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Margem Equatorial

Ministério Público pede suspensão de licenças de petróleo na Foz do Amazonas

Ministério Público pede suspensão de licenças de petróleo na Foz do Amazonas
Ministério Público pede suspensão de licenças de petróleo na Foz do Amazonas. (Foto: André Ribeiro/Agência Petrobras)

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O Ministério Público Federal (MPF) apresentou recurso ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região (TRF-1) para tentar suspender o leilão e o licenciamento de blocos de exploração de petróleo na Bacia da Foz do Amazonas. O órgão sustenta que o processo conduzido pela Agência Nacional do Petróleo (ANP) e pelo Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) carece de estudos prévios obrigatórios sobre impactos ambientais e sociais.

A ação faz parte de uma série de contestações apresentadas por procuradores desde que a Petrobras obteve autorização para perfurar o bloco FZA-M-059, localizado a cerca de 160 quilômetros da costa do Amapá, na região conhecida como Margem Equatorial e considerada uma das últimas fronteiras exploratórias do pré-sal brasileiro.

De acordo com nota divulgada pelo MPF, o recurso pede a suspensão imediata do licenciamento até que sejam concluídas avaliações como a Avaliação Ambiental de Área Sedimentar (AAAS), o Estudo de Impacto Climático (EIC) e levantamentos sobre possíveis efeitos à fauna, aos povos indígenas e às comunidades tradicionais da região.

Os procuradores argumentam que a ausência desses estudos fere a legislação ambiental e tratados internacionais ratificados pelo Brasil, como a Convenção 169 da Organização Internacional do Trabalho (OIT), que exige consulta prévia a comunidades potencialmente afetadas por empreendimentos.

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Petrobras e ala do governo defendem rigor técnico da licença

A Petrobras e o governo federal têm defendido que a exploração na Margem Equatorial segue critérios técnicos rígidos e que o Ibama tem autonomia para autorizar ou vetar cada etapa do processo.

Em maio de 2023, o Ibama chegou a negar o primeiro pedido de perfuração feito pela estatal, citando “inconsistências técnicas” e risco à biodiversidade marinha. Após ajustes no projeto, a licença foi concedida neste ano.

O governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) tem apostado na Margem Equatorial como uma nova fronteira energética estratégica para o país, capaz de gerar receitas e empregos em estados do Norte e Nordeste. O ministro de Minas e Energia, Alexandre Silveira, chegou a classificar a região como “essencial para a soberania energética nacional”.

Exploração de petróleo enfrenta resistência ambiental e política

Organizações ambientais e parte da comunidade científica alertam para o risco de acidentes em uma área próxima à foz do rio Amazonas, considerada de alta sensibilidade ecológica. A concessão da licença motivou um processo de ONGs contra o governo Lula.

Entidades ambientalistas defendem que o país priorize investimentos em energias renováveis, enquanto lideranças da região Norte veem na exploração uma oportunidade de desenvolvimento. O presidente do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP) é um dos principais interessados na exploração de petróleo na margem equatorial, localizada em seu estado de origem.

O debate também tem reflexos políticos: dentro do próprio governo, o tema divide ministérios, entre o discurso de transição energética e a busca por novas fontes de arrecadação. O principal embate está relacionado aos ministérios do Meio Ambiente e de Minas e Energia, que tem Marina Silva e Alexandre Silveira no comando, respectivamente.

Marina resistiu ao licenciamento desde o início do governo, mas agora defendeu o caráter técnico da decisão. Ela, no entanto, reconheceu a contradição de autorizar a exploração de petróleo às vésperas do início da COP 30, em novembro, em que o Brasil pretende reforçar o discurso de combate às mudanças climáticas.

“Existe a contradição que as pessoas levantam e com justa razão. A sociedade está debatendo não só com o Brasil, mas no mundo inteiro. Precisamos sair da dependência do uso de combustível fóssil, porque é isso que está aquecendo a temperatura da Terra”, afirmou.

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