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O ex-chanceler e atual assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim.
O ex-chanceler e atual assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim.| Foto: Márcia Kalume/Agência Senado.

O ex-chanceler e atual assessor especial para assuntos internacionais da Presidência da República, Celso Amorim, afirmou que o ataque do Hamas a Israel precisa ser condenado, mas não pode ser visto como um fato isolado, pois reflete a decisão do governo israelense de deixar o processo de paz na região em segundo plano. Para Amorim, ataques a civis sempre devem ser condenados, lastimados e não se justificam.

"Mas não pode ser visto como um fato isolado… Vem depois de anos e anos de tratamento discriminatório, de violências, não só na própria Faixa de Gaza, mas também na Cisjordânia”, ressaltou em entrevista divulgada neste domingo (8) a coluna Painel, na Folha de S. Paulo. Ele citou como exemplo a ofensiva de Israel em julho no campo de refugiados de Jenin, na Cisjordânia, que deixou ao menos oito palestinos mortos e 50 feridos.

"Isso não justifica, volto a dizer, mas o que eu vejo é que o resultado dessa atitude, do aumento dos assentamentos israelenses, é a dificuldade de avançar no plano de paz", afirmou Amorim. O ex-chanceler considera que o novo conflito deixará mais distante a possibilidade da criação de dois Estados que vivam em paz na região, como defende a diplomacia brasileira.

"O que acabou de acontecer é apenas uma demonstração, grave, com consequências, do que acontece pela perda da esperança na paz", apontou. Amorim afirmou ainda que apenas a repressão não resolve. "Compreendo a dor das famílias no momento que há um ataque como esse, mas, se a gente quer resolver, não adianta querer ver isso como um fato isolado”, disse.

O ex-chanceler fez a apresentação do livro “Engajando o Mundo: a Construção da Política Externa do Hamas” (Editora Memo), de autoria Daud Abdulah, pesquisador do Oriente Médio e ex-integrante do Conselho Muçulmano da Inglaterra. A obra busca mostrar o lado “diplomático” do Hamas. No texto publicado no livro, o ex-chanceler afirmou que o esforço do Hamas para manter relações com governos e lideranças internacionais pode atribuir ao grupo extremista “um papel central na restauração dos direitos palestinos”. O livro foi lançado em maio no Brasil.

O Hamas iniciou um ataque sem precedentes a Israel no sábado (7). Em resposta, o governo israelense declarou guerra ao grupo extremista. O conflito já deixou centenas de mortos tanto no território israelense quanto do lado palestino. Além disso, cerca de 100 israelenses foram sequestrados pelos terroristas. O Hamas ameaçou executar publicamente os reféns, caso Israel continue a bombardear "indiscriminadamente" a Faixa de Gaza, sem aviso prévio aos residentes.

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