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CPMI
Argino Bedin foi apontado pela Abin como suposto financiador dos atos de 8 de janeiro, mas conseguiu um habeas corpus no STF.| Foto: reprodução/TV Senado
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O empresário Argino Bedin, que é investigado como um dos supostos financiadores dos atos de 8 de janeiro, em Brasília, se manteve em silêncio durante o depoimento a que foi convocado na CPMI do Congresso, na manhã desta terça (3). Ele conseguiu um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal (STF) para não responder a perguntas que pudessem gerar provas contra si.

O depoimento de Bedin começou com quase duas horas de atraso após deputados e senadores discutirem com o presidente da comissão, deputado Arthur de Oliveira Maia (União Brasil-BA), para votar novos requerimentos de convocação e quebras de sigilos fiscais – entre eles do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Maia agendou para quarta (4) uma reunião de lideranças para discutir os últimos trabalhos da comissão e a sessão de quinta (5) como a última para a tomada de depoimentos, com a oitiva do subtenente Beroaldo José de Freitas Júnior, que atuava no Batalhão de Policiamento de Choque da Polícia Militar do Distrito Federal (PM-DF).

A reunião, no entanto, foi desmarcada no final da manhã por falta de acordo entre os parlamentares e um novo encontro será realizado no começo da tarde para acertar um novo encaminhamento para o relatório final da comissão.

Argino Bedin foi citado em relatórios da Agência Brasileira de Inteligência (Abin) por supostamente financiar caminhões e o transporte de manifestantes para Brasília no dia 8 de janeiro. “Vou exercer o meu direito de permanecer calado”, disse.

O empresário dispensou até mesmo os 15 minutos iniciais a que teria direito para fazer uma introdução da sua própria defesa.

No final do ano passado, Bedin teve a conta bancária bloqueada pelo ministro Alexandre de Moraes, do STF, junto de outras nove pessoas e 33 empresas que investigava, até então, o financiamento dos atos que fecharam as rodovias após o segundo turno da eleição presidencial.

Após a negativa, a senadora Eliziane Gama (PSD-MA) elencou as perguntas que faria e dados que embasaram os questionamentos, como o que apontou que Bedin e familiares são proprietários de 72 caminhões provenientes da cidade de Sorriso (MT) que foram usados em bloqueios de rodovias após o segundo turno das eleições do ano passado e em Brasília.

“Dos 72 veículos, 16 eram de sua família, sendo cinco seus e mais 11 referentes a outros integrantes de sua família, entre filhos e parentes”, afirmou a senadora.

Ela afirmou, ainda, que Bedin faz parte de uma entidade de classe que realizou “manifestações antidemocráticas”, como a Aprosoja, segundo relatório da Abin, explicou a senadora.

Eliziane Gama também apresentou dados fiscais de Bedin que apontam a doação de R$ 20 mil a um candidato do PL no Mato Grosso, no ano passado, e outra de R$ 86 mil que não foi declarada à Justiça Eleitoral.

Pouco depois, a deputada Jandira Feghali (PCdoB-RJ) elencou uma série de parentes de Bedin a partir de relatórios da Abin, que tiveram a relação familiar confirmada por ele. No entanto, o empresário evitou comentar as afirmações de que teriam participado das manifestações. O deputado Rogério Correira (PT-MG) reforçou a afirmação contra o empresário.

Por outro lado, o deputado Delegado Ramagem (PL-RJ), saiu em defesa do empresário, afirmando que os ataques às sedes dos Três Poderes foram feitos por "500 a mil vândalos que entraram para quebrar porque houve omissão, deixaram a quebradeira acontecer". Filipe Barros (PL-PR) também saiu em defesa do empresário, dizendo que ele não pode ser tratado "como terrorista".

Ramagem fez um paralelo da situação com o Movimento de Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), que, diz, tem o financiamento de empresários e políticos -- "apoio inclusive do presidente Lula que leva líderes para dar passeios internacionais" -- e que nunca se buscou descobrir quem são os financiadores das invasões. A fala foi uma referência à busca que as autoridades vêm fazendo sobre supostos empresários que financiaram os atos de 8 de janeiro.

"Nós provamos dia após dia que o senhor Flávio Dino tramou pra toda essa quebradeira acontecer", afirmou Ramagem pedindo que o ministro da Justiça e o ex-ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Gonçalves Dias, sejam indiciados.

A afirmação de Ramagem foi rebatida por Gervásio Maia (PSB-PB), que disse que Dino "não tem restrição nem no Serasa, não responde a um único processo".

"Que democracia venceu, a democracia relativa do Lula? A propinocracia que o PT está acostumado? Isso não é democracia", disse Barros logo depois sendo rebatido pelo deputado Duarte Jr (PSB-MA) de que "graças à Constituição de 88 é que a democracia venceu, foi cumprida e estamos aqui".

Também discutiram depois os deputados petistas Rogério Carvalho (PT-SE) e Fabiano Contarato (PT-ES).

O senador Cleitinho (Republicanos-MG) criticou a convocação do empresário, afirmando que a conta bancária dele está bloqueada desde o final do ano passado, sendo que a CPMI se refere apenas aos atos de 8 de janeiro, que Bedin não teria envolvimento. "Hipócritas e fariseus falando aqui de doação de campanha como se nunca tivessem recebido doações", afirmou.

No fim da sessão da manhã, o deputado federal Maurício Marcon (Podemos-RS) também saiu em defesa de Bedin afirmou que o resultado da CPMI já está praticamente definido. De acordo com ele, o relatório da relatora, no final das contas, terá sido escrito pelo ministro Flávio Dino e que a comissão "terminará em pizza".

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