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Núcleo 3

Dino associa suposto plano golpista a regime militar de 1964

Ministro Flávio Dino, durante julgamento do núcleo 3, na Primeira Turma do STF.
Ministro Flávio Dino, durante julgamento do núcleo 3, na Primeira Turma do STF. (Foto: Rosinei Coutinho/STF)

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Durante o voto do ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes no julgamento do núcleo 3, nesta terça-feira (18), o presidente da Primeira Turma, ministro Flávio Dino, tomou a palavra, segundo ele, "para que vossa excelência possa descansar um minuto". Em sua intervenção, Dino relacionou o suposto plano de golpe aos eventos históricos que instauraram o regime militar em 1964.

"É uma simetria surpreendente", disse Dino, ao citar pontos do voto de Moraes que falam da "tendência natural" caso o suposto golpe tivesse sucesso: "Restrição da atuação judicial, três ministros do Supremo, sabemos, foram cassados; Censura de veículos críticos, censura à imprensa; Repressões a manifestações, prisões de opositores. Isso aconteceu desde 1º de Abril de 64, inclusive governadores de estados. Há uma passagem famosa, que é o habeas corpus concedido pelo Supremo ao governador de Goiás, Mauro Borges, na face de um habeas corpus impetrado por telegrama."

A ministra Cármen Lúcia complementou: "primeira liminar dada em um habeas corpus monocraticamente pelo Gonçalves de Oliveira, que foi o ministro relator." Dino, então, complementa sobre o que considera parecido: "é quase uma leitura".

A ministra Cármen Lúcia também associou as acusações à instauração do Estado Novo, em 1937, por Getúlio Vargas. "Isso certamente merecerá uma análise em outras áreas de conhecimento", concluiu Dino, repassando a palavra a Moraes: "Pronto, o senhor já descansou, não precisa me agradecer, eu que agradeço a vossa excelência." Moraes, então, brincou: "justifica o voto que dei a vossa excelência como presidente, mas o presidente anterior também era bom, e a próxima presidente será melhor", em referência a Cármen Lúcia.

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Relembre as acusações contra o núcleo 3

O julgamento do núcleo 3 apura a participação, dentre outros, de militares das Forças Especiais do Exército (chamados de "kids pretos"). Eles são acusados de espalhar "desinformação sobre o sistema eleitoral", de tentar convencer seus superiores a um suposto plano de golpe de Estado e de tentar assassinar autoridades.

As acusações tratam dos crimes de organização criminosa armada, golpe de Estado, abolição violenta do Estado Democrático de Direito, dano qualificado e deterioração de patrimônio tombado. Os réus são:

  • General da reserva Estevam Cals Theophilo Gaspar de Oliveira;
  • Coronel Bernardo Romão Corrêa Netto;
  • Coronel Fabrício Moreira de Bastos;
  • Coronel Márcio Nunes de Resende Júnior;
  • Tenente-coronel Hélio Ferreira Lima;
  • Tenente-coronel Rafael Martins de Oliveira;
  • Tenente-coronel Rodrigo Bezerra de Azevedo;
  • Tenente-coronel Sérgio Ricardo Cavaliere de Medeiros;
  • Tenente-coronel Ronald Ferreira de Araújo Júnior;
  • Agente de polícia federal Wladimir Matos Soares;

A Procuradoria-Geral da República pediu a desclassificação dos crimes atribuídos a Ronald para incitação ao crime. Moraes, em seu voto, concordou, acrescentando o delito de associação criminosa e incluindo Márcio Nunes na desclassificação.

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