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O índice de aprovação do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) despencou de 35% para 24% nos últimos dois meses, segundo a pesquisa Datafolha divulgada nesta sexta-feira (14). O patamar é o pior registrado pelo instituto nos três mandatos do petista na presidência.
Em meio a uma série de desgastes, com destaque para a crise do Pix, a reprovação do mandatário escalou de 34% para 41%. Os que acham o governo regular somam 32%, antes eram 29%.
Lula começou o terceiro ano do atual mandato com a divulgação do ato normativo da Receita Federal que ampliava a fiscalização de transferências instantâneas acima de R$ 5 mil. Com a forte repercussão negativa da população, o Fisco tentou esclarecer que a medida não representava a taxação do Pix, mas sem sucesso.
Segundo o Datafolha, a pior avaliação de Lula tinha sido registrada em outubro de 2005, no auge da crise do Mensalão. Na ocasião, 28% consideravam o governo ótimo e bom.
Já o pior patamar da avaliação ruim e péssima foi registrada em dezembro de 2024, com 34%. O Datafolha ouviu 2.007 eleitores em 113 cidades, nos dias 10 e 11 de fevereiro. A margem de erro é de 2 pontos percentuais para mais ou menos.
O governo revogou a medida e culpou o desgaste em falhas da comunicação, além de acusar a oposição de disseminar supostas fake news sobre o tema nas redes sociais. Lula demitiu o então ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom) da Presidência, Paulo Pimenta, e colocou seu marqueteiro, o publicitário Sidônio Palmeira no cargo. No entanto, a mudança parece não ter surtido o efeito desejado pelo Planalto.
Popularidade de Lula diminui em sua base de apoio
O Datafolha mostrou que entre as pessoas que ganham até dois salários mínimos, a aprovação de Lula caiu de 44% para 29%. Este grupo representa 51% da amostra populacional do levantamento, e a margem de erro é de 3 pontos percentuais.
Entre os que têm apenas o ensino fundamental, a aprovação caiu de 53% para 38%. Neste caso, o grupo representa 33% e a margem de erro é de 4 pontos percentuais.
Além disso, a popularidade de Lula também deteriorou no Nordeste, seu reduto eleitoral, onde os que avaliam o presidente como ótimo/bom passaram de 49% para 33%. A margem de erro neste grupo é de quatro pontos percentuais.
Declarações fora do tom aumentam desgaste de Lula
Agora, o petista enfrenta a alta no preço dos alimentos pressionada pela inflação. Neste caso, mesmo com os conselhos de Sidônio, fez comentários considerados fora do tom sobre o tema. No último dia 6, Lula sugeriu que a população evite comprar produtos caros para pressionar a redução dos preços e ajudar a controlar a inflação.
“Se todo mundo tiver consciência e não comprar aquilo que está caro, quem está vendendo vai ter que baixar para vender, senão vai estragar. Isso é da sabedoria do ser humano. Esse é um processo educacional que nós vamos ter que fazer com o povo brasileiro”, afirmou o mandatário em entrevista às rádios Metrópole e Sociedade, da Bahia.
Assim como ocorreu na crise do Pix, a oposição se mobilizou nas redes sociais contra a "solução" apresentada pelo chefe do Executivo. As falas são vistas como descoladas da realidade da população e acabam desconstruindo aos poucos a imagem cultivada por Lula de defensor dos mais pobres.
Na terça-feira (11), Lula criticou prefeitos que não usam os mesmos serviços públicos de educação e saúde oferecidos à população. As declarações do presidente levaram usuários a apontarem nas redes sociais que, apesar de criticar outros governantes, o próprio Lula é atendido no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo.
“Você chega em uma cidade e pergunta: ‘Prefeito, como é que está a educação?’ [Ele responde]: ‘Está maravilhosa, a educação aqui é fantástica’. ‘Prefeito, como é que está a saúde?’ ‘A saúde aqui é fantástica’. Aí você pergunta: ‘Seu filho estuda nessa escola fantástica?’ [E a resposta é]: ‘Não’. O filho dele está em uma [escola] que não presta, particular”, disse o presidente.
“Aí você pergunta: ‘Você se atende no pronto-socorro que você acha que é espetacular?’ [O prefeito diz]: ‘Não, meu filho, eu levo em outro lugar’. Então, esse país não vai dar certo nunca. esse país só vai dar certo o dia que a classe média voltar para a escola pública. E [a classe média] só vai voltar para a escola pública quando ela melhorar”, emendou o petista.
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