O discurso do apresentador Luciano Huck, apontado como um possível presidenciável nas eleições de 2022, tem ganhado mais apoio no centro e na centro-direita do país. Huck foi recentemente elogiado pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), e pelo ex-governador Jorge Bornhausen (SC).
Seu nome é constantemente vinculado ao Cidadania, partido do qual se aproximou por causa de sua conexão com movimentos de participação política como Agora! e RenovaBR. E integrantes do antigo PPS têm também destinado boas palavras à postura pública do apresentador.
Dois pontos dos posicionamentos de Huck têm agradado aos veteranos da política. O primeiro é o elogio à linha de trabalho adotada para a economia no governo de Jair Bolsonaro (PSL). Com isso, Huck garante também a simpatia de setores do mercado. Já o outro ponto traz a rejeição ao radicalismo e o reforço de um enfoque em temáticas sociais. Aí, o apresentador mostra distanciamento da face mais controversa da gestão Bolsonaro.
O momento "positivo" de Huck, entretanto, é tratado com cautela pelo presidente nacional do Cidadania, o ex-deputado federal Roberto Freire. Para ele, "ainda é muito cedo" para se falar de candidaturas presidenciais. "Uma candidatura a presidente não é uma corrida de 100 metros rasos, e sim uma decisão de maratona. É um trabalho que se constrói a longo prazo", disse.
Movimentos em ação
O Cidadania, antigo PPS, adotou o nome atual a partir de março deste ano. Freire e os outros expoentes da legenda tentam, como ocorre em outras siglas, passar a imagem de que a alteração é mais do que uma troca no nome, e sim "um novo jeito de fazer política".
No caso do Cidadania, há um componente que justifica a abordagem – o grande vínculo do partido com os movimentos de renovação política, que passaram a influenciar o cenário nacional desde a última eleição. O Cidadania se tornou uma espécie de "berço" para grupos como Agora!, Acredito, RenovaBR e Livres – este último compunha o PSL até a chegada do então deputado Bolsonaro à sigla, no ano passado.
É este contexto que aproxima o Cidadania de Luciano Huck e deixa o partido como a escolha mais natural do apresentador caso a candidatura presidencial seja realmente efetivada. Freire já disse, em diferentes entrevistas, que o partido seria algo como "o primeiro da fila" para aguardar a filiação do apresentador. À Gazeta do Povo, ele reforçou a afinidade.
"Huck tem tido uma grande participação política, por meio dos movimentos sociais. Nossa aproximação com ele vem desde 2017, quando estávamos discutindo nossa nova formação política. Fizemos contato com o Agora! e a partir dali veio o Acredito, o Livres. É nisso que o contato com o Luciano se reforçou", destacou o presidente da legenda.
Inimigo do restante
Se as forças políticas de centro veem Luciano Huck como uma boa alternativa, as demais correntes do espectro político já tratam o apresentador como adversário. Huck – que não deu, até o momento, nenhuma declaração pública direta sobre a ideia de se candidatar – tem recebido pesadas críticas da esquerda à direita.
Do campo governista, os ataques vieram do próprio chefe do Executivo nacional. Jair Bolsonaro disse que a possível participação de Huck na disputa representaria a participação da TV Globo na eleição. O presidente também criticou o apresentador pelo fato de ele ter sido beneficiário de uma linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) para a compra de um jatinho. Antes disso, Huck dissera que o presidente é "mais um capítulo do caos" que caracteriza a política brasileira, e não uma renovação.
Já na esquerda, o tom das críticas é o de dizer que Huck representaria "as elites" e não uma nova forma de fazer política. Um desses ataques foi direcionado pela presidente do PT, a deputada Gleisi Hoffmann (PR). "Para quem se apresenta como novidade para tudo que está aí, Huck começa mal. Candidato da Globo, ter como aliado um dos caciques do DEM, ex-PFL, é tudo o que representa a velha política. A roupagem pode até ser nova, mas é o representante do sistema", escreveu a deputada em uma rede social.
Apesar da bronca com o PT, Huck buscou diálogo com uma figura expressiva da esquerda, que também é visto como alternativa para 2022: o governador do Maranhão, Flávio Dino (PCdoB).
Pesquisas dão confiança
Um componente que pode estimular Huck a decidir sua candidatura é o bom desempenho que ele tem registrado em pesquisas eleitorais. Levantamento Veja/FSB*, divulgado no dia 18 de outubro, incluiu o nome de Huck entre os presidenciáveis e constatou que o apresentador é, no mínimo, competitivo.
Ele ficou em terceiro lugar no cenário que considera Bolsonaro e Fernando Haddad (PT). Com 11 pontos, superou Ciro Gomes (PDT), que já disputou três eleições presidenciais e foi o terceiro colocado na disputa de 2018. Huck também registrou melhor desempenho, em todos os cenários, do que o governador de São Paulo, João Doria (PSDB). O tucano é apontado como um concorrente direto de Huck, por ambos se posicionarem no espectro da centro-direita.
Huck foi também analisado em três cenários de segundo turno, e as pesquisas apresentaram desempenhos distintos. Ele vence Haddad com relativa facilidade (40 a 29) e empata tecnicamente com Bolsonaro – o presidente somou 43 pontos, contra 29 do apresentador. A única derrota de Huck é na simulação contra o ministro da Justiça, Sergio Moro, que contabilizou 49 pontos, enquanto Huck ficou com 32.
*Pesquisa realizada pela Veja/FSB de 11/out a 14/out/2019 com 2.000 entrevistados (Brasil, por telefone). Margem de erro: 2 pontos percentuais. Confiança: 95%.
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