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Andrei Rodrigues
Diretor-geral da PF afirma já ter provas de irregularidades na Penitenciária Federal de Mossoró que podem ter facilitado fuga.| Foto: Antonio Cruz/Agência Brasil

O diretor-geral da Polícia Federal, Andrei Passos Rodrigues, afirmou nesta sexta (5) que a corporação ampliou a investigação sobre a fuga dos dois detentos da Penitenciária Federal de Mossoró (RN) que foram recapturados na quinta (4) após 50 dias de buscas.

A apuração agora se dá sobre as circunstâncias que levaram à fuga e, principalmente, da rede de apoio que os levou até o estado do Pará para tirá-los do país posteriormente.

Rogério da Silva Mendonça e Deibson Cabral Nascimento foram recapturados em Marabá em um comboio com mais quatro criminosos, e transferidos de volta a Mossoró na última madrugada.

“A apuração engloba todas as circunstâncias. Isso inclui a fuga e os motivos que permitiram que essas pessoas tenham saído do presídio. A Polícia Federal apura crimes, e ali houve um crime. A fuga e a facilitação, que estamos apurando em todas as suas circunstâncias”, disse em entrevista à GloboNews.

Rodrigues ressaltou que nenhuma evidência está sendo descartada e que o inquérito policial determinará se houve facilitação, conivência ou participação de agentes públicos ou facções criminosas. Ele adiantou que laudos periciais já apontam uma série de irregularidades.

“Agora tem que ser analisado se são meras irregularidades, se são falhas operacionais, ou se tem outros elementos que podem implicar outras pessoas”, apontou.

A investigação, que ainda não tem prazo para ser encerrada, apontou que os dois fugitivos receberam auxílio financeiro externo e que uma célula do Comando Vermelho – a facção a que pertencem – foi acionada para ajudar a tirá-los do país. Eles foram encontrados a aproximadamente 1,6 mil quilômetros de distância de Mossoró.

“De fato houve essa transferência de uma pessoa que, em tese, não tem grande capacidade econômica, financeira. E que, portanto, aponta que pode ser apenas um intermediário de um grupo criminoso que está interessado na fuga dessas duas pessoas”, afirmou.

Andrei Passos Rodrigues disse, ainda, que novas prisões não estão descartadas à medida que a investigação avança e se descobre quem mais estava envolvido na fuga de Rogério e Deibson com apoio financeiro e logístico.

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Como foi a recaptura

Rogério e Deibson foram detidos após 50 dias de fuga em um comboio com outros quatro criminosos divididos em três veículos, a que o ministro Ricardo Lewandowski, da Justiça e Segurança Pública, chamou de “comboio do crime”. A dupla chegou até o Pará após sair do Rio Grande do Norte através do Ceará.

O cerco ocorreu na BR-222 próximo a uma ponte que atravessa o Rio Tocantins. Com eles, foram apreendidos oito telefones celulares, um fuzil, munições, dinheiro em espécie, cartão de crédito e outros objetos. Também foram encontrados alimentos, água e roupas nos veículos.

A captura dos dois fugitivos ocorreu, ainda, seis dias depois da presença da Força Nacional ter sido desmobilizada no Rio Grande do Norte, em que o Ministério da Justiça e Segurança Pública decidiu não renovar o uso por conta da mudança de estratégia da operação.

Apesar do longo tempo entre a fuga e a recaptura, de 50 dias, Lewandowski considerou que o prazo “segue paradigmas internacionais”.

Lewandowski informou que a prisão dos fugitivos só foi possível após uma “mudança da estratégia policial”, que teve que expandir a busca para mais de mil quilômetros de distância do presídio e passou a contar com o sistema de inteligência.

O ministro ainda acrescentou que houve dificuldade na busca, porque os fugitivos foram “coadjuvados por criminosos externos e tiveram, portanto, o auxílio de seus companheiros das organizações criminosas a quais eles pertenciam”.

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