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Navios de guerra iranianos atracados no porto do Rio de Janeiro
Navios de guerra iranianos atracados no porto do Rio de Janeiro| Foto: EFE/Antonio Lacerda

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) autorizou dois navios de guerra iranianos a atracarem no Rio de Janeiro até este sábado (4). A decisão foi questionada pelos Estados Unidos e tratada como um erro pela diplomacia americana. A permissão concedida pela atual gestão petista contrasta com o entendimento anterior em relação a embarcações de guerra inglesas.

No final de dezembro de 2010, dois navios britânicos que seguiam para as Ilhas Falkland, chamadas de Malvinas pela Argentina, foram proibidos de realizar uma parada obrigatória no Rio de Janeiro.

A decisão foi baseada em uma declaração assinada em 3 de agosto de 2010 pelo presidente Lula ao lado da então mandatária da Argentina, Cristina Kirchner. O acordo proibia o apoio a embarcações e aeronaves oriundas do Reino Unidos e que se destinam à exploração de bens naturais nas Falklands, informou a Agência Brasil na época.

No documento, o Brasil se comprometia ainda a reconhecer que não só as Falklands pertenciam aos argentinos, que perderam o controle da região para os britânicos. O impasse resultou em um conflito entre os dois países conhecido como Guerra das Malvinas em 1982, no qual os argentinos saíram derrotados.

Em janeiro de 2011, o então ministro da Defesa, Nelson Jobim, confirmou a determinação do governo brasileiro em não autorizar o atracamento dos navios ingleses. “É padrão porque todas as demandas que são feitas de aviões ou navios britânicos em operações de guerra nas Malvinas, o Brasil não aceita. Nós reconhecemos a soberania da Argentina sobre as Malvinas e não da Inglaterra”, disse Jobim.

Decisão sobre navios iranianos gerou críticas

Apesar das críticas, o governo Lula foi permissivo com os navios de guerra iranianos. A embaixadora dos EUA no país, Elizabeth Bagley, destacou a soberania do Brasil, mas apontou que os navios iranianos “facilitaram o comércio ilícito e atividades terroristas”. O Irã está sob sanções econômicas unilaterais dos EUA.

“Esses navios, no passado, facilitaram o comércio ilícito e atividades terroristas e já tiveram sanções da ONU [Organização das Nações Unidas]. O Brasil é um país soberano, mas acreditamos fortemente que esses navios não deveriam atracar em qualquer lugar”, disse Bagley a jornalistas no último dia 15.

O governo norte-americano sinalizou o incômodo com a decisão do Planalto. Um porta-voz do Departamento de Estado americano afirmou que a decisão do governo Lula passa a mensagem “errada”. “O Brasil é um país soberano que pode tomar sua própria decisão sobre como se relacionar com o Irã. Até o momento, o Brasil é o único país do nosso hemisfério que aceitou um pedido de atracação”, disse o porta-voz ao jornal O Estado de S. Paulo.

O senador Ted Cruz, do partido Republicano, criticou a decisão brasileira e pediu que sanções fossem aplicadas ao país. “A administração Biden é obrigada a impor sanções relevantes, reavaliar a cooperação do Brasil com os esforços antiterroristas dos EUA e reexaminar se o Brasil está mantendo medidas antiterroristas eficazes em seus portos. Se o governo não o fizer, o Congresso deve forçá-los a fazê-lo”, disse Cruz, em nota.

Nesta quinta (2), Israel criticou a atracação dos navios de guerra iranianos no Brasil. O porta-voz do Ministério das Relações Exteriores, Lior Haiat, disse que a autorização dada pelo governo brasileiro é “um fato perigoso e lamentável”.

“O Brasil não deve conceder nenhum prêmio a um Estado maligno, responsável por inúmeras violações dos direitos humanos contra seus próprios cidadãos, executando ataques terroristas em todo o mundo e distribuindo armas para organizações terroristas em todo o Oriente Médio”, escreveu Haiat.

A reportagem questionou a Marinha do Brasil sobre a situação dos navios iranianos, mas não obteve retorno até a publicação da matéria.

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