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Lula denuncia “ameaça do unilateralismo” por “corrida predatória por minérios” nos oceanos

Lula
Presidente afirma que há uma corrida predatória por minérios nos oceanos, em referência a anúncio recente de Trump. (Foto: reprodução/Youtube Canal Gov)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) denunciou nesta segunda (9) o que chama de “ameaça do unilateralismo” pela corrida à exploração de minérios estratégicos no fundo dos oceanos. A crítica foi feita durante a conferência da Organização das Nações Unidas (ONU) sobre o tema em Nice, na França, país onde o petista cumpre agenda oficial desde a semana passada.

A denúncia de Lula sobre os oceanos é referente ao anúncio recente do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, de liberar a mineração em alto-mar – inclusive em águas internacionais –, desafiando a Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos (AIFM), ligada à ONU.

“Paira sobre o oceano a ameaça do unilateralismo. Não podemos permitir que ocorra com o mar o que aconteceu no comércio internacional, cujas regras foram erodidas a ponto de deixar a OMC inoperante. Evitar que os oceanos se tornem palco de disputas geopolíticas é uma tarefa urgente para a construção da paz”, afirmou o presidente em discurso.

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Lula também se referiu, no discurso, à taxação imposta por Trump a dezenas de países em abril por produtos exportados aos Estados Unidos, e que levou nações a tentarem acordos bilaterais ou mesmo recorrerem à Organização Mundial do Comércio (OMC).

O presidente ainda lembrou que os oceanos em águas internacionais foram consagrados pela Convenção da ONU há mais de quatro décadas, e que representou “uma das maiores conquistas da história da diplomacia”. Este instrumento, segundo ele, estaria sendo ameaçado pela decisão de Trump.

“Canais, golfos e estreitos devem nos aproximar e não ser motivo de discórdia.  Coibir uma corrida predatória por minérios requer apoio à firme atuação da Autoridade Internacional dos Fundos Marinhos, dirigida hoje pela cientista brasileira Letícia de Carvalho, a quem quero transmitir um abraço”, completou.

Ainda durante o discurso, Lula denunciou o que seria um bloqueio de “interesses escusos” à criação do Santuário de Baleias do Atlântico Sul, e fez um forte apelo à preservação ambiental.

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Ele reafirmou que o Brasil irá ratificar ainda este ano o Tratado do Alto Mar, assegurando uma governança mais transparente e compartilhada da biodiversidade em águas internacionais. Ele também anunciou que o país ampliará suas áreas marinhas protegidas de 26% para 30% até 2030 e implementará políticas específicas para a preservação de manguezais, recifes de corais e o combate à poluição por plásticos.

“Quem quer conhecer a Amazônia, quem defende tanto a Amazônia precisa ir na Amazônia para ver a nossa COP30. Para as pessoas saberem que embaixo de cada copa de árvore que a gente quer preservar tem uma criança, tem um indígena, tem um pescador, tem um seringueiro, tem um extrativista, tem um ser humano”, emendou.

Lula também cobrou dos países ricos o pagamento de sua “dívida histórica” em relação às emissões de gases de efeito estufa.

“Os países ricos precisam pagar a sua dívida com o contencioso de emissão de gases de efeito estufa”, completou.

Após participar da conferência da ONU sobre oceanos em Nice, Lula seguiu para a cidade de Lyon para participar de uma sessão solene na Interpol, que hoje é dirigida pelo brasileiro Valdecy Urquiza. O presidente retorna ao Brasil logo depois, com previsão de chegar em Brasília à noite.

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