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A primeira-dama Janja da Silva, a ministra Gleisi Hoffmann, das Relações Institucionais, e deputados saíram em defesa de Marina Silva (Meio Ambiente) após uma declaração do senador Plínio Valério (PSDB-AM) de que teria vontade de “enforcá-la”.
A fala ocorreu durante um evento da Fecomércio no Amazonas em que ele questionou que “imagina vocês o que é ficar com a Marina seis horas e dez minutos sem ter vontade de enforcá-la”. A declaração foi interpretada como uma incitação à violência política e de gênero.
“Uma mulher gigante, que um homem com a ignorância do senador Plínio Valério jamais vai conseguir enxergar. Sua fala carregada de ódio, misoginia e de um desconhecimento sem tamanho é um reflexo de sua pequenez”, disse Janja em uma rede social nesta quinta (20).
Gleisi emendou a crítica a Valério e afirmou que “isso é ainda mais grave quando os ataques partem de pessoas com responsabilidade institucional, como é o caso de parlamentares”.
“Além do repúdio da sociedade é a punição desses crimes, conforme a lei, que pode estancar as manifestações de ódio e violência política que atingem as mulheres e a própria democracia”, emendou a ministra.
A reação contra Plínio Valério também veio do próprio Congresso, com a representação de um grupo de deputados no Conselho de Ética do Senado. No documento, argumentam que a fala “remete à supressão da voz feminina pelo uso da força, à tentativa de desqualificar e intimidar uma liderança política pelo simples fato de ser mulher”.
“O teor de sua fala ultrapassa os limites da imunidade parlamentar, uma vez que não possui qualquer relação com sua atuação como representante do Estado do Amazonas, mas, sim, um evidente caráter de violência de gênero”, segue a petição assinada por nove deputadas e pelo deputado Túlio Gadêlha (Rede-PE), do mesmo partido de Marina.
A própria ministra também reagiu e disse que “quem brinca com a vida dos outros ou faz ameaça de brincadeira e rindo? Só os psicopatas são capazes de fazer isso”.
“Dificilmente isso seria dito se o debate fosse com um homem. É dito porque é com uma mulher preta, de origem humilde e uma mulher que tem uma agenda que em muitos momentos confronta os interesses de alguns”, completou.
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O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), criticou a fala e a classificou como “combustível” para a violência em um país polarizado.
“Mesmo que de brincadeira ou com tom de brincadeira, agride, infelizmente, o que nós estamos querendo para o Brasil”, afirmou.
Já Plínio Valério negou que tenha cometido alguma ofensa e disse que não se arrepende. “Se você perguntar: Você faria de novo? Não. Mas está arrependido? Não, porque eu não ofendi. Eu passei seis horas e dez minutos tratando-a com decência”, disse ironizando as críticas.








