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Próximos passos

Governo Bolsonaro tenta iniciar “era pós-Moro” com imagem de união entre ministros

O presidente da República, Jair Bolsonaro, faz Pronunciamento no Palácio do Planalto ao lado de ministros, em 24/04/2000
O presidente da República, Jair Bolsonaro, faz Pronunciamento no Palácio do Planalto ao lado de ministros, em 24/04/2000 (Foto: Marcello Casal JrAgência Brasil)

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O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) fez seu discurso em resposta ao ex-ministro Sergio Moro, nesta sexta-feira (24), ladeado do primeiro escalão de seu governo. O vice-presidente General Mourão, os ministros palacianos Braga Netto (Casa Civil) e General Heleno (Segurança Institucional), Abraham Weintraub (Educação), Paulo Guedes (Economia) e o recém-chegado Nelson Teich (Saúde) compuseram o cenário da fala de Bolsonaro no Palácio do Planalto.

A presença da cúpula da gestão ao lado de Bolsonaro foi um indicativo da mensagem que o presidente e sua equipe procurarão passar nas próximas semanas. A ideia é de sugerir aliança entre os diferentes segmentos do governo, que passou por duas baixas recentes.

Antes de Moro, a última exoneração havia sido a de Luiz Henrique Mandetta, que comandava a Saúde, e caiu no dia 6. Nos dois casos, a queda dos ministros arranhou a imagem do presidente. Moro acumulava índices de popularidade superiores ao de Bolsonaro, que se explicavam também pela sua atuação como juiz da operação Lava Jato, em que trabalhou até aceitar o convite de integrar o governo.

Já Mandetta recebia elogios públicos pela condução do combate à pandemia de coronavírus. Mas para Bolsonaro e outros integrantes do governo, além de adotar diretrizes em desacordo das desejadas pelo presidente, Mandetta não tratava a gestão do enfrentamento à covid-19 como um assunto que merecia ações de todo o Executivo, e sim apenas de seu ministério.

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Convocação e mudança de planos

A presença dos ministros junto a Bolsonaro durante o pronunciamento começou a ser articulada pouco após Moro concluir a sua fala no Ministério da Justiça. Por ter ocorrido em uma sexta-feira, dia em que muitos ministros retornam às suas cidades de origem, a convocação não evitou algumas baixas – como a dos titulares do Meio Ambiente, Ricardo Salles, e do Turismo, Marcelo Alvaro Antonio.

"Infelizmente não pude estar ao seu lado na coletiva, pois estou a caminho de BH de carro por conta da falta de opções de voos neste momento, mas o senhor sabe que pode contar comigo nesta batalha. Sempre juntos, capitão! Pelo Brasil!", escreveu Antonio em seu perfil no Twitter

O pronunciamento desta sexta não estava na agenda de Bolsonaro e nem dos demais ministros. Acabou incluído posteriormente na relação de compromissos do presidente, como "coletiva à imprensa", ainda que não tenha incluído perguntas dos jornalistas.

A necessidade do comparecimento ao Planalto frustrou a ministra Damares Alves (Mulher, Família e Direitos Humanos), que planejava anunciar, nesta sexta, um conjunto de políticas para a população idosa ao lado dos ministros Teich e Onyx Lorenzoni (Casa Civil).

"Vamos trabalhar. Nós estamos no meio de uma pandemia. Vamos cuidar do nosso povo. Temos muita coisa pra fazer. Justamente hoje que nós íamos anunciar para o Brasil, eu, o ministro Onyx, e o ministro da Saúde, o ministro Nelson, todas as ações para a população idosa, a gente não pôde anunciar porque tinha o pronunciamento do presidente. Mas acompanhem o nosso trabalho, nos nossos sites, no site dos ministérios, vejam quanta coisa nós estamos fazendo para a população idosa. Presidente Bolsonaro, fique firme. Estamos todo mundo junto com o'senhor. Vamos trabalhar, cuidar do nosso país", afirmou Alves, em vídeo postado por ela nas redes sociais.

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Guedes, da guerra à paz com Bolsonaro

O ministro da Economia, Paulo Guedes, esteve ao lado de Bolsonaro durante o pronunciamento – e foi o único dos presentes no púlpito a utilizar máscara de proteção contra o coronavírus. Horas depois, ele foi elogiado pelo deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), filho do presidente: "A extrema imprensa, sem qualquer pudor, segue trabalhando no seu rodízio de intrigas contra ministros. Vejo neste momento suas energias focando contra o Ministro Paulo Guedes. Para que não haja dúvida: PG segue tendo nosso total apoio!", postou o parlamentar em seu perfil no Twitter.

A participação de Guedes e o elogio de Eduardo soam como uma resposta a especulações que o haviam apontado também como um demissionário do governo. Algumas decisões recentes de Bolsonaro e outros ministros estariam desagradando o titular da Economia. Uma delas foi o anúncio do programa Pró-Brasil, feito pelo ministro Braga Netto na quarta-feira (22). A divulgação do projeto não contou com Guedes e ele, nos bastidores, teria criticado a iniciativa – ele fez comparativos entre o projeto e o PAC, que marcou os governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff.

Guedes também estaria insatisfeito com a aproximação de Bolsonaro com integrantes do chamado Centrão, porque a movimentação poderia levar a um fatiamento do Ministério da Economia. A pasta poderia ser dividida em três: Fazenda, Planejamento e Trabalho, com o controle deste último segmento sendo distribuído a partidos aliados.

Na opinião de um deputado da base aliada, com trânsito com Bolsonaro, a saída de Guedes seria inevitável caso o governo queira "trocar de linha" na economia. "Para um cara como o Paulo Guedes, uma proposta como o Pró-Brasil é cavar ainda mais o buraco. É algo que não tem nenhuma ligação com o que ele pensa para o país. Se o governo realmente for por esse caminho, será difícil ele continuar", afirmou o parlamentar.

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