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Jair Bolsonaro
Em entrevista, Bolsonaro disse que há “obsessão de alguns para envolvê-lo numa narrativa golpista”| Foto: Elaine Menke/PL

Horas antes de passar pela quinta cirurgia em decorrência de problemas deixados pelo atentado de 2018, procedimento que ocorreu nesta terça-feira (12), o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) falou sobre seu futuro político, os entraves com a Justiça e a delação premiada de Mauro Cid, seu ex-ajudante de ordens, à Folha de S. Paulo.

Na entrevista, Bolsonaro negou que tenha participado de qualquer tentativa de golpe no Brasil ao longo do seu mandato, e em especial nos atos violentos de 8 de janeiro deste ano, e disse que há "obsessão de alguns para envolvê-lo numa narrativa golpista".

"Desde que assumi, eu fui constantemente acusado de querer dar um golpe, tendo em vista a formação dos meus ministérios [com militares em postos-chave] e as minhas posições como parlamentar. Mas vocês não acham uma só situação minha agindo fora das quatro linhas da Constituição. Nenhuma. Não seria depois do segundo turno [das eleições de 2022] que eu iria fazer isso. Muito menos no de janeiro. Eu já não era mais nada, estava fora do Brasil”, disse.

Em relação aos atos de 8 de janeiro, Bolsonaro reforçou que não teve relação com a organização dos protestos e que os episódios de violência contaram com a omissão do atual governo, do presidente Lula (PT).

Quanto à delação premiada de Mauro Cid à Polícia Federal, em um processo no qual Bolsonaro é investigado, o ex-presidente afirmou que está tranquilo e que não haverá nenhuma fala que o comprometa. "O Cid é uma pessoa decente. É bom caráter. Ele não vai inventar nada, até porque o que ele falar, vai ter que comprovar. Há uma intenção de nos ligar ao 8/1 de qualquer forma. E o Cid não tem o que falar no tocante a isso porque não existe ligação nossa com o 8/1", afirmou.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de ser preso, Bolsonaro disse que “dentro da lei, não vislumbra isso”, e que que uma eventual prisão só poderia ocorrer como uma "medida de força". "Eu teria que ter um julgamento. Eu seria preso preventivamente? Por quê? Eu não estou obstruindo as investigações, não estou conversando com quem [outros investigados] tem medidas cautelares, não estou buscando combinar nada com ninguém, tá certo?", declarou.

O ex-presidente também reforçou que tem cobrado que os processos contra ele corram na primeira instância da Justiça, que é a instância correta para quem não possui foro privilegiado. “Isso não está sendo respeitado. Por que eu estou sendo julgado no Supremo Tribunal Federal? Porque ali não cabe recurso para mim", disse.

Futuro político

Sobre seu futuro político, Bolsonaro classificou como “muito difícil” um eventual retorno à presidência da República e disse que no momento isso não é uma prioridade.

"Se um dia vier a acontecer um retorno, o que é muito difícil, a gente saberá como se conduzir melhor, sem a inexperiência que tive no início. O nosso governo, queiram ou não os críticos, marcou a população brasileira", declarou.

Em junho deste ano, o Tribunal Superior Eleitoral (TSE) tornou o ex-presidente inelegível por 8 anos. A defesa de Bolsonaro tenta recorrer contra a decisão. Ele foi condenado por abuso de poder e desvio de finalidade por realizar uma reunião com embaixadores em julho do ano passado, na qual criticou a credibilidade das urnas eletrônicas. A ação foi proposta pelo PDT no ano passado.

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