Um dos alvos da Polícia Federal na operação que prendeu duas pessoas por suspeita de prepararem atos terroristas admitiu que foi recrutado pelo Hezbollah. Ele teve um dos 11 mandados de busca e apreensão cumpridos durante a Operação Trapiche, desencadeada na quarta (8) nos estados de São Paulo e Minas Gerais e no Distrito Federal.
Segundo apurações da GloboNews e do Estadão, o homem foi interrogado pela Polícia Federal e confessou que foi aliciado pelo Hezbollah para praticar atos terroristas no Brasil, e que já havia registrado locais estratégicos para cometer atentados contra a comunidade judaica brasileira, como sinagogas e escolas israelitas.
A PF afirmou à Gazeta do Povo que as informações públicas sobre as investigações estão restritas às divulgadas inicialmente, sobre a deflagração da operação.
Os dois presos pela PF viajaram recentemente a Beirute, capital do Líbano, onde receberam instruções para os atos. Mais duas pessoas também investigadas, mas estão no país árabe e passaram a ser procuradas pela Interpol após pedido da autoridade brasileira.
O grupo extremista Hezbollah tem sede no Líbano e se opõe ao contra-ataque de Israel contra o Hamas. Os militantes da organização já trocaram tiros com o exército israelense ao longo da guerra que ocorre no Oriente Médio desde o dia 7 de outubro.
A operação desta quarta (9) ocorreu após a PF, em colaboração com o serviço secreto israelense e outras agências de segurança internacionais identificarem as atividades do grupo. A Mossad, ligada ao governo israelense, disse que opera para “prevenir esses ataques onde e quando for necessário”.
A declaração da Mossad provocou críticas e suspeitas entre analistas, que chegaram a dizer que o órgão teria controlado as investigações da Polícia Federal. Em resposta, o ministro Flávio Dino, da Justiça e Segurança Pública, respondeu nesta quinta (9) dizendo que “nenhuma força estrangeira manda na Polícia Federal do Brasil”.
“E nenhum representante de governo estrangeiro pode pretender antecipar resultado de investigação conduzida pela Polícia Federal, ainda em andamento”, afirmou.
Dino disse, ainda, que a análise de indícios em relatórios internacionais é feita pelos delegados da PF cumprindo as leis brasileiras.
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