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O presidente da Argentina, Javier Milei, recusou convite para fazer parte do Brics.
O presidente da Argentina, Javier Milei, recusou convite para fazer parte do Brics.| Foto: EFE/Juan Ignacio Roncoroni
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O presidente argentino, Javier Milei, enviou uma carta ao presidente do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), informando que a Argentina não fará parte do Brics (bloco formado por Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul). Os líderes dos demais países do bloco foram avisados da mesma maneira. Seu antecessor, o peronista Alberto Fernandez, havia manifestado interesse de colocar a Argentina no bloco, quando sua expansão foi articulada em uma reunião da África do Sul no último mês de agosto.

A entrada da Argentina havia sido costurada por Lula após a China liderar um processo de expansão do bloco. Desde 2022, Pequim tenta transformar o bloco econômico em um bloco político de caráter antiamericano. A expansão torna o Brasil menos relevante com a entrada de países como Arábia Saudita, Egito, Emirados Árabes Unidos, Etiópia e Irã.

"A entrada de países como Irã e Arábia Saudita confere um caráter geopolítico que os Brics não tinham", disse o analista de geopolítica Paulo Roberto da Silva Gomes Filho, mestre em ciências militares pela Universidade de Defesa da China e pela Escola de Comando e Estado Maior do Exército do Brasil.

Paulo Filho fez uma análise sobre a influência da China nos Brics na edição desta semana do programa Assunto Capital, da Gazeta do Povo. Clique aqui e veja a entrevista completa.

"O Brasil será o único país latino americano dos Brics, o único país do hemisfério ocidental. Sendo um grupo econômico não há nenhum problema. O grupo econômico é vantajoso para o Brasil. Agora se o grupo passar a ser visto como um antagonista do Ocidente, um antagonista dos Estados Unidos, um antagonista do Reino Unido, da França, da Alemanha, infelizmente eu não acho que atende os interesses do Brasil", disse Paulo Filho.

Esse perigo foi detectado pelo libertário Milei, que disse na carta que a entrada da Argentina no bloco não é "adequada". "Como sabe, a marca da política externa do governo que presidi há alguns dias difere em muitos aspectos da do governo anterior. Nesse sentido, algumas decisões tomadas pela gestão anterior serão revistas. Dentre elas está a criação de uma unidade especializada para a participação ativa do país no Brics, conforme indicou o ex-presidente Alberto Fernández em carta datada de 4 de setembro", destacou Milei na carta enviada à Lula.

A decisão havia sido antecipada em novembro pela então futura ministra das Relações Exteriores do país, Diana Mondino, por meio de uma publicação em sua conta no X (antigo Twitter). A recusa em participar do bloco liderado pelos chineses indica um importante realinhamento da política externa argentina.

Milei atrapalha planos de Lula em relação à Argentina

A vitória de Milei atrapalhou os planos de Lula e a sua relação com os peronistas que governavam a Argentina até o começo de dezembro. Lula tentou, desde o começo de seu mandato, buscar caminhos para ajudar a Argentina a deixar a sua profunda crise econômica, propondo parceria estratégica entre os dois países e atuando junto a outros países e órgãos multilaterais para buscar fontes de financiamento e renegociar dívidas.

Lula chegou a anunciar que o Brasil adotaria um plano com "quase 100 ações" para retomar a parceria estratégica com a Argentina. As ações do governo brasileiro incluíam, além de apoiar a entrada da Argentina no Brics, apelar ao Fundo Monetário Internacional (FMI) por novo tratamento ao país vizinho; firmar operações financeiras, incluindo acordo de US$ 600 milhões; e um empréstimo de US$ 1 bilhão junto ao Banco de Desenvolvimento para a América Latina. 

Antes de conseguir a aprovação da entrada da Argentina no Brics, Lula tentou usar de sua influência política para que o Novo Banco de Desenvolvimento (NBD), também conhecido como "banco do Brics", concedesse empréstimos para o governo do ex-presidente Alberto Fernández. Apesar de ter Dilma Rouseff, presidente do NBD, como sua aliada na empreitada, Lula não conseguiu que os empréstimos fossem aprovados.

Pela regra atual, o NDB realiza operações de crédito apenas nos países membros do banco. Sendo assim, os demais países do Brics consideraram que conceder crédito para a Argentina seria uma excepcionalidade que criaria um precedente e outros integrantes poderiam passar a buscar a instituição para socorrer vizinhos em dificuldades.

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