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Jair Bolsonaro quase chorou ao relatar busca de cartão de Michelle| Foto: Alan Santos/PR

O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou nesta quarta-feira (3) que, “em nenhum momento”, os Estados Unidos exigiram que ele comprovasse vacinação contra a Covid para entrar no país.

"O tratamento dispensado a chefe de Estado é diferente do dispensado a cidadão comum. Tudo é acertado antecipadamente e [em] minhas idas aos Estados Unidos, em nenhum momento foi exigido o cartão vacinal. Então, não existe fraude da minha parte no tocante a isso”, disse ele, numa entrevista ao programa Pânico, da Jovem Pan.

Bolsonaro foi alvo de um mandado de busca e apreensão em sua casa em Brasília, determinada pelo ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF). Por ordem dele, a Polícia Federal investiga se auxiliares do ex-presidente forjaram a inserção de informações falsas no sistema de vacinação do Ministério da Saúde para emitir um cartão que possibilitasse sua entrada nos EUA no fim do ano passado.

O site da embaixada dos EUA no Brasil informa que menores de 18 anos e pessoas em viagens diplomáticas ou governamentais não precisam comprovar a vacinação contra a Covid. A Gazeta do Povo entrou em contato com a assessoria de imprensa da embaixada americana no Brasil para saber se o ex-presidente apresentou comprovante de vacinação durante sua estadia nos EUA, mas ainda não obteve resposta.

Michelle Bolsonaro também é alvo de investigação

Na entrevista, Bolsonaro reafirmou que nunca tomou a vacina, por ter lido a “bula da Pfizer”. Ao relatar a operação da PF, quase chorou ao falar do momento em que policiais fotografaram o cartão de vacinação de Michelle Bolsonaro, que se vacinou em 2021 nos EUA.

“Fizeram uma varredura na casa, buscando documentos, mídias sociais. Pegaram meu telefone, perguntaram a senha e falei que nunca tive senha no meu telefone. Assim foi feita a busca a apreensão. Motivo principal: ‘fraude na carteira de vacina’. Até respondi, não precisava, num ambiente bastante cordial, não me perguntaram também, falei que não havia tomado a vacina, em especial depois que eu li o que chamo de bula da Pfizer. Quando li lá atrás, [disse] não posso tomar esse negócio aqui, isso é problema meu, resolvi não tomar. Acharam o cartão de vacina da minha esposa, a Michelle... é... tiraram a fotografia, a suspeita era de fraude. Ela foi vacinada em 2021 nos Estados Unidos”, disse, já com a voz embargada.

Bolsonaro contou que ex-primeira-dama passou mal após tomar a vacina e no ano passado passou mal novamente. Depois contou que sua filha Laura também não tomou pela possibilidade de efeitos colaterais como palpitação, dor no peito e falta de ar. A investigação da PF também investiga se foi forjado um cartão falso de vacinação para ela, atualmente com 12 anos.

Bolsonaro também se queixou de outras investigações recentes abertas contra ele, como o caso das joias de luxo, recebidas de presente da Arábia Saudita. Ao voltar à operação desta quarta, disse não ter dúvida que foi para “esculachar”.

“Então, essa questão de hoje, de receber a Polícia Federal na sua casa, não há dúvida... Eu chamo de operação para te esculachar. Poderia perguntar sobre vacina para mim, cartão, responderia sem problema nenhum. Agora, é uma pressão enorme, 24 horas por dia, o dia todo, desde antes de assumir a Presidência até agora, não sei quando isso vai acabar. Por que fico emocionado? Mexeu comigo, sem problema. Quando vai para esposa, para filhos, aí o negócio é... desumano, desumano”, afirmou.

Bolsonaro confirmou em seguida que seu celular foi apreendido e está com a PF, além de uma pistola. Mais cedo, o advogado Fabio Wajgarten, e que atua como assessor, informou que Bolsonaro só vai depor à PF após ter acesso aos autos da investigação. Um pedido já foi feito a Alexandre de Moraes, que ainda não retirou o sigilo da investigação.

A Operação Venire cumpriu 16 mandados de busca e apreensão contra Bolsonaro e auxiliares. A investigação está no âmbito do inquérito das "milícias digitais", aberta e conduzida por Moraes. "A apuração indica que o objetivo do grupo seria manter coeso o elemento identitário em relação a suas pautas ideológicas, no caso, sustentar o discurso voltado aos ataques à vacinação contra a Covid-19", informou a PF.

A investigação sobre o caso começou na Controladoria-Geral da União (CGU), braço de fiscalização do governo, quando avaliava se divulgaria o cartão de Bolsonaro. Em fevereiro, a pasta constatou que havia inserção de dados falsos no sistema do SUS e adiou a divulgação do documento.

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