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Cúpula do Brics

Lula defende reforma e fortalecimento da OMS e protagonismo do Sul Global na transição climática

Lula
Presidente adotou tom mais moderado sem críticas diretas a outros países e organizações internacionais. (Foto: reprodução/Youtube Canal Gov)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) defendeu nesta segunda (7) o fortalecimento da Organização Mundial da Saúde (OMS) como liderança legítima no enfrentamento de pandemias e políticas de saúde e alertou para a urgência de uma reforma profunda nas estratégias globais de combate às mudanças climáticas.

A defesa pela instituição ocorreu durante o discurso no último dia da Cúpula do Brics, realizada no Rio de Janeiro. Além da OMS, o presidente aproveitou o encontro para lançar as diretrizes que o Brasil levará à COP 30 de Belém, em novembro.

“Apesar de ser um direito humano, bem público e motor de desenvolvimento, a saúde global também é profundamente afetada pela pobreza e pelo unilateralismo. Recuperar o protagonismo da Organização Mundial da Saúde como foro legítimo para o enfrentamento às pandemias e na defesa da saúde dos povos é urgente”, disse o presidente.

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O discurso deste último dia da cúpula foi mais moderado do que os proferidos na véspera, em que Lula foi mais enfático na defesa dos parceiros e crítico em relação a outras nações, principalmente sobre os conflitos no Leste europeu e no Oriente Médio.

No entanto, em um ponto mais incisivo, Lula afirmou o que seria uma negligência de nações desenvolvidas contra países em desenvolvimento por doenças que persistem no chamado Sul Global, por falta de investimentos em saneamento, alimentação adequada, educação de qualidade, moradia digna, trabalho e renda.

“No Brasil e no mundo, a renda, a escolaridade, o gênero, a raça e o local de nascimento determinam quem adoece e quem morre. Muitas das doenças que matam milhares em nossos países, como o mal de Chagas e a cólera, já teriam sido erradicadas se atingissem o Norte Global”, pontuou.

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Na questão do clima e da transição energética, Lula criticou o que seria uma disseminação de desinformação, negacionismo, unilateralismo e desmonte de fóruns, como a dificuldade de se avançar com o Acordo de Paris.

“O negacionismo e o unilateralismo estão corroendo avanços do passado e sabotando nosso futuro. O aquecimento global ocorre em ritmo mais acelerado do que o previsto. As florestas tropicais estão sendo empurradas para seu ponto de não retorno”, disse.

Lula reforçou que os países em desenvolvimento serão os mais afetados pelas perdas e danos climáticos, dispondo de menos meios para adaptação e mitigação. Por isso, defendeu justiça climática aliada ao combate à fome e às desigualdades socioambientais, valorizando a proteção dos territórios e a geração de empregos com igualdade de gênero e combate ao racismo.

Entre as propostas anunciadas, o presidente destacou a criação do Fundo Florestas Tropicais para Sempre, que será lançado oficialmente durante a COP 30, com o objetivo de remunerar os serviços ecossistêmicos prestados pelas florestas tropicais ao planeta.

Também foi apresentada a Declaração-Quadro sobre Finanças Climáticas do BRICS, que aponta novas fontes e modelos de financiamento climático, diante da insuficiência dos compromissos assumidos até a COP29, no Azerbaijão, em 2024.

“Faz parte desse desafio viabilizar os meios de implementação necessários, hoje estimados em 1.3 trilhão de dólares, partindo dos 300 bilhões já acordados na COP29 no Azerbaijão. O Sul Global tem condições de liderar novo paradigma de desenvolvimento, sem repetir os erros do passado”, citou.

O presidente ainda denunciou o que seria a concentração das emissões de carbono nas mãos de poucos: “80% das emissões vêm de menos de 60 empresas, a maioria atua nos setores de petróleo, gás e cimento”. E criticou o financiamento bilionário destinado aos combustíveis fósseis, de que “os 65 maiores bancos do mundo se comprometeram com US$ 869 bilhões para o setor”.

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