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Durante a “Operação Maré” foram apreendidos peças de fuzis, drogas, rádios, munições, tabletes de maconha, entre outros.
Durante a “Operação Maré” foram apreendidos peças de fuzis, drogas, rádios, munições, tabletes de maconha, entre outros.| Foto: Reprodução/X (antigo Twitter) Governo do Estado do Rio de Janeiro/Polícia Civil do Rio de Janeiro.

O governo do Rio de Janeiro anunciou a apreensão de 100 quilos de pasta base de cocaína durante a Operação Maré, realizada desde as primeiras horas desta segunda-feira (9) nas comunidades da Maré, Cidade de Deus e Vila Cruzeiro, causando um prejuízo estimado de R$ 12 milhões ao Comando Vermelho. Segundo o governo, os 100 quilos de pasta base de cocaína foram encontrados em um galpão, próximo à Vila Cruzeiro.

Foram encontrados dois laboratórios clandestinos de refino de drogas, um no Parque União e outro na Nova Holanda; ambas comunidades da Maré. Nos laboratórios foram apreendidos materiais para fabricação de explosivos e um local de armazenamento ilegal de medicamentos, drogas e material para preparo de drogas.

Além dos 100 quilos de pasta base de cocaína, os agentes apreenderam meia tonelada de maconha e drogas sintéticas. O objetivo da operação é cumprir mandados de prisão, entre eles de suspeitos ligados aos assassinatos a tiros de médicos em um quiosque na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio, na semana passada.

Durante a operação, um policial militar foi preso com 100 kg de cocaína nas proximidades do Complexo da Penha. A droga estava em um caminhão-baú, que já vinha sendo monitorado pela Polícia Civil, informou o jornal O Globo. O sargento da PM foi preso em flagrante por agentes da Delegacia de Repressão a Entorpecentes (DRE).

O secretário da Polícia Civil, José Renato Torres, estimou que a ação desta segunda gerou um prejuízo maior do que o estimado pelo governo à facção criminosa, com base nas apreensões de drogas e na desarticulação dos dois laboratórios de refino de cocaína. "O resultado de mais de R$ 15 milhões de prejuízo é um grande indicador de que a operação foi boa… Mais do que presos, o importante é mexer, como a gente fala, no bolso. Seguir o dinheiro. E é isso que a gente tenta desarticular essas quadrilhas" disse Torres.

"Nossos policiais estão usando drones, câmeras portáteis, aparelhos de reconhecimento facial e placas de veículos, além de viaturas e armamentos de última geração. Vamos devolver o território do Complexo da Maré, Vila Cruzeiro e Cidade de Deus aos seus verdadeiros donos, os moradores. Esse é só o começo e não iremos recuar um milímetro sequer!", disse o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), nas redes sociais.

Mil policiais participaram da operação

A megaoperação contou com a participação de mil policiais para cumprir cem mandados de prisão e mandados de busca e apreensão. Ao todo, nove pessoas foram presas, seis que tinham mandados de prisão em aberto e três em flagrante. De acordo com o relatório parcial, 16 veículos recuperados, também foram apreendidos: um fuzil 7.62 e um simulacro; dezenas de artefatos explosivos e carregadores, e centenas de munições de diversos calibres; radiocomunicadores; e 29 toneladas de barricadas retiradas da Maré.

“Tivemos um confronto intenso na Vila Cruzeiro, poder bélico muito grande dos traficantes daquela região e nossas aeronaves foram atingidas. Na Maré e na Cidade de Deus tivemos confronto, mas de intensidade menor. Até o momento sem feridos”, disse o secretário estadual de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Pires, informou a Agência Brasil.

O delegado José Renato Torres afirmou que a operação inicial anunciada na Maré teve desdobramentos sobre a Vila Cruzeiro e Cidade de Deus porque a atividade de inteligência detectou que houve grande migração dos chefes do tráfico da Maré para essas outras duas comunidades. Todo material apreendido foi levado para a Cidade da Polícia e passará por perícia.

Sem participação da Força de Segurança

O secretário estadual de Polícia Militar, coronel Luiz Henrique Pires, afirmou que, mesmo sem a participação da Força Nacional de Segurança, cujo envio foi adiado pelo governo federal, a Polícia Militar está conseguindo atuar nas três comunidades simultaneamente.

“Todo reforço é importante, não só para o Rio de Janeiro, como para todos os estados do Brasil, mas nós temos capacidade e estamos atuando nas três comunidades. Essa questão está sendo resolvida entre o governo do estado e o governo federal”, disse.

Segundo Pires, todos os policiais militares estão usando câmeras corporais no Complexo da Maré. Também estão sendo usados drones com capacidade de fazer reconhecimento facial e leituras de placas de automóveis. As imagens estão sendo transmitidas, em tempo real, ao Centro Integrado de Comando e Controle (CICC), do governo do estado.

Membros de facção que faz treinamento de guerrilha também eram alvos

Entre os alvos da operação, estavam os traficantes que atuam na Vila do João, área controlada por uma facção rival que também domina a Nova Holanda e o Parque União. A Vila João abriga um centro de treinamento em um espaço com piscina originalmente destinado a ser uma área de lazer pública, informou o jornal O Globo. As investigações sobre o centro de treinamento na comunidade foram reveladas pelo programa "Fantástico", da TV Globo.

Após as decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que restringiram operações das forças de segurança nas favelas do Rio de Janeiro teriam aumentado a frequência dos treinamentos com táticas de guerrilha feitos pelos traficantes. Em 2022, a Gazeta do Povo ouviu fontes das polícias estaduais e especialistas em segurança pública que apontaram que após as medidas entrarem em vigor, tais exercícios, em geral conduzidos por ex-militares que vendem conhecimento ao crime organizado e, ocasionalmente, por ex-guerrilheiros que moram nas comunidades, têm sido uma realidade ainda mais frequente.

Helicópteros atingidos

Dois helicópteros da polícia do Rio foram atingidos por tiros durante a operação. As aeronaves precisaram pousar, e um policial civil ficou ferido sem gravidade ao ser atingido por estilhaços. O governo informou que um dos helicópteros voltou a operar após o ataque. As aeronaves sobrevoavam a Vila Cruzeiro, na Penha, quando foram atingidas. O helicóptero da PM foi atingido no vidro da frente, e o da Polícia Civil, no tanque de combustível.

Apreensões e bloqueio de sinal de celulares em penitenciárias

A Secretaria de Administração Penitenciária (Seap), que também atua na força-tarefa do estado no combate à criminalidade, apreendeu 58 aparelhos celulares (34 em Bangu 3 e 24 em Bangu 4), além de um quilo de entorpecentes. A operação da Seap conta com 250 inspetores e tem o objetivo de desarticular a rede de comando das facções que atuam na região, por meio de bloqueios dos aparelhos telefônicos nos presídios.

A operação dentro dos presídios foi realizada como resposta à suposta videoconferência feita por chefes do Comando Vermelho que teriam ordenado a morte dos suspeitos de terem matado os médicos na orla da Barra da Tijuca, na semana passada.

“Para realizar o procedimento, a Seap contou com dispositivos tecnológicos trazidos pela Secretaria Nacional de Políticas Penais (Senappen) para o Rio de Janeiro especialmente para a operação, que foram operados em cooperação por Inspetores de Polícia Penal do Rio de Janeiro da Subsecretaria de Inteligência e policiais penais federais a partir das muralhas das unidades”, disse o governo, em nota.

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