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Narrativa russa

Mapa do governo Lula marca regiões ocupadas da Ucrânia como território russo

Lula
Governo Lula apresenta mapa com partes da Ucrânia como pertencentes à Rússia (Foto: Fernando Frazão/Agência Brasil)

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Uma publicação compartilhada pelo governo Lula no Instagram gerou repercussão por mostrar, em um mapa, partes da Ucrânia como se fossem território russo. A postagem foi compartilhada no perfil oficial do Planalto na última sexta-feira (4).

No vídeo, as regiões ucranianas de Donetsk, Lugansk, Kherson e Zaporizhzhia — atualmente sob ocupação militar russa — aparecem já incorporadas à Federação Russa. Também consta a Crimeia, anexada pela Rússia em 2014, mas ainda reconhecida internacionalmente como território ucraniano.

Vídeo compartilhado pelo governo Lula mostra regiões da Ucrânia marcadas como território russoVídeo compartilhado pelo governo Lula mostra regiões da Ucrânia marcadas como território russo | Foto: Reprodução/Instagram @oipedrodaher @govbr @brics_br (Foto: Reprodução/Instagram @oipedrodaher @govbr @brics_br)

A postagem gerou críticas por sugerir, ainda que indiretamente, que o Brasil reconhece a anexação russa dessas regiões. Isso ocorre em um momento em que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tenta manter a imagem de país neutro no conflito entre Ucrânia e Rússia.

Apesar disso, o mapa parece contradizer esse discurso. As regiões em disputa não têm o reconhecimento oficial da maioria dos países do Ocidente, tampouco das Nações Unidas. Assim, o uso desse tipo de representação geopolítica tende a ser interpretado como endosso à posição do Kremlin.

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Postagem trata sobre emissão de carbono

O conteúdo do vídeo postado no perfil do governo Lula trata da emissão de carbono e da importância dos países emergentes nesse debate. A publicação foi motivada pela reunião dos BRICS, grupo formado por nações em desenvolvimento com crescente influência global.

Atualmente, o bloco inclui Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. Além disso, novos membros passaram a integrar o grupo: Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia, Indonésia e Irã.

Ao todo, os BRICS representam 39% da economia mundial. Juntos, esses países também reúnem 48,5% da população global.

Post ocorre após falas de Trump sobre conflito entre Rússia e Ucrânia

Além da publicação, o contexto internacional também pressiona. Um dia antes da postagem, o presidente americano Donald Trump revelou detalhes de conversas recentes com Vladimir Putin. Segundo ele, o líder russo deixou claro que não abrirá mão de manter os territórios ocupados.

Putin também afirmou que considera inegociável impedir a entrada da Ucrânia na Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan). Ambas as condições são rejeitadas por Kiev, que afirma que negociar nesses termos seria ceder à violação de sua soberania nacional.

Governo brasileiro mantém silêncio sobre publicação nas redes

Mesmo diante desse cenário, o governo Lula continua a buscar uma narrativa de “mediação” no conflito. No entanto, atitudes como a publicação do mapa alimentam desconfiança sobre a real imparcialidade brasileira.

Apesar da polêmica, o Itamaraty ainda não se manifestou sobre a publicação. Até o momento, também não houve correção, esclarecimento ou confirmação por parte do Planalto e a postagem segue no ar. Contatada pela reportagem, a Secretaria de Comunicação Social (SECOM) não deu um retorno até o fechamento da matéria.

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