Segundo Lula, o “BC tem autonomia, mas não é intocável”, e o presidente do órgão, Roberto Campos Neto, não teria “compromisso com o Brasil”.
Segundo Lula, o “BC tem autonomia, mas não é intocável”, e o presidente do órgão, Roberto Campos Neto, não teria “compromisso com o Brasil”.| Foto: Ricardo Stuckert/PR

Em entrevista depois de participar da cerimônia da coroação de Charles III, em Londres, neste sábado (6), o presidente Lula reclamou, mais uma vez, da atuação do Banco Central brasileiro. Segundo Lula, o “BC tem autonomia, mas não é intocável”, e o presidente do órgão, Roberto Campos Neto, não teria “compromisso com o Brasil”.

“O [Henrique] Meirelles tinha a responsabilidade de ter um governo discutindo com ele. Esse cidadão não tem. Não tem nenhum compromisso comigo. Tem compromisso com o Brasil? Não tem. Tem compromisso com o outro governo, que o indicou. Isso é importante ficar claro. E tem compromisso com aqueles que gostam de taxa de juros alta. Porque não há outra explicação”, disse o presidente petista. A fala foi uma resposta direta à decisão do Comitê de Política Monetária do BC, que na quarta-feira (3) manteve a taxa básica de juros em 13,75%.

Ele ainda reclamou da própria equipe de ministros e declarou que eles não devem “ficar tendo ideias”, mas apenas se empenhar em executar os projetos definidos pelo governo federal. Segundo o petista, até o final de maio, o governo deve anunciar “todos os projetos que vamos ter de investimentos em infraestrutura, educação, até o final do mandato”.

Lula ainda reclamou da doação anunciada pelos britânicos de 80 milhões de libras (500 milhões de reais) ao Fundo Amazônia. “Não é suficiente (...) Eu quero é que eles cumpram sua promessa de US$ 100 bilhões de dólares para os países protegerem suas florestas, os que têm ainda. É por isso que eu vou na COP cobrar isso, é por isso que eu defendo uma nova governança global”, insistiu o petista.

Sobre a guerra na Ucrânia, o brasileiro comparou as negociações de paz a um jogo “de palavras cruzadas”. “Vamos juntando as conversas e veremos quais palavras permitirão que as pessoas sentem ao redor de uma mesa. E para isso as pessoas têm que parar de atirar”, disse, insistindo na ideia de que também a Ucrânia, invadida pela Rússia há mais de um ano, deve acabar com a luta armada. O presidente lembrou ainda que no próximo dia 10 de maio o assessor especial Celso Amorim deve viajar à Ucrânia.