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CPMI do 8 de janeiro
Primeira sessão da CPMI do 8 de janeiro. Após dois meses de trabalhos, comissão começa a avançar sobre indícios de omissões do governo federal.| Foto: Vinicius Loures / Câmara dos Deputados

Os representantes da oposição na Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI) do 8 de janeiro destacaram o início das investigações sobre as omissões do governo federal nos atos de vandalismo do 8 de janeiro, nesta terça-feira (1º), durante a retomada dos trabalhos do colegiado. O presidente da CPMI, deputado Arthur Maia (PP-AL), contestou a recusa do ministro da Justiça, Flávio Dino, em entregar imagens das câmeras da sede de sua pasta durante as invasões na Praça dos Três Poderes. Maia deu prazo de 48 horas para que isso seja feito.

Além disso, durante a audiência com Saulo Moura da Cunha, ex-diretor-adjunto da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), também foi revelada a tentativa de se ocultar informações que poderiam indicar incompetência ou até intencionalidade em permitir os episódios do 8 de janeiro, apesar dos muitos alertas dados pela Abin, que à época era vinculada ao Gabinete de Segurança Institucional (GSI) da Presidência da República. Posteriormente, a Abin passou a integrar a estrutura da Casa Civil, comandada por Rui Costa.

Cunha relatou que o general Marco Gonçalves Dias, ex-chefe do GSI e seu superior imediato naquele momento, ordenou que o nome dele fosse suprimido do relatório enviado ao Congresso antes mesmo da CPMI. Posteriormente, Cunha retificou o relatório com o GSI sob novo comando e incluiu Gonçalves Dias na lista dos destinatários dos alertas.

Os documentos da Abin sobre o 8 de janeiro foram enviados para a Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), sendo o primeiro relatório, com omissões, entregue em 20 de janeiro, e o segundo, retificado, em 8 de maio.

Gonçalves Dias mandou ocultar seu nome da lista dos alertados pela Abin

Durante a Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Câmara Legislativa do Distrito Federal, Gonçalves Dias afirmou que o seu nome foi incluído indevidamente no relatório e, por isso, solicitou a retirada.

Cunha não assumiu a prática de adulteração, mas admitiu ter omitido esse dado da planilha de alertas no primeiro relatório por ordem de Gonçalves Dias. Segundo ele, a planilha continha também os avisos enviados por ele pessoalmente ao ministro-chefe do GSI. O ministro determinou que o nome dele fosse retirado da planilha ao alegar que não era o destinatário oficial dessas mensagens, mantendo apenas os alertas encaminhados para os grupos de WhatsApp, ainda de acordo com o ex-diretor-adjunto da Abin.

A relatora da CPMI, senadora Eliziane Gama (PSD-MA), considerou a determinação absurda. Já membros da oposição, como o deputado André Fernandes (PL-CE), especularam que os governistas poderão tentar atribuir toda a culpa de eventuais falhas nas ações contra as invasões ao Planalto ao ex-ministro Gonçalves Dias, um militar próximo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), poupando também o ministro Flávio Dino, que tinha dois assessores próximos cientes dos alertas sobre os riscos de vandalismo desde a sexta-feira anterior ao domingo, 8 de janeiro.

Diante disso, a Mesa da CPMI avalia até a possibilidade de fazer uma acareação entre o ex-diretor da Abin e o ex-ministro do GSI.

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