O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) confirmou que ele vai se reunir com o mandatário da Venezuela, Nicolás Maduro, na tarde desta sexta-feira (1º), durante a viagem que faz a São Vicente e Granadinas. Lula está no país caribenho para participar da reunião de cúpula da Comunidade de Estados Latino-Americanos e Caribenhos (Celac). O encontro está marcado para 12h30 (horário de Brasília).
O encontro entre Lula e Maduro é bastante aguardado por ocorrer em um momento de disputa com a Guiana pela região de Essequibo – após a descoberta de grandes jazidas de petróleo – e que faz fronteira direta com o Brasil. E também pelo momento político da Venezuela, que o líder vem barrando a participação de oposicionistas nas eleições presidenciais deste ano.
No entanto, a questão Essequibo não deve ser tocada na reunião, segundo Lula afirmou na quinta (29) ao final da viagem à Guiana, após uma reunião com o presidente Irfaan Ali. Ele afirmou que não falou com o mandatário guianense sobre a disputa, e que não o fará com Maduro.
“Da mesma forma que eu não vou discutir com o presidente Maduro essa questão. A reunião não é para isso, é para discutir a Celac. Eu vou encontrar com o Maduro lá, e eu pretendo discutir a hora que eles quiserem marcar uma reunião, e o presidente [primeiro-ministro] Ralph [de São Vicente e Granadinas], que é o coordenador que vai marcar, o Brasil estará totalmente a disposição para participar”, afirmou.
Lula, no entanto, afirmou que o Brasil “está disposto a conversar com eles quando for necessário, a hora que for necessário porque queremos convencer as pessoas de que é possível, através de diálogo, encontrar a manutenção da paz”.
O presidente brasileiro expressou confiança nos meios diplomáticos para a solução do conflito, embora tenha mencionado a possibilidade de o processo se estender por algumas décadas.
“O Brasil vai continuar empenhado para que as coisas aconteçam na maior tranquilidade possível. Se em 100 anos não foi possível resolver esse problema, é possível que a gente leve mais algumas décadas, a única coisa que eu tenho certeza é que a violência não resolverá esse problema, criará outros problemas”, completou.
A disputa pela região remonta ao século XIX e teve novos episódios quando Maduro organizou um referendo consultivo, em dezembro do ano passado, sobre a anexação unilateral do território, aprovado por mais de 95% da população.
O resultado apoiava a criação de uma província venezuelana na região, chamada “Guiana Essequiba”, e a concessão da nacionalidade aos seus habitantes. A Guiana considerou a consulta uma ameaça direta e levou o assunto ao Conselho de Segurança da ONU, resultando em uma reunião sem declaração final.
Posteriormente, a Guiana anunciou estar em contato com aliados militares e permitiu a possível presença do Comando Sul dos Estados Unidos em seu país, enquanto o Brasil optou por reforçar sua presença militar na fronteira e intensificar os contatos diplomáticos para mediar o conflito, buscando uma solução pacífica. Após mediação, os governos da Venezuela e da Guiana concordaram em não utilizar a força na disputa.
Além da reunião com Maduro, Lula também vai discutir a situação de Gaza com o presidente da Colômbia, Gustavo Petro; com o ministro das Relações Exteriores do Chile, Alberto van Klaveren; e com a secretária de Relações Exteriores do México, Alicia Bárcena.
Ainda sobre isso, ele vai se reunir com o secretário-geral da ONU, António Guterres – a organização vem sendo alvo constante de críticas de Lula por não conseguir encontrar soluções para os conflitos em andamento no mundo, principalmente da Rússia contra a Ucrânia e de Israel contra o Hamas.
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