O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aproveitou a celebração do aniversário do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC, na tarde deste domingo (23), em São Bernardo do Campo (SP), para reforçar as suas recentes críticas aos simpatizantes do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), que ele classifica de extremistas. “Derrotamos o Bolsonaro, mas ainda não os bolsonaristas”, disse o presidente em discurso durante o evento que também serviu para dar posse à nova diretoria da entidade sindical que é o seu berço político.
Lula relembrou o episódio envolvendo suposta agressão ao filho do ministro Alexandre de Moraes, do Supremo Tribunal Federal (STF), no Aeroporto de Roma, e o associou a um clima de extremismo deixado pelo seu antecessor. “Um canalha não só ofendeu ele (Moraes) como bateu no filho dele. Foi expulso do seu partido (PSD) ontem (22) pelo Kassab”, discursou, referindo-se à decisão do presidente da legenda, Gilberto Kassab, que é secretário do governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos).
Para o presidente, a passagem de Bolsonaro pela Presidência tem reflexos sociais até hoje na forma de “malucos na rua ofendendo pessoas”, o que impediria o país de apresentar um cotidiano mais “civilizado”. Na última quarta-feira (19), Lula já havia condenado publicamente o brasileiro acusado de atacar o ministro do STF. “Um cidadão desses é um animal selvagem. Não é um ser humano”, disse. Na ocasião, ele também chamou de neofascistas os que promovem esses supostos ataques e defendeu que “essa gente” tem que ser “extirpada”.
Presidente afirma que não governará para banqueiros
Para a plateia dominada por operários, sindicalistas e políticos de esquerda, Lula afirmou que está combatendo a fome no país e avaliou que o preço da carne está baixando, o que sinalizaria um favor ao "carinho que o povo tem com a picanha”. “A picanhazinha no fim de semana com a família e uma cervejinha gelada é tudo”, disse. Ele evitou abordar a prometida revisão da reforma trabalhista, mas destacou o projeto para obrigar igualdade salarial entre homens e mulheres em funções equivalentes.
Lula encerrou afirmando que irá dedicar o mandato a melhorar a vida dos brasileiros e que seu compromisso "não é com banqueiros", e sim com a classe de trabalhadores.
Na sequência, vieram as críticas ao Banco Central (BC) e aos juros elevados deixados a cargo do discurso da presidente do PT, deputada Gleisi Hoffmann (PT-PR), que acusou o presidente do BC, Roberto Campos Neto, de "sabotar o país", sendo nomeado por Bolsonaro com esse propósito.
Antes de participar do evento no ABC, Lula esteve no Hospital Sírio-Libanês, em São Paulo, para tratar do desconforto causado por uma artrose no quadril. Após a celebração no Sindicato, o presidente retornou a Brasília.
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