O jornalista português, Sérgio Tavares, teve o passaporte novamente apreendido pela Polícia Federal (PF) ao embarcar de volta para o seu país no Aeroporto de Guarulhos, nesta segunda-feira (26). O jornalista havia sido detido no domingo (25) ao desembarcar no Brasil para cobertura do ato na Paulista, que foi convocado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).
“Aeroporto de Guarulhos, 22:16: o meu passaporte foi novamente levado para a Polícia Federal, estiveram largos minutos a conversar e a olhar para mim do lado de dentro da sala, pareciam desorientados. Entretanto, regressaram, devolveram-no e carimbaram. Vou para Portugal”, escreveu o jornalista na rede social X.
No domingo, Tavares foi interrogado durante quatro horas e teve de responder perguntas sobre os ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), vacina e ditadura do judiciário.
De acordo com a PF, o jornalista precisaria de um visto de trabalho para fazer a “cobertura fotográfica de um evento” no Brasil, já que Tavares havia informado ter vindo ao país para cobrir a manifestação do domingo.
Segundo o Ministério das Relações Exteriores do Brasil, “cidadãos da União Europeia que viajem ao Brasil para exercer atividade jornalística estão isentos de visto para estadas de até 90 dias, desde que a atividade não seja remunerada por fonte brasileira”.
Depois de ser liberado pela PF, Tavares se dirigiu ao ato na Paulista e realizou sua cobertura. No local, ao conversar com a colunista da Gazeta do Povo, Cristina Graeml, Tavares disse que sua detenção no aeroporto “foi uma loucura”.
"Qual a justificativa de um cidadão europeu, português que veio aqui para mostrar a democracia ficar por quatro horas sendo questionado sobre Flávio Dino, sobre Alexandre de Moraes, sobre vacinas, sobre a ditadura do Judiciário?", questionou o jornalista.
Segundo Tavares, o episódio demonstra a preocupação das autoridades com que o mundo saiba "o que está a passar neste país". "E garanto que o mundo vai saber. Não vou dizer aqui, mas vou dizer quando chegar lá. Porque lá eu tenho liberdade de expressão," afirmou.
Apesar da repercussão internacional do caso, entidades brasileiras de jornalismo adotaram o silêncio em resposta ao episódio.
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