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Ministério de Lula afirma que ação de Israel contra civis que buscavam alimentos foi “intolerável”, e que “inação” do mundo incentiva ataques.| Foto: Nazima Raghubir/EFE

O Ministério das Relações Exteriores do governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou, nesta sexta (1º), que a ação militar de Israel em Gaza contra palestinos que se aglomeravam para conseguir alimentos, nesta quinta (29), “não tem qualquer limite ético ou legal” e que é uma “situação intolerável”.

Os disparos ocorreram quando caminhões com ajuda humanitária foram cercados por palestinos em busca de alimentos, mas foram atacados por forças israelenses. Cerca de 100 pessoas morreram e mais de 750 ficaram feridas segundo as autoridades locais de saúde, controladas pelo Hamas.

Em um comunicado divulgado em seguida e publicado pela imprensa israelense, as forças israelenses reconheceram que as tropas do país abriram fogo por se sentirem ameaçadas pelo tumulto, já que parte da multidão teria ido em direção aos soldados, a um tanque e a um posto de controle dos militares. No entanto, diz, foram não mais do que dez mortes, e que o restante dos óbitos ocorreu durante o tumulto, quando muitas pessoas teriam sido empurradas, pisoteadas e atropeladas.

O Itamaraty afirma que tomou conhecimento do ataque “com profunda consternação”, e que as pessoas se encontravam em “situação desesperadora”. O ministério diz que presta solidariedade ao povo palestino – sobretudo aos familiares das vítimas, e que reafirma o repúdio à ação israelense no território.

“O governo [de Binyamin] Netanyahu volta a mostrar, por ações e declarações, que a ação militar em Gaza não tem qualquer limite ético ou legal. E cabe à comunidade internacional dar um basta para, somente assim, evitar novas atrocidades. A cada dia de hesitação, mais inocentes morrerão. A humanidade está falhando com os civis de Gaza. E é hora de evitar novos massacres”, disse o ministério em nota (veja na íntegra).

A pasta, seguindo um discurso frequente de Lula, voltou a criticar a “inação da comunidade internacional” por não conseguir conter o conflito, e que isso serve como “velado incentivo” para ataques indiscriminados contra civis.

O Brasil também reiterou a importância da implementação das medidas cautelares emitidas pela Corte Internacional de Justiça, exigindo que Israel tome todas as medidas para prevenir atos de “genocídio”, conforme estabelecido pela Convenção para a Prevenção e Punição do Crime de Genocídio.

“O massacre de hoje [quinta, 29] vem se somar às mais de 30 mil mortes de civis palestinos, das quais mais de 12 mil são crianças, registradas desde o início do conflito, além dos mais de 1,7 milhão de palestinos vítimas de deslocamento forçado. O Brasil reitera a absoluta urgência de um cessar-fogo e do efetivo ingresso em Gaza de ajuda humanitária em quantidades adequadas, bem como a libertação de todos os reféns”, completou o ministério.

A embaixada israelense no Brasil afirmou, através de uma nota à imprensa no começo da tarde, que as forças de segurança que faziam a escolta do comboio tentaram dispersar a multidão, no momento da confusão, disparando tiros para o alto.

"Quando isso não funcionou, as forças de defesa de Israel receberam ordens para recuar e o fizeram com cautela para evitar maiores perdas humanas às custas de sua própria segurança. Nenhum disparo foi realizado em direção ao comboio de ajuda humanitária", concluiu.

Brasil e Israel estão em meio a uma crise diplomática após Lula comparar a reação israelense contra o Hamas ao Holocausto nazista, por conta da intensidade do uso da força que está vitimando mais civis do que integrantes do grupo terrorista. O presidente vem reiterando que a crítica foi ao governo de Netanyahu, mas a fala foi considerada ofensiva para toda a comunidade judaica, que considera que nada é comparável à perseguição sofrida pelos judeus.

Atualização

A reportagem foi atualizada após pronunciamento da Embaixada de Israel no Brasil.

Atualizado em 01/03/2024 às 14:18
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