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Inquérito do golpe

Moraes atropela procedimentos na ação do suposto golpe de Estado, diz Ibaneis

Ibaneis Rocha
Governador do DF diz concordar com críticas de advogados de defesa dos denunciados por suposta tentativa de golpe. (Foto: José Cruz/Agência Brasil)

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O governador Ibaneis Rocha (MDB-DF), do Distrito Federal, afirma concordar com críticas que tem ouvido de advogados sobre a condução do ministro Alexandre de Moraes na ação da suposta tentativa de golpe de Estado. O político, que foi afastado por 64 dias após os atos de 8 de janeiro de 2023, diz ter visto exemplos da adoção de procedimentos diferentes que dificultam o esclarecimento do caso.

“Eu acho que em determinado ponto, [concordo] sim. Vi o exemplo de um desses casos do 8 de janeiro em que ele intima as testemunhas de acusação, mas determina que a defesa traga as suas testemunhas. E isso muitas vezes dificulta o esclarecimento”, afirmou em entrevista à Folha de S. Paulo publicada na quarta (12).

Ibaneis Rocha afirma ter ouvido reclamações de advogados de defesa que Moraes tem “atropelado muitos procedimentos” na condução da ação do 8 de janeiro de 2023 e também do que ele chama de “questões dos crimes cibernéticos” – a investigação de supostas fake news.

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O governador diz ver um paralelo de como Moraes está conduzindo os processos com o que supostamente foi criado na época da investigação da Operação Lava Jato pelo ex-juiz e atual senador Sergio Moro (União-PR).

“Eu ouvi de um advogado que ele está criando o mesmo código que foi criado na época do [Sergio] Moro na Lava Jato. Ele está fazendo justiça de acordo com as suas regras. Como ele tem um apoio muito forte dentro do Supremo Tribunal Federal, vem conseguindo manter essa posição”, ressaltou.

Ibaneis diz que acompanhava as sessões do STF e que os processos seguiam um rito — “como foi no mensalão, que foi conduzido pelo ministro Joaquim [Barbosa] e você via todas as regras processuais serem cumpridas”. Isso estaria sendo diferente agora.

O governador distrital ainda criticou o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), afirmando que “não está funcionando”. A correligionária Simone Tebet (MDB-MS) faz parte da equipe ministerial e, diz, poderia ser uma alternativa do partido para concorrer em 2026.

Seria a segunda tentativa de Tebet de chegar ao Palácio do Planalto. Em 2023, ficou em terceiro lugar na disputa presidencial com 4,16% dos votos (4,9 milhões), e acabou apoiando Lula no segundo turno.

Ibaneis ainda citou outras opções do partido para concorrer em 2026, como o governador paraense Helder Barbalho e o ministro Renan Filho, dos Transportes. E afirmou que o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) é quem deve liderar a escolha de um candidato da direita ou centro-direita se seguir inelegível.

“A gente respeita a figura do Bolsonaro. Vai chegar o momento em que ele vai tentar liderar esse processo, o que vai ser muito bom, porque já traz uma quantidade de votos razoável. Acho que fazendo isso e arrumando um candidato que tenha um perfil mais voltado à centro-direita pode beneficiar inclusive ele no futuro, assim como aconteceu com o presidente Lula, que conseguiu anular as suas condenações”, completou.

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Apesar de ser o governador distrital durante os atos de 8 de janeiro de 2023, Ibaneis não figura entre os 34 denunciados pela Procuradoria-Geral da República (PGR) pela suposta tentativa de golpe de Estado. Ele chegou a ser afastado do cargo, mas teve o processo arquivado na semana passada após dois anos de investigação.

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