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Lula - Macron - Brasil - França - Planalto
Lula – Macron – Brasil – França – Planalto| Foto: Ricardo Stuckert/PR

O presidente Luiz Inácio da Lula da Silva (PT) deu declarações contraditórias sobre as eleições na Venezuela nesta quinta-feira (28). Ele chegou a criticar Nicolás Maduro e disse que é "grave" o fato de a candidata Corina Yoris, opositora do ditador da Venezuela, não ter conseguido se inscrever para as eleições presidenciais no país. Mas, no mesmo evento, voltou a minimizar a inabilitação de outra postulante ao cargo da oposição venezuelana, María Corina Machado. As afirmações foram feitas no Palácio do Planalto, em Brasília, durante coletiva de imprensa com o presidente francês, Emmanuel Macron.

De acordo com o petista, o fato de María Corina Machado ser impedida de concorrer pela Justiça venezuelana "não era um agravante". Por outro lado, Lula condenou o fato do regime venezuelano ter impedido que ela indicasse uma substituta "sem motivo jurídico ou político".

"O fato de uma candidata não poder disputar a eleição não era um agravante. Aqui, no Brasil, eu fui proibido de disputar, quando era líder em todas as pesquisas eleitorais. Indiquei o Haddad. Perdemos. Mas faz parte", disse Lula.

O petista já havia causado polêmica há algumas semanas ao dizer que "ao invés de ficar chorando", María Corina Machado deveria indicar outra pessoa para concorrer em seu lugar. A candidata do Vente Venezuela foi inabilitada a disputar as eleições presidenciais por 15 anos pela Suprema Corte da Venezuela. Ela tentou recorrer da decisão, mas sem sucesso.

Apesar dessas declarações, o petista afirmou nesta quinta (28) que considera "grave" o fato da outra candidata da oposição, Corina Yoris, não ter conseguido se inscrever para as eleições venezuelanas.

"É grave que a candidata não possa ter sido registrada. Ela não foi proibida pela Justiça. Me parece que ela se dirigiu até o lugar, tentou usar o computador local e não conseguiu entrar. Então é algo que causou prejuízo a uma candidata. Não tem explicação jurídica ou política proibir um adversário de ser candidato", disse Lula.

Corina Yoris tentou ser a substituta de María Corina Machado, principal nome da oposição venezuelana, nas eleições presidenciais, mas afirma ter sido bloqueada de se inscrever no sistema automatizado de registro no Conselho Nacional Eleitoral (CNE) - que é controlado pelos aliados do ditador Maduro.

Macron diz que processo eleitoral na Venezuela não pode ser considerado democrático

O presidente da França, Emmanuel Macron, também condenou a situação no país e afirmou que o processo eleitoral na Venezuela "não pode ser considerado democrático". "O marco que essas eleições estão a decorrer não pode ser considerado como democrático. A situação é grave e piorou com a última decisão", afirmou Macron.

"É preciso fazer de tudo para convencer o presidente Maduro e o sistema [eleitoral venezuelano] para que reintegrem todos os outros candidatos e ter eleições mais transparentes, com observadores regionais e internacionais. Concordo com tudo que Lula disse, condenamos firmemente por terem retirado uma candidata muito boa desse processo", disse o francês.

Macron ainda afirmou que esteve em contato com Brasil, Chile e Argentina sobre a situação eleitoral na Venezuela.

O ditador Nicolás Maduro tem sido pressionado pela comunidade internacional a realizar eleições democráticas no país. No último ano, o regime de Maduro, partidos da oposição e diversos países fecharam o Acordo de Barbados, com a intenção de viabilizar eleições transparentes e democráticas na Venezuela.

Nos termos do tratado, os Estados Unidos chegaram a concordar em retirar os embargos impostos a Caracas desde que o autocrata venezuelano cumprisse sua parte do acordo: eleições democráticas e com acompanhamento da comunidade internacional. O autocrata, contudo, não tem cumprido sua parte do acordo e já realizou diversas manobras eleitorais para manipular o processo eleitoral no país.

Outras declarações polêmicas de Lula sobre a Venezuela

Enquanto Maduro abusa de manobras eleitorais para se manter no poder, Lula pediu "presunção de inocência" para o pleito convocado pelo ditador venezuelano. A declaração foi dada pelo petista no início deste mês. Ele afirmou que não tem como garantir antecipadamente que as eleições serão “honestas” e “democráticas” – embora espere por isso –, mas que recebeu a garantia de Maduro de que vai abrir o processo eleitoral para a observação do mundo.

Em maio de 2023, o brasileiro recebeu Nicolás Maduro em Brasília para a Cúpula da América do Sul. Recepcionado com honrarias de chefe de Estado, Maduro foi o único presidente sul-americano que chegou ao país um dia antes do evento. Após reuniões bilaterais, o petista chegou a dizer, em coletiva de imprensa, que Maduro era "vítima de uma narrativa de antidemocracia e autoritarismo". A declaração rendeu diversas críticas ao brasileiro, entre opositores e apoiadores.

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