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O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) afirmou temer ser assassinado caso venha a ser preso. Ele acusou seus adversários de quererem eliminá-lo e disse ser um “paralelepípedo no sapato” do sistema.
“Na verdade, eles querem me matar. Querem dar um fim em mim. Coloca na cadeia e é fácil eliminar alguém sem deixar provas. Eu sou um paralelepípedo no sapato deles. Eu não fui para o outro lado”, afirmou Bolsonaro, em tom alarmista, durante entrevista ao podcast Direto de Brasília, que foi ao ar nesta quinta-feira (10)
A declaração acontece em meio a um cerco jurídico crescente ao ex-presidente, investigado por suposta tentativa de golpe de Estado e outros crimes. Na entrevista, Bolsonaro também comentou a articulação para a anistia aos envolvidos nos atos do dia 8 de janeiro de 2023. Segundo ele, há chances de o projeto avançar na Câmara dos Deputados:
“Se a gente conseguir assinatura, ele vai botar em votação, eu tenho certeza disso”, disse, sem citar nomes, mas em referência ao presidente da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB, e ao deputado Domingos Sávio (PL-MG), autor de um dos projetos sobre o tema.
Em relação às críticas do pastor Silas Malafaia ao Motta por não pautar a anistia, Bolsonaro afirmou que ele tem um temperamento forte, mas é "verdadeiro e objetivo", embora possa não ter a mesma compreensão do funcionamento do parlamento. "Ele [Malafaia] é pavio curto e fica indignado com muita coisa", declarou.
Já sobre o julgamento no Supremo Tribunal Federal (STF), Bolsonaro voltou a afirmar que não existem provas contra ele e que trata-se de um "desejo antigo pela sua condenação". Ele declarou que estava fora do Brasil na época do dia 8 de janeiro e criticou a prisão dos envolvidos.
"Pipoqueiro e sorveteiro estão sendo condenados por golpe de estado armado, é um absurdo. Isso aí não tem cabimento. Olha esse processo meu, sobre golpe, não tinha que existir. Como é que me vincula no 8 de janeiro se eu nem estava aqui?", disse.
Estratégias políticas do PL no Nordeste
O ex-presidente também comentou sobre o cenário eleitoral de 2026 e as estratégias do seu partido para conquistar mais eleitores na região Nordeste. Uma das possíveis parcerias será com Arthur Lira (PP-AL), a quem chamou de aliado.
“O Lira é um grande amigo meu […] e nós vamos ouvir o Lira sobre o que vai acontecer em Alagoas”, disse Bolsonaro, elogiando o papel do deputado no Congresso. “Sabemos a força da família do Renan que deve vir para a reeleição. O Lira fala que dever vir candidato ao Senado também.”
Bolsonaro ainda mencionou outros possíveis nomes para disputa no Nordeste, como Gilson Machado Neto como o pré-candidato do partido ao Senado em Pernambuco e o Pastor Sérgio (Novo) como o candidato ao Senado na Paraíba. Para o governo da Paraíba, indicou o ex-ministro da Saúde, Marcelo Queiroga, reconhecendo a dificuldade da disputa e ainda citou o Cabo Gilberto Silva como uma liderança do partido na Paraíba
“Eu recebi a incumbência do partido para dar uma atenção especial para o Senado. Então, na Paraíba, é o pastor Sérgio, que é o nosso candidato. Para o governo está pré-acertado o Queiroga, que está indo para o sacrifício, que sabemos da dificuldade”, explicou Bolsonaro.
A meta da centro-direita, segundo Bolsonaro, é eleger pelo menos oito senadores nas nove unidades federativas do Nordeste (onde há 18 vagas em disputa), através de alianças com outros partidos
Na entrevista, o ex-presidente admitiu que o Nordeste é uma região historicamente mais voltada para a esquerda, embora observe que essa situação tem apresentado mudanças, especialmente em relação à avaliação do governo Lula devido a questões econômicas. A pesquisa mais recente mostrou que a desaprovação do presidente, que atingiu 56%, avançou no Nordeste.
Candidatura à presidência
Em relação à sua inelegibilidade até 2030, Bolsonaro a considera injusta, comparando sua reunião com embaixadores com reuniões de Lula com líderes comunitários ligados ao tráfico. Ele se vê como vítima de "lawfare" (ativismo judicial) para retirá-lo da cena política.
Apesar da inelegibilidade, ele se declara candidato à presidência e afirma não ter um plano B. "Até o momento, eu sou candidato. Não reconheço a minha inelegibilidade com processo justo? Afinal de contas, eu não me reuni com líderes comunitários eleitos pelo tráfico no morro do alemão como o Lula se reuniu, eu me reuni com embaixadores. E a acusação é abuso e poder político para ganhar voto, que voto eu ganhei reunindo com embaixadores? Nenhum!", concluiu.
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