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A secretária-geral do Itamaraty, Maria Laura da Rocha, criticou nesta segunda-feira (10) o que classificou como “seletividade política” e a “lógica da exclusão” utilizada na última década pela Organização dos Estados Americanos (OEA) na defesa da democracia. A diplomata citou a atuação da OEA diante das ditaduras da Venezuela e da Nicarágua, comandadas por Nicolás Maduro e Daniel Ortega, respectivamente.
“O ambiente político na última década impôs novos desafios, a lógica da exclusão, da estigmatização e do isolamento dos que pensam diferente voltou a dar as cartas em certas instâncias. No lugar do diálogo, da diplomacia e da negociação, a Organização optou, em certos casos, pela sanção e pelo opróbrio público daqueles que foram considerados em conflito com os padrões comuns”, afirmou Maria Laura.
Ela discursou após a eleição do ministro das Relações Exteriores do Suriname, Albert Ramdin, como novo secretário-geral da OEA, em Washington, nos Estados Unidos. Na última década, a organização foi comandada pelo diplomata e político uruguaio, Luis Almagro. Em julho de 2024, Almagro pediu a Maduro que reconhecesse a derrota e abrisse caminho “para o regresso da democracia”.
No início deste ano, 14 países integrantes da OEA, incluindo os Estados Unidos, rejeitaram o ato de posse de Maduro em uma manifestação conjunta, apontando que a cerimônia realizada na Venezuela carecia “de legitimidade democrática" diante da falta de "evidências verificáveis de integridade eleitoral". O Brasil não assinou o documento.
“Em vez de se resguardar a independência e os canais de comunicação, com todos os lados em situações de tensões internas, não raras vezes, tomou-se partido em disputas internas, gerando efeito contrário ao pretendido. A defesa da democracia, tema tão importante, não raro foi objeto de seletividade política”, disse a diplomata brasileira nesta segunda.
“Com isso, a OEA perdeu legitimidade e relevância, vendo minguar sua capacidade de aportar soluções, notadamente para crises como as da Venezuela e Nicarágua, países que se afastaram da organização em anos recentes”, acrescentou.
A eleição na Venezuela foi marcada por denúncias de fraude e perseguição a opositores do ditador. Na disputa pelo comando da OEA, Ramdin foi apoiado por Brasil, Bolívia, Chile, Colômbia e Uruguai. Após o anúncio conjunto dos 5 países, o Paraguai retirou a candidatura do seu chanceler, Rubén Ramírez, apoiado pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, deixando o surinamês sem concorrentes.
Diplomata dos EUA elogia Almagro e critica ditaduras
O representante dos Estados Unidos, Michael Kozak, elogiou o trabalho de Almagro à frente da OEA e criticou os governos da Venezuela, Cuba e Nicarágua. “Gostaria também de aplaudir a forte defesa da democracia e dos direitos fundamentais, como a liberdade de expressão, pelo secretário-geral Almagro durante seu mandato, especialmente na Nicarágua, Venezuela e Cuba”, disse.
Kozak destacou que a administração Trump espera que sob o comando de Ramdin, a OEA reforce sua posição contra regimes autoritários e combata a influência externa na região. Segundo o diplomata, é fundamental “terminar com as influências extracontinentais” e garantir um caminho para a “transição democrática na Venezuela”.
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