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Saúde

Baixa adesão ao “Agora Tem Especialistas” preocupa governo, mas Padilha defende iniciativa

Alexandre Padilha
Apesar da baixa adesão, ministro defende iniciativa como uma das principais promessas de Lula durante a campanha eleitoral. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

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Apenas 101 hospitais privados e filantrópicos solicitaram adesão ao programa federal “Agora Tem Especialistas” até o início de agosto, número que representa 3% das 3,5 mil instituições que, segundo o ministro Fernando Haddad (Fazenda), têm dívidas com a União. A iniciativa prevê que unidades particulares atendam pacientes do SUS em troca de abatimento de dívidas ou créditos financeiros.

A dívida acumulada desses hospitais é estimada em R$ 34,1 bilhões, e o governo estipulou um teto de R$ 2 bilhões por ano para abatimentos por meio do programa. Apesar da baixa procura inicial, a pasta da Saúde classificou a adesão como “positiva”, destacando que o projeto é considerado estratégico pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), que chegou a descrevê-lo como uma “obsessão”.

“Já há mais de cem hospitais que aderiram. É um mecanismo novo. A nossa meta é poder ofertar para o ano que vem R$ 2 bilhões de crédito. Isso significa trocar esse crédito por R$ 2 bilhões por cirurgias, exames, tratamento especializado. Se alcançarmos essa meta, é mais do que tudo o que foi feito, por exemplo, no programa de redução de filas que havia antes”, disse o ministro Alexandre Padilha, da Saúde, em entrevista ao jornal O Globo.

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Segundo dados oficiais obtidos pelo jornal, a maioria dos pedidos de adesão está concentrada no Sudeste, com 45 instituições. No Nordeste, 30 hospitais manifestaram interesse; no Sul, 11; no Norte, 8; e no Centro-Oeste, 7.

O objetivo central do “Agora Tem Especialistas” é reduzir as longas filas de espera do SUS, especialmente em especialidades como cardiologia, oftalmologia, pediatria, ginecologia, otorrino e oncologia. O governo definiu que cada hospital participante ofereça serviços equivalentes a pelo menos R$ 100 mil mensais.

O modelo prevê que os valores referentes a atendimentos do SUS sejam convertidos em abatimento de dívidas ou créditos tributários a serem utilizados a partir de 2026.

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Além dos hospitais, o Ministério da Saúde abriu no fim de julho a possibilidade de adesão também para planos de saúde. Nessas situações, o mínimo exigido será de R$ 50 mil mensais, permitindo que operadoras de menor porte participem do esforço. Segundo Padilha, a entrada dos planos é fundamental em regiões com menos hospitais, mas alta demanda reprimida.

“É lá [na rede privada] que está a maioria dos médicos especialistas, os equipamentos para exames complexos como tomografia, ressonância, ecocardiograma”, afirmou.

O acesso, contudo, não será direto e os pacientes do SUS não poderão escolher onde querem ser atendidos. O encaminhamento continuará sendo feito pelo sistema regulatório que organiza a fila do SUS em cada região, direcionando para a rede pública ou privada de acordo com a necessidade e disponibilidade.

Apesar da baixa adesão inicial, o governo avalia que o programa tem potencial de expansão nos próximos meses e reforça que a política poderá se consolidar como uma marca da gestão Lula. Padilha afirma que a prioridade segue sendo reduzir filas e ampliar o acesso.

“A primeira motivação para o Ministério da Saúde se dedicar tanto ao Agora Tem Especialistas é para cumprir um compromisso feito pelo presidente Lula durante as eleições. Ele disse que ia usar todos os mecanismos possíveis da saúde pública e da saúde privada para que a gente pudesse ter mais atendimento especializado, mais consultas e mais cirurgias especializadas no país”, completou.

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