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Lula atribui vandalismo em Brasília a “erro” da inteligência e critica politização nas Forças Armadas
| Foto: Divulgação / TV Globo

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) afirmou que houve “erro” da inteligência dos órgãos relacionados ao governo, por não terem avisado a ele sobre a possibilidade das manifestações de 8 de janeiro evoluírem para atos de vandalismo. Em 6 de janeiro, Lula viajou a Araraquara (SP) após as fortes chuvas que causaram mortes e estragos na cidade. Ele não estava em Brasília quando as sedes dos Três Poderes foram invadidas e depredadas. Segundo ele, a informação repassada a ele antes da viagem era de que estava "tudo tranquilo" na capital federal. A afirmação foi feita em entrevista à jornalista Natuza Nery, da GloboNews.

"Nós temos inteligência do GSI, da Abin, do Exército, da Marinha, da Aeronáutica, ou seja, a verdade é que nenhuma dessas inteligências serviu para avisar ao presidente da República que poderia ter acontecido isso. Se eu soubesse na sexta-feira que viriam oito mil pessoas aqui, eu não teria saído de Brasília. Eu saí porque estava tudo tranquilo", afirmou Lula.

Lula se referiu aos atos como uma tentativa de golpe de Estado e, por isso, disse que a decisão do governo federal foi pela intervenção federal na segurança pública do Distrito Federal e não por uma operação de GLO - Garantia da Lei e da Ordem. Segundo ele, se isso fosse feito, ele poderia se tornar uma espécie de “rainha da Inglaterra”, já que não teria todas as atribuições do presidente e algumas seriam assumidas pelas Forças Armadas.

Sobre o vandalismo no Palácio do Planalto, Lula acredita que houve algum tipo de colaboração para que os manifestantes entrassem no local, já que, na visão do presidente, o espaço não precisou ser invadido. Além dos serviços de inteligência, o petista criticou a atuação da Polícia Militar do Distrito Federal em 8 de janeiro e também em 12 de dezembro, data da diplomação, quando também houve manifestações que terminaram em atos violentos na capital federal. Na visão de Lula, houve negligência por parte da PM-DF, responsável pela segurança de Brasília, e a corporação não conseguiu evitar o "caos".

Em uma série de críticas ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), Lula afirmou que precisa ser investigada a possibilidade de o ex-chefe do Executivo ter algum tipo de participação nos atos. Se isso, eventualmente, for comprovado, o petista defendeu que haja punição e até que Bolsonaro fique inelegível. Para Lula, o ex-presidente teria incentivado seus apoiadores aos atos de 8 janeiro com declarações ao longo do mandato, ao levantar suspeitas sobre as urnas eletrônicas, ao não reconhecer a derrota nas eleições 2022, e ao viajar para os Estados Unidos para não passar a faixa presidencial a ele.

Ao ser questionado sobre a possibilidade de uma CPI para investigar os atos ocorridos em 8 de janeiro, Lula disse que é contra, mas ressaltou que a decisão cabe ao Congresso. "O que que a gente pode investigar em uma CPI que a gente não possa investigar aqui agora?", indagou.

Forças Armadas

O presidente disse ainda que os militares que participaram dos atos de 8 janeiro, se forem identificados, serão afastados de suas funções e terão de responder judicialmente. Segundo ele, cada um tem o direito de ter as suas posições políticas, mas isso não pode influenciar o trabalho desempenhado nas Forças Armadas. “Quem quiser fazer política, tire a farda”, disse Lula.

A politização nas Forças Armadas será um dos temas da conversa de Lula com os comandantes militares na próxima sexta-feira (20). Mais uma vez, ele ressaltou que os militares e outros servidores públicos servem ao Estado brasileiro e não a ele ou ao ex-presidente Bolsonaro.

"É preciso que os comandantes assumam a responsabilidade de dizer: "o soldado, o coronel, o sargento, o tenente, o general [...] tem direito de voto, ele tem o direito de escolher quem ele quiser para votar. Agora, como ele é um cargo de carreira, ele defende o Estado brasileiro. Ele não é "Exército do Lula", não é do Bolsonaro, não foi do Collor, não foi do Fernando Henrique Cardoso", afirmou o presidente.

O desenvolvimento da indústria de defesa no país e os problemas de estrutura funcional enfrentados por Exército, Marinha e Aeronáutica também são assuntos que estarão na pauta.

Lula ressaltou que, nos mandatos anteriores, teve uma relação digna com os militares, espera “o retorno à normalidade e que cada um cumpra as suas funções.

O presidente disse ainda que confia no ministro da Defesa, José Múcio Monteiro Filho, e que ele foi escolhido por ter habilidades políticas. Segundo Lula, Múcio tenta evitar os conflitos, sempre que possível, e por isso o ministro é alvo de críticas.

União de progressistas

Durante a entrevista, Lula também criticou parte da direita e os chamou de “raivosos”, além de citar o termo comumente utilizado pela esquerda: “fascistas”. Nas palavras de Lula, é preciso que haja uma união internacional de progressistas e defensores do regime democrático para combater as forças que ele considera como “extrema-direita”.

Nesse campo, o petista incluiu Bolsonaro e também o ex-presidente dos EUA Donald Trump. Sobre o tema, ele disse que vai conversar com o presidente americano, Joe Biden, quando for aos Estados Unidos, em fevereiro.

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