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GSI
Marco Gonçalves Dias, chefe do GSI, foi promovido a general durante o governo Lula e cuidou da segurança do presidente desde 2003| Foto: Andre Borges/EFE

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aceitou o pedido de demissão do ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), Marco Edson Gonçalves Dias, nesta quarta-feira (19). A decisão ocorreu após virem à tona imagens da atuação do ministro durante os atos de 8 de janeiro. Gonçalves Dias pediu para deixar o cargo após uma reunião com Lula e os ministros Alexandre Padilha, Rui Costa e Flávio Dino.

As imagens mostram que Gonçalves Dias e outros integrantes do GSI estavam dentro do Palácio do Planalto e não atuaram para conter os vândalos que invadiram e depredaram a sede do Executivo.

Gonçalves Dias aparece nas imagens, divulgadas pela CNN Brasil, circulando pela antessala do gabinete presidencial, ele entra na sala para verificar a situação, sai e orienta os manifestantes que estavam no andar sobre o caminho para saírem do prédio. Outros agentes do GSI também aparecem orientando os invasores, mas sem nenhuma ação contra eles.

Ele comandou a segurança pessoal do presidente entre 2003 e 2009, em seus mandatos anteriores. Ele também foi chefe da Coordenadoria de Segurança Institucional da ex-presidente Dilma Rousseff (PT). O general também atuou na segurança de Lula durante a campanha eleitoral de 2022.

Em resposta às imagens divulgadas, o GSI afirmou nesta quarta-feira que o trabalho de contenção à invasão foi, em um primeiro momento, para concentrar os manifestantes no segundo andar do Palácio do Planalto até a chegada do reforço do pelotão de choque da Polícia Militar do Distrito Federal. A pasta disse também que as condutas dos agentes que supostamente teriam colaborado com os invasores estão sendo apuradas em uma sindicância investigativa, e que, se comprovadas, serão responsabilizados.

Manifestações do governo Lula e do PT

O governo Lula divulgou uma nota na tarde desta quarta-feira, mas não mencionou a saída de Gonçalves Dia do GSI. O Planalto afirmou que "a violência terrorista que se instalou no dia 8 de janeiro contra os Três Poderes da República alcançou um governo recém-empossado, portanto, com muitas equipes ainda remanescentes da gestão anterior, inclusive no Gabinete de Segurança Institucional (GSI), que foram afastados nos dias subsequentes ao episódio.

As imagens do dia 8 de janeiro estão em poder da Polícia Federal, que tem desde então investigado e realizado prisões de acordo com ordens judiciais. No dia 17 de fevereiro, a Polícia Federal pediu autorização para investigar militares e, a partir do dia 27 de fevereiro, com autorização do Supremo Tribunal Federal (STF), tem realizado tais investigações, inclusive com a realização de prisões. Dessa forma, todos os militares envolvidos no dia 8 de janeiro já estão sendo identificados e investigados no âmbito do referido inquérito. Já foram ouvidos 81 militares, inclusive do GSI.

O governo tem tomado todas as medidas que lhe cabem na investigação do episódio. E reafirma que todos os envolvidos em atos criminosos no dia 8 de janeiro, civis ou militares, estão sendo identificados pela Polícia Federal e apresentados ao Ministério Público e ao Poder Judiciário. A orientação do governo permanece a mesma: não haverá impunidade para os envolvidos nos atos criminosos de 8 de janeiro.

Já a presidente do PT, Gleisi Hoffmann, se manifestou sobre a questão por meio das redes sociais. Ela disse que o ministro deixa o cargo, mas "as investigações continuam". Segundo ela, os demais agentes do GSI filmados "eram do governo Bolsonaro" e ainda não tinham sido substituídos pela gestão petista.

"Agentes filmados colaborando com invasores do Planalto eram do governo Bolsonaro, do GSI do general Heleno, que ainda não haviam sido substituídos. O general Gonçalves Dias sai, mas as investigações continuam. Não adianta vir com armação: Invasores, terroristas e golpistas eram todos da turma de Bolsonaro. Vão pagar por seus crimes", disse ela no Twitter.

O que Gonçalves Dias diz sobre o 8 de janeiro

Gonçalves Dias afirmou nesta quarta-feira (19) que retirou invasores dos andares superiores do Palácio do Planalto para que fossem presos durante os atos de vandalismo de 8 de janeiro. A declaração foi feita em entrevista à GloboNews após ele pedir demissão.

"Eu cheguei ao palácio quando os manifestantes tinham rompido o bloqueio da Polícia Militar na altura do Ministério da Justiça. A maior parte subiu pela rampa. Como o palácio tem vidro, as pessoas quebraram os vidros. Não entraram pelas portas. É um vidro extremamente vulnerável", disse. "Eu entrei no palácio depois que o palácio foi invadido e estava retirando as pessoas do 3º e 4º piso, para que houvesse a prisão no 2º", acrescentou.

O ex-ministro afirmou que as imagens foram distribuídas na íntegra às autoridades policiais que investigam os atos de vandalismo. Questionado se as autoridades realmente receberam as imagens completas, Gonçalves Dias consentiu.

Sobre o pedido de demissão, o general Gonçalves Dias disse estar triste.
"Estou muito triste. Coloquei meu cargo à disposição do presidente da República para que toda a investigação seja feita”, afirmou. Segundo ele, todas as pessoas que estavam dentro do Palácio do Planalto conduzindo a operação do dia 8 de janeiro estão afastadas e sendo investigadas.

"Ninguém fala, mas nós preservamos praticamente o terceiro piso todinho. O coração do Planalto, que é a sala do presidente, ela foi preservada. Toda a ala do gabinete pessoal foi preservada e o quarto piso foi preservado por completo desses invasores", afirmou.

Convocação e intimação

Após a divulgação das imagens, a Comissão de Segurança Pública da Câmara dos Deputados aprovou a convocação do general Gonçalves Dias para explicar a atuação do órgão durante os atos de vandalismo de 8 de janeiro. A convocação, diferente do convite, obrigava o então ministro a comparecer para prestar esclarecimentos aos deputados.

Antes de deixar o cargo, Gonçalves Dias havia se afastado temporariamente das funções a partir desta quarta (19) por problemas de saúde. De acordo com um atestado médico emitido pela Coordenação de Saúde da Presidência da República, ele foi atendido pelo departamento no começo da tarde com um “quadro clínico agudo e com necessidade de medicação e observação”, mas sem justificar por qual motivo.

O documento, assinado pelo médico João Luiz Henrique da Silveira, afirma que o ministro deve “ter ausência em compromissos justificadas por motivo de saúde na presente data”, mas também sem explicar o período de afastamento.

Além disso, a Polícia Federal deve intimar ainda nesta semana o ministro-chefe do GSI para depor sobre os atos de vandalismo de 8 de janeiro. A PF ouviu 81 depoimentos de militares sobre os atos de 8 de janeiro. Segundo a CNN Brasil, fontes da corporação afirmam que os investigadores já tinham ouvido sobre a suposta negligência de Gonçalves Dias na invasão à sede do Executivo.

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