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Uma aeronave Embraer EMB 314 Super Tucano A-29 é testada pela Força Aérea dos EUA, em 2017
Uma aeronave Embraer EMB 314 Super Tucano A-29 é testada pela Força Aérea dos EUA, em 2017| Foto: Divulgação/Força Aérea dos Estados Unidos

O Brasil é o 21º maior exportador de armamento militar do mundo, segundo relatório do Instituto Internacional de Pesquisa para a Paz de Estocolmo (Sipri) divulgado na segunda-feira passada (14). O ranking, que considera os maiores vendedores de equipamentos militares nos últimos cinco anos, é encabeçado por Estados Unidos e Rússia, que dominam 39% e 19% das exportações de armas pesadas (aviões de combate, tanques, veículos armados, helicópteros, artilharia, mísseis, sistemas de radar, entre outros) no mercado global.

Entre 2017 e 2021, França, Nigéria e Chile foram os países que mais fizeram negócios com o Brasil. As compras destes países representaram, respectivamente, 23%, 13% e 11% do total de exportações de armamentos do Brasil no período. O país também aparece como um dos principais fornecedores para o Afeganistão.

Só no ano passado, o Brasil entregou ou recebeu pedidos de 20 aeronaves EMB-314 Super Tucano, turboélice de ataque leve e treinamento da Embraer; 7 aviões de transporte logístico C-390; e 39 veículos militares blindados VBTP Guarani, desenvolvido pelo Exército brasileiro, segundo a base de dados do Sipri.

Em relação ao ranking de 2020, o país caiu uma posição, mas ainda é o único da América Latina a figurar entre os maiores exportadores.

O Brasil também aparece no ranking dos 40 maiores importadores de equipamentos militares do mundo, ocupando a 33ª colocação, uma acima de Taiwan e logo abaixo da Jordânia. Nos últimos cinco anos, os principais parceiros foram Reino Unido, Suécia e França.

Parte dessas compras são de sistemas de radar e navegação para equipar e modernizar aeronaves e navios que são usados no Brasil ou vendidos por companhias brasileiras. Mas também foram assinados contratos de compra ou entregues ao país neste período helicópteros militares de transporte, submarinos, fragatas, aeronaves não tripuladas e mísseis antitanques e torpedos antissubmarino.

Também foram incluídos na lista do Sipri os caças de combate supersônicos F-39E Gripen, comprados da empresa sueca Saab ainda no governo da ex-presidente Dilma Rousseff. Os quatro primeiros, dos 36 negociados, foram entregues ao Brasil no ano passado. Com esse acordo, o Brasil representou 15% das exportações da Suécia entre 2017 e 2021 – tornando-se o terceiro maior importador de armamentos da nação escandinava neste período.

De acordo com o instituto, Brasil foi o maior importador de armamentos da América do Sul, respondendo por 37% das importações de armas para a região entre 2017 e 2021. Embora as compras tenham diminuído 17% na comparação dos últimos cinco anos com o período de 2012 a 2016, o país é o único da América do Sul com entregas substanciais de armamentos a receber, as quais incluem pedidos de mais de 1.100 veículos blindados, cinco submarinos, quatro fragatas e 31 aviões de combate.

Comércio global de armas diminui, mas importações da Europa crescem

Os cinco maiores exportadores de armamentos nos últimos cinco anos foram os Estados Unidos, Rússia, França, China e Alemanha, entre 60 países analisados pelo Sipri. Juntos, eles representaram 77% das exportações no mercado global de equipamentos militares. Já os países que mais importaram foram a Índia, Arábia Saudita, Egito, Austrália e China.

De um modo geral, segundo o levantamento do Sipri, houve uma queda de 4,6% no volume de transferências internacionais de grandes armamentos no período entre 2017 e 2021, quando comparado ao período entre 2012 e 2016.

Contudo, o pesquisador do Sipri Pieter D. Wezeman destaca que essa diminuição no comércio global esconde grandes variações entre as regiões. "Enquanto houve alguns desenvolvimentos positivos, incluindo as importações de armamentos da América do Sul atingindo seu nível mais baixo em 50 anos, o aumento ou a continuidade das altas taxas de importação de armas para lugares como Europa, Ásia Oriental, Oceania e Oriente Médio contribuíram para o acúmulo preocupante de armas", disse ao analisar o relatório.

As importações dos países da Europa cresceram 19% nos últimos cinco anos. O crescimento da demanda, em parte, ocorre devido à deterioração das relações entre a maioria das nações europeias e a Rússia. "Enquanto alguns países europeus maiores podem recorrer às suas indústrias nacionais de armas para atender a maioria de suas necessidades, para muitas nações da região as importações são a principal fonte de armamentos pesados", diz o relatório. Os três maiores importadores de equipamentos militares na Europa entre 2017 e 2021 foram o Reino Unido, Noruega e Holanda.

Exportações de armamento dos EUA aumentam e as da Rússia diminuem

As exportações dos Estados Unidos aumentaram 14%, fazendo a participação do país saltar de 34% para 39% das vendas de armamentos militares. A França, que também é membro da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte), viu suas exportações subirem 59% nos períodos analisados, puxadas pela venda de aeronaves militares.

A Rússia, por outro lado, observou uma queda de 26% nas vendas internacionais, decorrente, principalmente, de uma diminuição das exportações para a Índia e para o Vietnã. Contudo, o país de Vladimir Putin aumentou as vendas para a China em 60% nos últimos cinco anos, quando comparado aos cinco anos anteriores. A participação da China no mercado de exportação de armamentos é de 4,6%.

Como foram as transferências de armas para a Ucrânia

A transferência de armas para o Ucrânia entre 2017 e 2021 não foi expressiva, tendo um significado mais político do que militar. Nesse período, o Sipri cita como a transferência de maior impacto militar a entrega de 12 veículos aéreos não tripulados armados, comprados da Turquia.

"O baixo nível de transferências de armas para a Ucrânia em 2017-21 é parcialmente explicado por seus recursos financeiros limitados e pelo fato de ter suas próprias capacidades de produção de armamentos e um grande arsenal de armas pesadas", diz o relatório. Além disso, até fevereiro de 2022, vários dos maiores estados exportadores de armas restringiam as exportações de armas para a Ucrânia devido a preocupações de que tais transferências pudessem contribuir para a escalada do conflito.

Como o ranking do comércio de armamento militar é feito

Para elaborar o relatório, o Sipri leva em consideração o volume das importações e exportações de equipamentos militares pesados em 60 países, incluindo vendas, doações e produção sob licença. Os dados refletem o volume de entregas de armas, e não o valor financeiro dos negócios. Como o volume de transferências pode flutuar significativamente a cada ano, o Sipri faz suas análises considerando períodos de cinco anos, o que fornece uma medida mais estável das tendências.

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