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A ministra das Relações Institucionais, Gleisi Hoffmann (PT), defendeu nesta sexta-feira (21) a criação de um "cargo honorífico" para a primeira-dama Rosângela da Silva, a Janja. Segundo a ministra, a formalização da função, sem remuneração ou vínculo empregatício, permitiria à primeira-dama atuar de forma mais clara e prestar contas de suas atividades.
"Eu defendo, sim, um ponto, diria um cargo honorífico. Ela não vai receber nada, seja isso legalizado. Acho importante para que ela possa prestar as contas, falar, eu não vejo problema nenhum", afirmou Gleisi durante entrevista à CNN Brasil.
A ministra destacou o papel social das primeiras-damas e a relevância de institucionalizar essa participação. "Acho importante ela ter condições de atuar. Ela é a companheira do presidente da República, tem um peso social importante. As primeiras-damas muitas vezes têm representação sim de programas, de governo, mas da própria representação do Estado em alguns lugares e eventos", completou.
Gleisi também rebateu os ataques da oposição a Janja, lembrando que a ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro participou de ações e programas durante o governo anterior, o que também gerou questionamentos à época sobre o uso de recursos públicos e a prestação de contas. A ministra classificou o cenário como uma "confusão danada".
O envolvimento de Janja em agendas e articulações do governo tem sido alvo de críticas, especialmente de parlamentares da oposição. Um dos episódios citados envolve o custo das viagens da primeira-dama e sua equipe, como na visita a Roma, em fevereiro, que somou pelo menos R$ 24 mil com a presença de quatro assessores.
Na última semana, após uma série de ataques nas redes sociais, Janja decidiu restringir sua conta no Instagram, limitando o acesso às publicações apenas para seguidores. Gleisi apontou o machismo como uma das razões que motivam os ataques à primeira-dama.
Eduardo Bolsonaro, inflação "justa" e anistia
Na entrevista à CNN Brasil, a ministra ainda não poupou criticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro e ao Eduardo Bolsonaro que pediu licença do cargo de deputado federal temporariamente. "Eduardo Bolsonaro presta desserviço ao Brasil, difamando o país, mentindo sobre o Brasil lá fora, dizendo que aqui é um ditadura, ou seja, ele tentou criar uma situação pra se vitimizar e dizer que ele estava sendo perseguido”, afirmou.
Em seguida, Gleisi afirmou que quem defende a ditadura "são os Bolsonaro, que defenderam ditadores, os torturadores publicamente e que queriam fazer um golpe de Estado aqui". "Então, em primeiro lugar o que tem que ficar claro é isso. Segundo, o problema dele é que ele não enfrenta o debate político, é medroso. Ou seja, ele tinha que enfrentar o debate político aqui”, declarou a ministra.
Sobre a meta da inflação que atingiu quase 5,0%, a ministra disse que é "justa" e não está “absurdamente estourada”. “Acho que a gente tem meta de inflação bem justa, de 3% com as bandas. Não acho que seja o caso de fazer essa discussão de mudança e também não acho que a inflação, mesmo estando acima da banda da meta, esteja absurdamente estourada”, disse.
O indicador oficial de inflação do país, o IPCA (Índice de Preços ao Consumidor), está atualmente em 4,96% nos últimos 12 meses, acima da meta de 3,00% ao ano, com intervalo de tolerância de 1,5 ponto percentual (até 4,50%).
Em relação ao projeto da anistia no Congresso Nacional, a ministra afirmou que o debate tem que ser colocado "no lugar certo" e não deveria ser usado para "liberação do Bolsonaro". “Não pode acontecer anistia, nós tivemos uma tentativa de golpe no Brasil e foi muito grave isso. Porque esse projeto da anistia não é para quem foi preso em 8 de janeiro, mas é desde o final da eleição, pega todos os atores que cometeram algum crime, alguma impropriedade, até 8 de janeiro”, disse Gleisi.









