O vereador de Caxias do Sul (RS) Sandro Fantinel.
O vereador de Caxias do Sul (RS) Sandro Fantinel.| Foto: Manuelli Boschetti/Câmara de Vereadores de Caxias do Sul.

O Ministério Público do Trabalho no Rio Grande do Sul (MPT-RS) abriu nesta quarta-feira (1º) uma investigação contra o vereador de Caxias do Sul (RS) Sandro Fantinel por declarações contra trabalhadores resgatados em situação análoga à escravidão em vinícolas de Bento Gonçalves (RS) e também por "promover xenofobia contra trabalhadores baianos".

Em discurso na Câmara de Vereadores de Caxias do Sul, no dia 28 de fevereiro, Fantinel disse que empresários do setor de uva e vinho não deveriam contratar mais "aquela gente lá de cima", em referência aos trabalhadores da Bahia que foram resgatados nas vinícolas, informou a Agência Brasil. Mais cedo, o partido Patriota expulsou Fantinel.

Para o procurador do Trabalho e vice-coordenador nacional de erradicação do Trabalho Escravo no MPT, Italvar Medina, a declaração do vereador “minimiza, indevidamente, a extrema gravidade da escravidão contemporânea, busca culpabilizar as próprias vítimas pelos ilícitos sofridos, tem conteúdo preconceituoso e, para piorar, estimula a discriminação nas relações de trabalho, em ofensa à Constituição da República, à legislação e a compromissos internacionais assumidos pelo Brasil", informou o MPT-RS, em nota.

Na noite de 22 de fevereiro, uma ação conjunta entre a Polícia Rodoviária Federal (PRF), Polícia Federal (PF) e Ministério do Trabalho e Emprego (MTE) resgatou 207 trabalhadores que enfrentavam condições de trabalho degradantes na colheita de uva em Bento Gonçalves, na Serra Gaúcha. Em nota, as vinícolas, que utilizavam a mão de obra, disseram que desconheciam as irregularidades praticadas contra os trabalhadores recrutados pela terceirizada Oliveira & Santana, prestadora de serviços.