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Intregrantes do governo reagiram nesta sexta-feira (31) à iniciativa de governadores de direita, que anunciaram uma aliança. O esforço do primeiro escalão foi dar um caráter anti-nacional ao ato dos governadores.
A ministra-chefe da Secretaria de Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT-PR), acusou os governadores de atuar contra o Brasil e de estimular interferência estrangeira dos Estados Unidos.
Segundo a ministra, em vez de se somarem ao governo federal no combate ao crime organizado, os governadores “investem na divisão política e tentam colocar o Brasil no radar do intervencionismo militar de Donald Trump na América Latina”.
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“Ao invés de somar forças no combate ao crime organizado, como propõe a PEC da Segurança enviada pelo presidente Lula ao Congresso, os governadores da direita, vocalizados por Ronaldo Caiado, querem dividir o país e entregar nossa soberania”, afirmou Gleisi.
Outro ministro a criticar a iniciativa foi Guilherme Boulos (PSOL-SP), titular da secretaria-geral da Presidência. De acordo com ele, fizeram um "consórcio antipatriótico". "Governadores de extrema-direita se reuniram para atacar o governo federal e defender a posição de Trump que qualifica o narcotráfico como terrorismo. Não é uma definição ingênua: é a base retórica que os EUA tem usado para justificar intervenção armada na América Latina. Chamaram esse encontro de 'consórcio da paz'. Na verdade é um consórcio antipatriótico, que pretende atiçar intervencionismo estrangeiro contra o Brasil", disse o ministro em sua conta no X.
Líder do PT na Câmara, Lindbergh Farias (RJ), declarou que os governadores "preferem o uso político da barbárie e transformam a tragédia em palanque eleitoral" ao invés de ajudar o governo na PEC. "O consórcio de governadores é uma encenação: são os mesmos que pediram anistia a Bolsonaro e agora sabotam uma proposta que fortalece a cooperação nacional."
Governadores criam “Consórcio da Paz”
Na quinta-feira (30), sete governadores anunciaram a criação do Consórcio da Paz, um projeto de integração para trocar informações de inteligência e reforçar o combate ao crime organizado.
A reunião, no Rio de Janeiro, foi liderada pelo governador Cláudio Castro (PL) e contou com os governadores Romeu Zema (Novo), Jorginho Mello (PL), Eduardo Riedel (PP), Ronaldo Caiado (União Brasil) e a vice-governadora do Distrito Federal, Celina Leão (PP).
O governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), participou por videoconferência.
O encontro também reuniu três nomes cotados como possíveis candidatos à Presidência em 2026 — Zema, Caiado e Tarcísio. O grupo demonstrou insatisfação com a PEC da Segurança Pública, enviada por Lula ao Congresso, por entender que o texto centraliza decisões na União e reduz a autonomia dos estados.
Críticas de Gleisi Hoffmann
Para Gleisi, os governadores deveriam se unir ao governo federal “na proposição de soluções conjuntas que fortaleçam a segurança pública”.
A ministra comparou os governadores críticos à PEC com o deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), que vive nos Estados Unidos desde março.
“Não conseguem esconder o desejo de entregar o país ao estrangeiro, como Eduardo Bolsonaro e sua família de traidores da pátria fizeram com as tarifas e a Lei Magnitsky”, afirmou.
Gleisi também alertou sobre movimentos militares dos EUA no hemisfério sul, mencionando que o governo de Joe Biden tem posicionado navios no Caribe, próximos à Venezuela, sob o argumento de combate ao narcotráfico.
“Segurança pública é assunto sério, que exige inteligência, planejamento e cooperação, não disputas eleitorais”, concluiu.
Operação no Rio e balanço de mortes
Durante o encontro, os governadores elogiaram a operação policial nos complexos da Penha e do Alemão, no Rio de Janeiro.
O governador Romeu Zema classificou a ação como “a mais bem-sucedida do país”.
A operação, porém, resultou na morte de 121 pessoas, incluindo quatro policiais militares, e provocou interdições e caos na cidade. O objetivo era capturar Edgar Alves de Andrade, o Doca, apontado como chefe do Comando Vermelho, que continua foragido.
PEC da Segurança: entenda o debate
A PEC 18, proposta pelo governo Lula, define que a União elaborará a política nacional de segurança pública, cujas diretrizes deverão ser seguidas por estados e municípios.
O texto determina que o plano seja construído com a participação do Conselho Nacional de Segurança Pública e Defesa Social, formado por representantes dos três níveis federativos.
O governo afirma que a medida mantém a autonomia dos estados, mas os governadores argumentam o contrário.
“O objetivo do governo federal é tirar dos governadores as diretrizes da segurança pública e transferi-las ao Ministério da Justiça. Isso é uma intervenção direta nas polícias estaduais”, criticou Ronaldo Caiado (União Brasil).






