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O deputado André Janones (Avante-MG), que também é advogado, disse que não vê crime no que falou, apesar de garantir que não lembra da conversa.
O deputado André Janones (Avante-MG), que também é advogado, disse que não vê crime no que falou, apesar de garantir que não lembra da conversa.| Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputados

Em novo áudio divulgado nesta terça-feira (28), o deputado federal André Janones (Avante-MG) pede a assessores para transferir parte do salário para sua conta como forma de criar um caixa para bancar campanhas eleitorais. A estimativa de Janones era de arrecadar R$ 200 mil.

O áudio faz parte de uma série de denúncias obtidas pelo jornal Metrópoles com ex-assessores do deputado. No primeiro áudio divulgado na segunda-feira (27), Janones cobra dos assessores a devolução de parte dos salários para cobrir dívidas de campanha. 

De acordo com Janones, não se trata da prática conhecida como “rachadinha”, mas de uma contribuição dos assessores para que ele conseguisse recuperar parte do seu patrimônio usado para custear a sua campanha à prefeitura de Ituiutaba (MG), em 2016.

“Como nós não vamos ser corruptos, não vamos aceitar cargos, como a gente não vai ceder a essas coisas e a gente precisa de dinheiro pra fazer campanha, qual é a minha sugestão? E aí nós vamos dividir o valor entre nós, inclusive eu. Isso é, todos. E isso é legal. Às vezes, você confunde isso com devolver salário. Devolver salário é você ficar lá na sua casa dormindo, me dá seu cartão, todo mês eu vou lá e saco e deixo só um salário pra você. Isso é devolver salário. Dois mil e vinte (ano eleitoral) tá aí. Eu pensei de a gente fazer uma vaquinha entre nós, e aí nós vamos decidir se vai ser R$ 50, se vai ser R$ 100, R$ 200, se cada um dá proporcional ao salário. Isso a gente vai decidir entre nós.  Se cada um der R$ 200 na minha conta, vai ter mais ou menos R$ 200 mil para a gente gastar nessa campanha”, diz Janones no áudio divulgado nesta terça.

A reunião com os assessores teria acontecido dentro da Câmara dos Deputados, na sala de reuniões do Avante, partido de Janones. De acordo com o Metrópoles, Janones não sabia que estava sendo gravado.

O parlamentar chegou à Câmara em 2018 depois de receber mais de 178 mil votos dos mineiros. Em 2022, Janones foi reeleito com quase 239 mil votos.

Em entrevista ao ICL Notícias, na noite da segunda-feira (27), Janones confirmou a veracidade dos áudios, mas disse que o conteúdo está “fora de contexto”. O parlamentar, que também é advogado, disse que não vê crime no que falou, apesar de garantir que não lembra da conversa.

Janones também garantiu que abrirá mão dos seus sigilos caso seja formalizada alguma denúncia e disse que estava sendo chantageado pelo dono dos áudios. Segundo o deputado, o ex-assessor o teria procurado para pedir um carro em troca de não divulgar os áudios.

O deputado também afirmou que apesar do pedido para que assessores lhe devolvessem parte do salário - pago com dinheiro público - ele não chegou a implementar a prática. Segundo Janones, o seu salário de deputado foi o suficiente para cobrir as dívidas antigas.

Durante a entrevista, Janones repetiu várias vezes que nunca pegou dinheiro de funcionário, seja pessoalmente, em mãos, ou por meio de depósito bancário.

Ao conversar com a CNN Brasil, Cefas Luiz, ex-assessor de Janones, disse que a prática de “rachadinha” era comum no gabinete do parlamentar e que a responsável pela arrecadação do dinheiro seria a atual prefeita de Ituiutaba, em Minas Gerais, e ex-assessora de Janones, Leandra Guedes.

“Leandra Guedes era namorada e assessora dele na época e ela era responsável por pegar o dinheiro de rachadinha dos funcionários. Nada era pago em banco. Era em dinheiro vivo”, relatou Luiz à CNN.

Nesta terça-feira (28), após a divulgação do novo áudio, Janones disse que “apesar da manchete e do texto tendencioso (do Metrópoles) pra levarem as pessoas a pensarem uma coisa que não é, esse áudio corrobora a minha história e prova que nunca existiu esquema de rachadinha”.

Em um publicação na rede social X, Janones disse que a “sugestão” de pegar parte do salário dos funcionários para pagar dívidas de campanha foi vetada por sua advogada.

“Mais uma vez, uma parte do nosso campo quase cometeu o mesmo erro de quando acusaram o presidente Lula no caso do triplex, já que tinham imagens dele visitando o apartamento. Prova ‘inconteste’, segundo alguns. Quando vamos aprender a não julgar e condenar antes do contraditório e a ampla defesa? Pensei que a Lava-Jato tinha deixado lições”, escreveu o deputado. 

Deputado também é acusado por ex-assessores de assédio moral

No mês passado, dois ex-funcionários de Janones acusaram o parlamentar de assédio moral. Um deles já havia, anteriormente, acusado o deputado de rachadinha e racismo.

A denúncia de assédio foi revelada pelo jornal Diário do Poder, após o jornal ter acesso a prints de conversas enviados pelos ex-assessores em que Janones profere insultos e humilha os funcionários.

Nos prints de mensagens de um grupo atribuído à equipe do gabinete, o deputado lulista xinga os funcionários de “burros”, "incompetentes”, “lixos humanos”, “vermes” e outros insultos.

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