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Lula e Haddad
Pesquisa da Quaest mostra um aumento do “mau humor” do mercado financeiro com Lula, mas otimismo com Haddad.| Foto: reprodução/Canal Gov

Os agentes do mercado financeiro sinalizam uma espécie de “mau humor” com o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) de acordo com a nova rodada da pesquisa Quaest divulgada na manhã desta quarta (20).

O instituto foi à campo para ouvir do mercado a percepção com o rumo das políticas econômicas do petista, e ouviu que o intervencionismo em empresas públicas e privadas e a possibilidade de não zerar o rombo das contas públicas geram um pessimismo nos investidores, mesmo com uma melhor avaliação do trabalho do ministro Fernando Haddad, da Fazenda (veja mais abaixo).

A Quaest ouviu 101 pessoas entre gestores, economistas, traders (operadores do mercado de capitais) e analistas das 84 maiores casas de investimento do Rio de Janeiro e de São Paulo, entre os dias 14 e 19 de março (veja na íntegra).

A nova rodada da pesquisa aponta que 64% dos agentes do mercado financeiro avaliam negativamente o governo do presidente Lula, um aumento de 12 pontos percentuais na comparação com o último levantamento de novembro de 2023 e de 20 pontos com o de julho do ano passado, quando houve primeiro aumento mais acentuado na percepção.

Já a avaliação positiva que era de 0 na primeira pesquisa do governo Lula 3, em março do ano passado, chegou a ter um pico de 20% em julho e foi regredindo gradativamente até alcançar 6% agora.

Veja abaixo a série histórica:

Pesquisa Quaest
Avaliação do governo Lula em março de 2024.| divulgação/Quaest

O aumento da avaliação negativa de Lula se dá, entre outros motivos segundo a Quaest, por conta do intervencionismo do governo na economia principalmente em empresas públicas e privadas. Nos mais recentes episódios, Lula determinou o não pagamento dos dividendos extraordinários aos acionistas da Petrobras e tentou emplacar o ex-ministro Guido Mantega no conselho da Vale.

O intervencionismo do governo é apontado como o maior risco de Lula no mercado (50%), seguido pelo estouro da meta fiscal (23%), ou seja, de não alcançar o prometido equilíbrio das contas públicas, e a perda de popularidade do presidente (19%). Este último ponto, por sinal, levou o petista a convocar a reunião ministerial da última segunda (18), em que cobrou mais ações, resultados e divulgações dos seus ministros.

A questão da meta fiscal também foi apurada pela Quaest, que apontou que 99% dos entrevistados – uma opinião quase unânime – acreditam que o governo não vai conseguir zerar o rombo das contas públicas neste ano. Para 33% dos entrevistados, a meta será revista após a divulgação do Relatório de Receitas e Despesas, em maio, e apenas 10% não acreditam em uma alteração.

Entre outros números relativos aos motivos de pessimismo do mercado com o governo Lula, 97% dos entrevistados acreditam que não pagar os dividendos da Petrobras foi uma decisão errada, 52% acreditam que o governo vai voltar atrás e pagar até o final do ano, e 89% preveem uma redução dos investimentos estrangeiros no Brasil por conta da interferência na gestão da Vale.

Com isso, 45% dos entrevistados veem que a imagem do Brasil no exterior piorou desde a posse de Lula. A avaliação negativa era de apenas 20% em julho de 2023, mas foi subindo gradativamente até esta rodada da pesquisa.

Já a avaliação positiva da imagem do Brasil no exterior era de 51% na metade do ano passado e caiu para 25% na percepção dos entrevistados.

Veja abaixo as séries históricas dos números citados acima.

Pessimismo com Lula, otimismo com Haddad

Por outro lado, os agentes do mercado financeiro passaram a ver a atuação do ministro Fernando Haddad, da Fazenda, com mais otimismo do que o presidente, embora ele faça parte do governo. Felipe Nunes, diretor da Quaest, vê que o petista se tornou “um ministro mais forte do que no começo do seu mandato na Fazenda”, aumentando a aprovação com o passar do tempo.

A avaliação positiva de Haddad chegou aos 50% dos entrevistados, com um aumento de 7 pontos porcentuais na comparação com a pesquisa divulgada em novembro do ano passado. É uma recuperação do tombo que tomou dois meses antes, quando a pesquisa de setembro mostrou uma queda de 20 pontos na avaliação positiva.

Para 51% dos agentes do mercado financeiro, neste momento, Haddad é mais forte do que no começo do mandato, contra 35% que consideram igual e 14% menos forte.

Veja abaixo a série histórica da avaliação de Haddad pelos agentes do mercado financeiro:

Avaliação de Haddad
Avaliação do trabalho do ministro Fernando Haddad, da Fazenda.| divulgação/Quaest

O mercado financeiro também se mostra otimista com o controle da inflação, que agora vê uma preocupação maior do governo (51%). Houve um avanço ao longo da série história, que chegou a ter um pico de 80% de desconfiança em maio do ano passado.

“Inflação que, para a maioria dos agentes de mercado, deve permanecer parecida a de 2023 (36%) ou reduzir ainda mais (46%). Inflação é um dos principais indicadores da sensibilidade de opinião. O governo pode colher bons frutos de popularidade com isso”, destacou Felipe Nunes na análise da pesquisa.

Isso faz com que a expectativa de piora da economia seja reduzida em 23 pontos entre a pesquisa de novembro do ano passado (55%) e esta nova rodada (32%). O otimismo por uma melhora se manteve estável em 21%, enquanto que a expectativa de que tudo continue como está aumentou de 34% para 47%.

A continuidade do atual cenário econômico vai depender de como o governo conseguirá aprovar mais projetos de interesse, como “reoneração de setores econômicos, de compensação previdenciária dos municípios, [...] de regulamentação dos dispositivos da reforma tributária compreendendo a realidade do Congresso”, disse o ministro Alexandre Padilha na última segunda (18) antes da reunião ministerial.

“Sobre a capacidade de aprovar sua agenda no Congresso, os agentes de mercado não estão nem otimistas nem pessimistas. Se consolidou a avaliação que o governo tem uma capacidade regular de aprovação, nem alta nem baixa”, analisa Felipe Nunes.

59% dos agentes do mercado financeiro consideram “regular” a capacidade do governo de aprovar a agenda pretendida no Congresso, contra 23% que consideram “baixa” e 18% “alta”.

Veja abaixo as séries históricas dos números citados acima:

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