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Luciane Farias, mulher do líder do Comando Vermelho no Amazonas.
Luciane Farias, mulher do líder do Comando Vermelho no Amazonas.| Foto: Reprodução/Instagram.

Luciane Barbosa Farias, conhecida como a "dama do tráfico amazonense", afirmou nesta terça-feira (14) que o Ministério dos Direitos Humanos pagou por uma de suas viagens para Brasília. Ela foi recebida duas vezes neste ano por assessores do ministro Flávio Dino, no prédio do Ministério da Justiça e Segurança Pública, revelou o Estadão. Luciene é casada com Clemilson dos Santos Farias, conhecido como Tio Patinhas, líder do Comando Vermelho na região. Ele chegou a ser o número um na lista de procurados pelo governo do Amazonas até ser preso em dezembro do ano passado.

A viagem, segundo ela, ocorreu após receber um convite para fazer parte do Comitê de Prevenção e Combate à Tortura do estado do Amazonas, função que ocupa, mas ainda não tomou posse oficialmente. “Fui à Brasília recentemente, como postei nas redes sociais, essa minha ida foi paga pelo Ministério dos Direitos Humanos, porque estou como membro do Comitê de Prevenção e Combate à Tortura do estado do Amazonas. Ainda não tomei posse [no comitê] e nem sei se vou conseguir tomar, devido a toda essa repercussão nacional no nome da minha pessoa”, disse em vídeo divulgado pelo portal UOL.

O Ministério dos Direitos Humanos, comandado por Silvio Almeida, disse que o nem o ministro ou secretários se reuniram com Luciane. Nesta quarta (15), a pasta apontou que o Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT) custeou as despesas de Luciene e ressaltou, em nota, que a indicação dos participantes do evento era de responsabilidade exclusiva dos comitês estaduais, que possuem autonomia administrativa e orçamentária.

"A firmação de que o Ministério dos Direitos Humanos e da Cidadania (MDHC) pagou passagens e diárias para Luciane Barbosa Faria participar do Encontro de Comitês e Mecanismos de Prevenção e Combate à Tortura, realizado nos dias 6 e 7 de novembro, em Brasília, contém sérios equívocos que precisam ser esclarecidos. O pagamento de passagens e diárias foi feito a todos os participantes de um evento nacional, com orçamento próprio reservado ao Comitê Nacional de Prevenção e Combate à Tortura (CNPCT) e cujos integrantes foram indicação exclusiva dos comitês estaduais", diz a nota.

"Há também por trás disso a tentativa generalizada, por parte de extremistas de direita, de a todo momento fabricar escândalos e minar a reconstrução da política de direitos humanos, uma vez que só conseguem oferecer ao país caos e destruição. Num momento em que o Brasil retoma seu rumo, de forma desesperada, determinadas figuras tentam vincular o governo ao crime organizado", afirmou o ministro Silvio Almeida sobre o caso nas redes sociais.

Luciene, que atua como presidente do Instituto Liberdade do Amazonas, afirmou ainda que chegou a ver o ministro Flávio Dino em audiências, mas nunca conversou com ele. “Pessoas estão usando minha cabeça como Cristo para atacar o atual governo e o ministro. Flávio Dino, de fato, nunca me recebeu. Cheguei a vê-lo, sim, em algumas audiências lá no Ministério dos Direitos Humanos, mas nunca cheguei a conversar com ele pessoalmente”, afirmou.

Após a repercussão do caso, Dino afirmou que não participou e não foi avisado sobre o encontro realizado por seus assessores das secretarias de Assuntos Legislativos e de Políticas Penais com a mulher de um líder do CV. Senadores e deputados da oposição ao governo pedem que o ministro da Justiça preste esclarecimento sobre o caso e devem apresentar mais um pedido de impeachment contra ele.

Nesta noite, Dino afirmou que as audiências citadas por Luciene jamais ocorreram. “Tais audiências - que teriam ocorrido no Ministério dos Direitos Humanos segundo a declarante - JAMAIS OCORRERAM. Qual vai ser o próximo absurdo? Vejam: a declarante diz que me viu, mas que nunca conversou. Qual terá sido o crime que cometi? Peço ajuda aos colegas juristas”, escreveu na rede social X.

Luciene e o marido foram condenados em segunda instância por lavagem de dinheiro, associação para o tráfico e organização criminosa. "Ela [a desembargadora] não pediu que eu fosse recolhida, não pediu o meu mandado de prisão. Isso quer dizer que eu não estava impedida de entrar em lugar nenhum. Sou brasileira, cidadã e tenho o direito de ir e vir", disse.

“Nunca fui conhecida como 'Dama do Tráfico', e sim como 'Lu Farias'. Estava lá [no Ministério da Justiça] como presidente da instituição, levando um dossiê referente às mazelas do sistema prisional. O meu trabalho na instituição é levantar denúncias dos familiares sobre o sistema carcerário”, afirmou.

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