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Brasil em chamas

Lula silencia sobre decisão de Dino para reforçar combate aos incêndios; Marina diz que houve “abandono do ICMBio”

Lula
Lula apenas reconheceu a situação de dificuldade pela seca dos rios do Amazonas, e Marina diz que ICMBio sofreu "abandono". (Foto: Ricardo Stuckert/Secom)

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O presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) reconheceu nesta terça (10) a gravidade da situação de estiagem no Amazonas que está agravando os incêndios florestais, mas evitou explicar as efetivas ações que o governo está tomando para conter as chamas e como atenderá a decisão do ministro Flávio Dino, do Supremo Tribunal Federal (STF), para reforçar o efetivo em até cinco dias.

A curta declaração foi dada durante uma live nas redes sociais no meio da tarde na comunidade de Campo Novo (AM), em que conversou com moradores sobre a redução da vazão dos rios da região que dificulta a mobilidade da população e o escoamento da produção de alimentos. Entre declarações soltas, falou ainda sobre problemas como deficiências na transmissão de energia elétrica e acesso à educação e saúde.

Apenas Marina Silva deu uma curta declaração mais elaborada sobre as chamas, afirmando que o Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) sofreu um “abandono das políticas”. “Foram quatro anos de abandono das políticas do ICMBio”, disse ao lado de Lula.

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Além de Marina, outros ministros estiveram presentes na live, entre eles Nísia Trindade (Saúde) e Wellington Dias (Desenvolvimento Social), além de políticos da região.

“O rio baixou de uma forma assustadora, a cada ano estamos perdendo quantida de peixe do rio e a mobilidade. Isso é um processo de mudança do clima. Temos que trabalhar em várias frentes, assistência social, combate ao desmatamento e mudança do clima”, disse Marina Silva também sem detalhar as ações.

Lula e Marina foram questionados pela reportagem durante a live sobre a posição do governo a respeito do agravamento das chamas – na segunda (9), 60% do território nacional estava coberto por fumaça segundo o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe) – e a crítica de Flávio Dino determinando um reforço no efetivo de combate. No entanto, não responderam.

A comitiva presidencial está no estado do Amazonas desde cedo para ver de perto a situação dos moradores e as ações de combate às chamas. A agenda – atrasada em duas horas, segundo ele próprio citou durante a live – incluiu, mais cedo, uma visita a uma comunidade indígena em Manaquiri (AM), passou por Campo Novo e seguirá para Tefé e Manaus, onde terá uma reunião com prefeitos de cidades do estado afetadas pela seca.

O presidente ainda dará uma entrevista a uma rádio local e anunciará medidas de combate à seca na Amazônia.

Mais cedo, segundo divulgou o governo federal, dos 62 municípios do estado, 61 tiveram o reconhecimento federal da situação de emergência por causa da estiagem. Em toda a região amazônica, 20 concentram 85% dos focos de calor, principalmente nos estados do Amazonas, Pará, Rondônia, Roraima, Acre e Mato Grosso.

Segundo o Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática (MMA), ao longo deste ano foram queimados 6,7 milhões de hectares na Amazônia, o equivalente a 1,6% do bioma.

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Medidas contra os incêndios e a estiagem

De acordo com as primeiras informações divulgadas pelo governo, estão previstas obras de dragagem que evitem o isolamento de comunidades por causa da redução do volume dos rios.

Serão investidos R$ 500 milhões ao longo de cinco anos para a manutenção da navegabilidade nos rios Amazonas e Solimões. Os trechos prioritários, diz o governo, incluem as rotas Manaus-Itacoatiara e Coari-Codajás, além de Benjamin Constant-Tabatinga e Benjamin Constant-São Paulo de Olivença.

“Precisamos agir rápido para garantir que insumos e mercadorias continuem chegando a essas comunidades isoladas pela seca”, antecipou Lula do que será anunciado à tarde.

A dragagem será realizada em locais específicos, conhecidos como passos críticos, onde há acúmulo de sedimentos que impedem a navegação. Além disso, está prevista a instalação de sinalização náutica para orientar os navegantes sobre as áreas seguras.

O Ministério de Portos e Aeroportos (MPor) também já destinou R$ 92,8 milhões para a dragagem do trecho Manaus-Itacoatiara, enquanto os outros trechos estão em fase de licitação, com valores que variam entre R$ 112,3 milhões e R$ 139,8 milhões, dependendo da extensão e da complexidade da obra.

As obras serão conduzidas pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT) e respeitarão o licenciamento ambiental, com os sedimentos retirados sendo depositados fora do canal de navegação.

Além dessas intervenções, o governo também anunciou novas dragagens no Rio Madeira, com foco nas travessias críticas entre Porto Velho (RO) e Manicoré (AM), além de ações na BR-230, em Humaitá (AM), que somam mais de R$ 151 milhões.

No Rio Tapajós, trechos entre Itaituba e Santarém, no Pará, também passarão por dragagem, com um investimento estimado de R$ 117,3 milhões.

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