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Cúpula do Brics

Entrada de mais países ao Brics pode isolar Brasil na geopolítica mundial, diz ex-embaixador

Rubens Barbosa
Ex-embaixador do Brasil em Washington afirma que ampliação dos Brics pode diminuir a influência do país na geopolítica mundial. (Foto: reprodução/TV Brasil)

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Um dos principais assuntos em discussão na Cúpula do Brics, que começou nesta terça-feira (22) e segue até quinta (24) com eventos e reuniões multilaterais, pode afetar diretamente o projeto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de tornar o Brasil um dos protagonistas da geopolítica mundial.

No encontro, os países que formam o bloco – além do Brasil, Rússia, Índica, China e África do Sul, anfitrião do encontro – avaliarão a entrada de 22 países ao grupo, vários deles caracterizados como ditaduras, como Arábia Saudita, Irã, Cuba e Venezuela. Parte desses regimes ditatoriais são apoiados pelo Partido dos Trabalhadores (PT).

A China defende a ampliação do Brics para fazer frente a outros organismos multilaterais mundiais. No entanto, Brasil e Índia vem demandando critérios mais definidos para a ampliação do bloco. Lula é um defensor da entrada de mais nações aliadas do seu governo – como a Venezuela, do ditador Nicolás Maduro, aliado de Lula. O petista, no entanto, recentemente passou a defender a definição de mais critérios para aceitar novos membros. O receio é de que o Brasil perca influência com uma expansão massiva do bloco.

O ex-embaixador brasileiro em Washington (EUA), Rubens Barbosa, afirma que o Brasil pode ver seu papel influente no grupo diminuído caso ocorra uma expansão significativa do número de membros. Ele enfatizou que uma crescente adesão poderia enfraquecer a posição do Brasil, reduzindo seu peso e potencialmente isolando-o no contexto internacional.

“Se você coloca cinco, dez, quinze países a mais, esvazia totalmente a posição do Brasil e vai aceitar a inclusão de países que são muito próximos da Rússia ou da China. Dilui a participação do Brasil, reduz o peso específico dentro do grupo e pode nos deixar mais isolados”, disse em entrevista ao jornal Correio Braziliense.

Para o diplomata, o Brics não deveria ampliar o número de países-membros neste momento, mas “encontrar um novo papel”. “O papel do Brasil é essa liderança na questão do meio ambiente, da segurança alimentar como um grande produtor agrícola ligado à alimentação. Está faltando um pouco de foco para a gente definir claramente, nesse momento que estamos vivendo, quais os objetivos da política externa”, ressaltou.

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Brasil no Conselho de Segurança da ONU

Um dos pleitos do presidente Lula em seus dois primeiros governos, um assento permanente no Conselho de Segurança da ONU, pode voltar à tona com a tentativa de Lula de influenciar outros países na discussão. Para Barbosa, se este assunto vier a ser discutido, agora há uma chance muito forte, desde que o Brasil se mostre “equidistante de conflitos” com a China e os Estados Unidos e que tenha uma “posição consistente com seus interesses”.

Isso passa por um posicionamento inclusive sobre a guerra da Rússia contra a Ucrânia, em que Lula tem mantido uma posição dúbia sobre o conflito e sem condenar publicamente Vladimir Putin.

Para o ex-embaixador, o Brasil ainda “não tem cacife político para querer ter um papel relevante para encontrar uma fórmula de suspender as hostilidades e levar a um tratado de paz entre a Ucrânia e a Rússia".

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