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Lula - Maduro - Celac - Brasil - Venezuela
Lula e Maduro se encontram às margens da Cúpula da Celac em São Vicente e Granadinas, no Caribe| Foto: Reprodução/Governo da Venezuela

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) se reuniu, nesta sexta-feira (1º), com o ditador venezuelano, Nicolás Maduro, em São Vicente e Granadinas, uma ilha no Caribe. Segundo a Gazeta do Povo apurou, no encontro, os dois falaram sobre as eleições no país e assinaram um memorando de entendimento com a intenção de “aprofundar o relacionamento bilateral”.

O encontro aconteceu em paralelo à Cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac) e teve duração de cerca de 1h10. Maduro assegurou que fará eleições no país e os dois trataram sobre diversos temas, entre eles a crise ianomami no território indígena e a dívida que Caracas ainda possui com o país.

No poder há mais de 13 anos, Maduro é acusado de implementar um regime ditatorial na Venezuela e, dessa forma, agravar a crise econômica e humanitária no país. Maduro também é apontado por manipular as eleições venezuelanas para se manter no poder.

Neste ano, com eleições previstas para acontecer no segundo semestre, o ditador assinou o Acordo de Barbados com os Estados Unidos em que o país concordou em aliviar os embargos econômicos à Caracas com a condição de Maduro fazer eleições seguras e democráticas. O ditador, contudo, não tem cumprido sua parte do acordo.

Lula, que já saiu em defesa do venezuelano em diversas oportunidades, acionou o Palácio do Itamaraty e seu assessor para assuntos especiais, Celso Amorim, para negociarem o pleito eleitoral em Caracas. O Brasil, inclusive, foi parte ativa nas negociações com Washington.

Segundo o Ministério de Relações Exteriores, a pasta está em contato frequente com o governo venezuelano e tentando fazer Maduro entender a importância dessa eleição. Ainda segundo o Itamaraty, a pasta tem tido "sinalizações" de que o governo venezuelano vai marcar o pleito presidencial para o segundo semestre deste ano.

Maduro deve insistir em descumprir Acordo de Barbados

Na esteira das negociações para realizar eleições, Venezuela e Estados Unidos fecharam o Acordo de Barbados, negociado com o governo de Maduro, opositores e com outros países. Maduro, contudo, não parece estar disposto a deixar o cargo através de vias democráticas.

Em janeiro último, o Tribunal Supremo de Justiça da Venezuela considerou a principal opositora de Maduro, María Corina Machado, inelegível por 15 anos. Corina ganhou as primárias de seu partido, o Vente Venezuela, em outubro do último ano e se tornou alvo do regime venezuelano. Henrique Capriles, um possível substituto para Corina e que já foi candidato à presidência duas vezes, também foi considerado inabilitado para concorrer ao pleito deste ano.

Em encontro com Lula, Maduro garantiu ao petista que fará eleições no país. O pleito, porém, não deve ser conforme o esperado. Nesta sexta, o governo da Venezuela apresentou ao Conselho Nacional Eleitoral uma proposta para eleições de acordo com interesses do ditador. No documento, que anula do Acordo de Barbados, Maduro oferece 27 datas possíveis para o pleito.

O ditador chamou a nova proposta de “mais completa, mais inclusiva que já fizemos na Venezuela nestes 25 anos de Revolução Bolivariana". Em anúncio feito pelo governo venezuelano, o novo documento defende a “soberania nacional” e rejeita “sanções criminosas que agridem o povo da Venezuela”.

Crise com a Guiana

O encontro de Lula e Maduro acontece ainda dois dias depois que o brasileiro se reuniu com Irfaan Ali, presidente da Guiana. O país também tem sido alvo das ameaças do autocrata venezuelano que realizou um referendo no último ano com a intenção de invadir e anexar a região de Essequibo, que corresponde a 70% do território da Guiana.

A área é disputada por Guiana e Venezuela há mais de um século. Com grandes reservas de petróleo e minerais, a riqueza natural da região foi amplamente explorada pela Guiana nos últimos anos e impactou positivamente na economia do país.

Em 2023, após a oposição ter mostrado força e preferência do eleitorado, Maduro reascendeu a discussão do Essequibo e angariou apelo social. O impasse territorial quase virou um conflito armado no final do ano e, desde então, o Brasil se colocou à disposição para sediar reuniões.

Em passagem pela Guiana, contudo, Lula disse que o impasse com a Venezuela não foi discutido com Irfaan e nem seria no encontro com Maduro. Ainda disse à imprensa que “o Brasil vai continuar empenhado para que as coisas aconteçam na maior tranquilidade possível”.

“Se, em 100 anos, não foi possível resolver esse problema, é possível que a gente leve mais algumas décadas. A única coisa que eu tenho certeza é que a violência não resolverá esse problema, criará outros problemas”, disse o petista sobre a disputa territorial entre Guiana e Venezuela.

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