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Relação diplomática

Lula e Boric reforçam integração, apesar de divergências sobre a Venezuela

Lula recebe Gabriel Boric e Brasil e Chile avançam em cooperação. (Foto: Ricardo Stuckert / PR)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva recebeu nesta terça-feira (22/4), no Palácio do Planalto, o presidente do Chile, Gabriel Boric, em um encontro marcado por acordos estratégicos e discursos em defesa da democracia e da integração regional. A reunião ocorreu justamente no dia em que o Brasil celebra os 524 anos de seu “descobrimento”, e também os 189 anos de relações diplomáticas entre Brasil e Chile.

Durante o encontro, os dois países assinaram memorandos de entendimento e tratados de cooperação nas áreas de segurança pública, defesa nacional, agricultura e inteligência artificial.

Entre os destaques está o incentivo ao desenvolvimento de sistemas de Inteligência Artificial que valorizem a inclusão dos idiomas e expressões culturais latino-americanas. Na área da segurança, foi firmada uma parceria para prevenção e combate ao crime organizado transnacional, além de um tratado que amplia a assistência jurídica mútua em matéria penal, fortalecendo a cooperação em investigações e processos criminais.

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Democracia, integração e críticas à extrema-direita

Durante a coletiva de imprensa, Lula e Boric defenderam a importância de uma América do Sul unida e democrática. O presidente chileno destacou que "ninguém pode se salvar sozinho em um mundo com tantos desafios", e reforçou que os países devem trabalhar juntos em diversas frentes, não apenas na econômica, mas também na defesa dos valores democráticos.

Lula, por sua vez, foi enfático ao lembrar que, por séculos, o Brasil foi induzido a virar as costas para seus vizinhos sul-americanos, mirando apenas os países ricos do Norte. Agora, segundo ele, é hora de fortalecer os laços regionais. “Só seremos fortes se estivermos juntos”, afirmou.

O presidente brasileiro também fez alertas contundentes sobre os riscos da ascensão da extrema-direita no continente. Ele defendeu a construção de instituições sólidas e constituições que garantam o funcionamento da democracia, independentemente de quem esteja no poder.

"Como será o Brasil quando não for mais presidente? Se entrar a extrema direita aqui. Como será o Chile se entrar uma extrema direita no Chile? E assim para todos os países. Vamos ver a diferença dos Estados Unidos, do Biden e do Trump. O que mudou nesse mundo?", questionou o petista.

Divergências entre Lula e Boric

Apesar da proximidade entre Brasil e Chile com a assinatura de acordos e memorandos, Lula e Gabriel Boric apresentaram diferenças notáveis em suas posturas em relação às eleições presidenciais venezuelanas de 2024.

O presidente chileno, Gabriel Boric, adotou uma posição firme ao classificar o governo de Nicolás Maduro como uma ditadura e denunciar o processo eleitoral venezuelano como fraudulento. Após a reeleição de Maduro, Boric declarou que os resultados eram "difíceis de acreditar" e exigiu transparência nas atas e no processo eleitoral. Ele também criticou as ameaças de Maduro sobre um possível "banho de sangue" caso perdesse as eleições, afirmando que "não se pode ameaçar com banhos de sangue" .​

Por outro lado, o presidente Lula expressou preocupações com o processo eleitoral na Venezuela, especialmente após a exclusão de candidaturas da oposição. Lula criticou a declaração de Maduro sobre um possível "banho de sangue", dizendo que ficou "assustado" com tal afirmação. No entanto, Lula evitou classificar diretamente o governo de Maduro como uma ditadura e buscou manter uma abordagem mais diplomática, sugerindo a necessidade de eleições transparentes e reconhecidas por todos.

Fórum empresarial e Rotas de Integração Sul-Americana

Além do encontro com o presidente Lula, o chefe de Estado chileno também participará de encontros em que serão tratados acordos de cooperação e parcerias em diversas áreas da gestão pública e empresarial.

Na tarde desta terça (22), ocorrerá o Fórum Empresarial Brasil-Chile com empresários, representantes de entidades setoriais e autoridades dos dois países. O Brasil é o maior parceiro comercial do Chile na América do Sul. Bens industriais representam boa parte da pauta comercial.

No Fórum, será apresentado o projeto Rotas de Integração Sul-Americana, com enfoque especial nos avanços da Rota Bioceânica de Capricórnio. O trecho liga os portos brasileiros nos estados de São Paulo, Paraná e Santa Catarina, aos portos de Iquique, Mejillones e Antofagasta, no Chile.

“Será um momento fundamental porque fortalecerá os laços de confiança entre os setores público e privado dos dois países. Cada um está em uma ponta: o Chile diante do Pacífico e o Brasil diante do Atlântico. A rota bioceânica permitirá uma aproximação que trará mais empregos e mais renda para os dois países”, afirmou a ministra do Planejamento, Simone Tebet.

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