
“Desde as Diretas-Já sempre tem um maluco com uma placa que diz bobagem. Esse pessoal com bandeiras inadequadas não representa o pensamento do grupo que apoia Bolsonaro”, afirmou ao Estadão o advogado Luís Felipe Belmonte, segundo vice-presidente do Aliança pelo Brasil, partido que está sendo montado pelo presidente e parte de seus apoiadores.
O debate em torno da proximidade entre Bolsonaro e os grupos radicais se acentuou a partir de abril, quando o presidente participou de um ato em frente ao quartel-general do Exército, em Brasília. Na ocasião, grupos numerosos portavam faixas em defesa do fechamento do Congresso e de "intervenção militar com Bolsonaro no poder".
Um dia após a manifestação, porém, Bolsonaro repreendeu um manifestante que pediu diretamente a ele o fechamento das instituições. “Sem essa conversa de fechar. Aqui não tem que fechar nada, dá licença aí. Aqui é democracia, aqui é respeito à Constituição brasileira. E aqui é minha casa, é a tua casa. Então, peço por favor que não se fale isso aqui. Supremo aberto, transparente. Congresso aberto, transparente”, declarou.
Centrão, pandemia e inquérito
A motivação para afastar os radicais se explica, entre outros fatores, pela necessidade de Bolsonaro em ampliar sua base de apoio.
O presidente tem feito movimentos em direção ao chamado Centrão do Congresso Nacional. Recentemente, dividiu o Ministério da Ciência e Tecnologia, recriando o Ministério das Comunicações, e deu a nova pasta para Fábio Faria, deputado que pertence ao grupo. O Centrão era muito criticado por Bolsonaro antes de o presidente chegar ao Palácio do Planalto e parte de seus apoiadores mais radicais não lida bem com a aproximação.
A pandemia de coronavírus também estimula o desejo por mais parcerias. A gestão de Bolsonaro diante da crise motivada pelo covid-19 tem sido reprovada por parte da população.
Por fim, o inquérito que o STF conduz sobre a disseminação de fake news e a investigação acerca dos atos antidemocráticos são ainda elementos que levam os bolsonaristas a buscarem distância dos radicais. As ações policiais levaram à prisão dois ativistas pró-Bolsonaro na internet, Oswaldo Eustáquio e Sara Winter. Bolsonaro, embora tenha dado declarações de crítica à investigação, mais recentemente fez movimentos de aproximação à corte.
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