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No total, o terceiro mandato de Lula contará com 37 ministros
No total, o terceiro mandato de Lula contará com 37 ministros| Foto: José Cruz/Agência Brasil

O presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva completou nesta semana a sua lista de ministérios numa tentativa de contemplar o PT, aliados de esquerda e partidos de centro como MDB, PSD e União Brasil em seu novo governo. Ao todo, a gestão petista terá 37 ministérios. Nove legendas foram contempladas e 11 indicados não contam com filiação partidária.

Apesar das sinalizações de Lula durante a campanha de que, se eleito, esse não seria um governo do PT, o partido do presidente eleito vai contar com 10 ministérios, entre eles o da Fazenda, que será comandado por Fernando Haddad, e o da Educação, com Camilo Santana. Além disso, os petistas conseguiram emplacar nomes em todos os ministérios com gabinete no Palácio do Planalto, como a Casa Civil, Secretaria das Relações Institucionais e a Secretaria-Geral da Presidência.

Durante a formação do governo, o chamado "apetite" do PT - expressão usada por líderes partidários - chegou a gerar críticas de aliados, que já indicavam receio de rompimento da "frente ampla" que apoiou Lula durante as eleições antes mesmo do início do governo. As disputas do partido levaram inclusive o veto ao nome de Simone Tebet (MDB), que pleiteava o Ministério do Desenvolvimento Social, pasta responsável pelos programas sociais como o Bolsa Família.

Para amenizar as críticas, a presidente nacional do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PR), chegou a afirmar que quem integrar a base do governo deveria ser contemplado com espaços. Mas também disse que o PT “tem tamanho”.

"Claro que o PT tem a compreensão de que os aliados têm que participar do processo, mas obviamente nós sabemos também o tamanho que nós somos, o tamanho que é o PT e a importância que teve nesse processo. É o maior partido da coligação e é o partido do presidente", disse Hoffmann. Veja abaixo a lista de contemplados do PT no governo Lula:

  • Fazenda: Fernando Haddad;
  • Casa Civil: Rui Costa;
  • Secretaria das Relações Institucionais: Alexandre Padilha;
  • Secretaria-Geral da Presidência: Márcio Macêdo;
  • Educação: Camilo Santana;
  • Mulheres: Cida Gonçalves;
  • Desenvolvimento Social: Wellington Dias;
  • Trabalho: Luiz Marinho;
  • Desenvolvimento Agrário: Paulo Teixeira;
  • Secretaria de Comunicação Social: Paulo Pimenta.

Partidos de esquerda ficam com sete pastas do governo Lula

Além do PT, Lula contemplou os partidos de esquerda que lhe apoiaram desde o primeiro turno com sete ministérios. Com isso, as legendas de esquerda terão quase 46% das pastas do governo petista a partir de 1º de janeiro.

O PSB, partido do vice-presidente Geraldo Alckmin, será responsável por três ministérios:

  • Portos e Aeroportos: Márcio França;
  • Justiça e Segurança Pública: Flavio Dino; e
  • Desenvolvimento, Indústria e Serviços: Geraldo Alckmin. 

Já o PDT, do ex-presidenciável Ciro Gomes, terá o comando do Ministério da Previdência Social com a indicação de Carlos Lupi. Os pedetistas vinham resistindo em aceitar o convite, pois alegavam que não pretendiam comandar uma pasta que não fosse responsável por políticas públicas "na ponta", com contato direto com a população. Apesar disso, Lupi, que é presidente do PDT, avalia que as políticas do ministério terão atuação relevante, pois terão reflexo em 35 milhões de aposentados, pensionistas e beneficiários do Benefício de Prestação Continuada (BPC).

Além dos pedetistas, Lula contemplou ainda no seu governo o PSol, com a indicação de Sônia Guajajara para o Ministério dos Povos Originários; o PCdoB, com Luciana Santos para a Ciência e Tecnologia; e a Rede, com Marina Silva no Meio Ambiente.

Apesar disso, a composição de Lula deixou de fora do primeiro escalão do governo outros partidos aliados como o PV, Pros, o Solidariedade e o Avante.

Dentro do PT, aliados de Lula avaliam que o tamanho dessas legendas no Congresso impediu que elas fossem contempladas com ministérios. No caso do PV, que está federado com o PT e o PCdoB, a legenda pleiteava o Ministério do Meio Ambiente ou da Cultura, mas foi preterido diante da bancada de apenas seis deputados.

Já o Pros e o Solidariedade, que não atingiram a cláusula de barreira e passam por um processo de fusão, chegaram a trabalhar para a indicação de um nome para a pasta da Previdência. No entanto, ambos foram avisados por integrantes do PT que não seria possível, neste momento, a confirmação no primeiro escalão. O mesmo ocorreu com o Avante, que chegou a ter como pré-candidato ao Palácio do Planalto o deputado André Janones (MG).

Agora, essas legendas trabalham na expectativa de serem contempladas em cargos do segundo escalão do governo. Essas indicações, no entanto, só devem ocorrer após a posse de Lula. “Hoje fechamos os 16 ministros mais os líderes de governo na Câmara, Senado e Congresso, e nós vamos começar agora a discussão das composições de segundo escalão, porque nenhum ministério tem a porteira fechada”, afirmou Gleisi Hoffmann na última quinta-feira (29).

Lula abre espaço para partidos de centro na busca de base no Congresso

Em outra frente, Lula buscou contemplar partidos de centro com MDB, PSD e União Brasil com ministérios na estratégia de ampliar a base do governo no Congresso Nacional. Para aliados de Lula, apesar dessas legendas estarem mais distantes ideologicamente do PT e de seu entorno elas serão fundamentais tendo em vista a aprovação dos projetos e da blindagem contra eventuais investidas da oposição, atualmente liderada pelo PL, Republicanos e pelo Progressistas.

No caso do MDB, além de Simone Tebet (Planejamento), Lula buscou contemplar antigos aliados com a indicação de dois ministros que são filhos de importantes lideranças da legenda: Renan Calheiros Filho (Transportes) e Jader Barbalho Filho (Cidades). As duas pastas são vistas como estratégicas em termos de recursos e interlocução política.

Já o PSD, partido liderado por Gilberto Kassab, também será contemplado com três cargos na Esplanada dos Ministérios:

  • Minas e Energia: Alexandre Silveira;
  • Agricultura: Carlos Fávaro;
  • Pesca: Andrade Paula.

Inicialmente a legenda de Kassab teria apenas dois ministérios, mas diante da pressão de lideranças, Lula acabou cedendo a pasta da Pesca no intuito de atender a bancada da Câmara.

Por outro lado, o União Brasil vive uma racha sobre a participação do governo Lula. Oficialmente, a legenda foi contemplada com três ministérios:

  • Integração e Desenvolvimento Regional: Waldez Góes;
  • Turismo: Daniela do Waguinho;
  • Comunicações: Juscelino Filho.

Atualmente Góes, que é governador do Amapá, está filiado ao PDT, mas pretende migrar para o União Brasil a partir de janeiro.

A costura de indicações, no entanto, não foi feita pela cúpula do partido, mas pelo senador Davi Alcolumbre (AP). Integrantes do União Brasil sinalizam que a legenda não será base de Lula no Congresso. Parte do partido se rebelou, por exemplo, pelo veto do PT para que o líder do União Brasil na Câmara, Elmar Nascimento (BA), assumisse uma pasta. Além disso, líderes afirmam ainda que há muitos setores contrários à adesão formal, entre eles o senador eleito Sergio Moro (PR).

Nomes sem filiação partidária irão comandar 11 ministérios do governo Lula 

Além das indicações partidárias, Lula escolheu 11 nomes considerados técnicos para a sua composição ministerial. As indicações fora do espectro político vão representar cerca de 30% da Esplanada dos Ministérios.

Na disputa por espaços, petistas avaliam que o Lula conseguiu ser habilidoso ao driblar a pressão do presidente da Câmara, Arthur Lira (PP-AL), para emplacar um nome político no Ministério da Saúde.

A pasta conta com um dos maiores orçamentos da Esplanada dos Ministérios e chegou a entrar no balcão de negociações para que a PEC fura-teto fosse aprovada pelos deputados. Apesar disso, o presidente eleito optou por indicar Nísia Trindade, atual presidente da Fiocruz, para o ministério.

Veja abaixo os ministros sem filiação partidária do governo Lula:

  • Saúde: Nísia Trindade;
  • Defesa: José Múcio Monteiro;
  • AGU: Jorge Messias;
  • Gestão: Esther Dweck;
  • Cultura: Margareth Menezes;
  • Igualdade Racial: Anielle Franco;
  • Controladoria-Geral da União: Vinícius Marques de Carvalho;
  • Relações Exteriores: Mauro Vieira;
  • Direitos Humanos: Silvio Almeida;
  • Esportes: Ana Moser;
  • Gabinete de Segurança Institucional: Marco Edson Gonçalves Dias.
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