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Encontro de chanceleres

Brasil e Paraguai se reúnem após caso da Abin, falam de Itaipu mas acordo segue travado

Mauro Vieira e o chanceler do Paraguai, Rubén Ramírez
Mauro Vieira e o chanceler do Paraguai, Rubén Ramírez (Foto: Divulgação/Ministério das Relações Exteriores)

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O chanceler brasileiro, Mauro Vieira, se reuniu com sua parte do Paraguai, o chanceler Rubén Ramírez, nesta sexta-feira (11) na Argentina. Na reunião, os ministros concordaram em manter os diálogos bilaterais e retomar as negociações referentes ao Acordo de Itaipu. Apesar do encontro, que é visto como uma sinalização positiva, as negociações do Anexo C do tratado seguem paralisadas, conforme apurou a Gazeta do Povo.

Foi a primeira vez que os ministros se reuniram desde que foi exposto o caso de espionagem feito pela Agência Brasileira de Inteligência (ABIN) contra o governo paraguaio. Reportagem do UOL revelou que a agência teria feito ataques hackers ao Paraguai com a intenção de investigar e monitorar dados referentes às negociações do Anexo C do acordo, que trata das tarifas do tratado. Em resposta ao caso, o governo do Paraguai suspendeu as negociações do acordo.

A situação causou um mal-estar diplomático entre os dois países. Nesse sentido, o encontro desta sexta foi visto como positivo pelo governo governo brasileiro. De acordo com o governo do Paraguai, os chanceleres falaram da importância de "reorientar os laços bilaterais" e afirmaram buscar soluções que possam "permitir o progresso contínuo em questões importantes da agenda bilateral, incluindo as negociações para o Anexo C do Tratado de Itaipu".

Os dois países prolongam há anos uma resolução para o Anexo C do Tratado de Itaipu. A revisão das tarifas cobradas sobre a energia produzida pela hidrelétrica binacional foi iniciada em 2023 e é uma das promessas da gestão do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Não houve, até o momento, um consenso entre Brasil e Paraguai sobre o tema.

A expectativa de diplomatas do Itamaraty consultados pela Gazeta do Povo e que estão envolvidos na negociação, era de que os termos do Anexo C poderiam ser fechado no próximos meses. O governo brasileiro havia feito uma proposta ao Paraguai sobre o acordo e esperava resposta. Agora, após o escândalo envolvendo um caso de espionagem, a percepção tem mais conservadora nos bastidores da pasta.

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Espionagem da Abin também foi tratada na conversa com chanceler do Paraguai

Na reunião, Vieira e Ramírez também trataram do caso de espionagem que causou uma tensão diplomática entre os dois países. O encontro aconteceu às margens da Cúpula de Chanceleres do Mercosul, organizado pelo governo argentino, e que os dois ministros participaram.

Após o encontro, o Itamaraty informou que os chanceleres trataram das apurações em curso pelo Brasil para esclarecer o caso de espionagem. "Os resultados serão comunicados às autoridades paraguaias tão logo sejam tornados públicos", informou a pasta. O governo Paraguai solicitou um relatório detalhado sobre o caso.

Depois que o caso foi revelado, o Itamaraty admitiu a existência da espionagem mas responsabilizou a gestão do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) pela ação. "A citada operação foi autorizada pelo governo anterior, em junho de 2022, e tornada sem efeito pelo diretor interino da Abin em 27 de março de 2023, tão logo a atual gestão tomou conhecimento do fato”, disse o Ministério das Relações Exteriores.

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