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Senador Sergio Moro (União-PR) no plenário do Senado Federal
Senador Sergio Moro (União-PR) no plenário do Senado Federal| Foto: EFE/ Andre Borges

O ex-juiz e senador Sergio Moro (União-PR) repudiou na tarde desta quinta-feira (23) as declarações do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) sobre a ameaça do Primeiro Comando da Capital (PCC) à vida dele e de sua família. Para o parlamentar, Lula "riu de uma família ameaçada pelo crime".

"Fui surpreendido com uma fala do presidente da República que simplesmente riu das ameaças a mim e a minha família. Ele [Lula] chegou a sugerir que poderia ser uma armação da minha parte. Eu repudio veementemente essas afirmações", disse Moro.

A reação do senador veio horas depois de o presidente Lula comentar a operação realizada nesta quarta-feira (22) pela Polícia Federal contra criminosos do PCC. De acordo com os investigadores, havia um plano em articulação contra diversas autoridades, incluindo Moro.

“Eu não vou falar porque acho que é mais uma armação do Moro. Eu vou descobrir o que aconteceu porque é visível que é uma armação do Moro. Acho que é mais uma armação e, se for armação, ele vai ficar mais desmascarado ainda e eu não sei o que ele vai fazer da vida se continuar mentindo do jeito que está mentindo”, disse Lula. A afirmação foi feita durante uma agenda no Rio de Janeiro.

Para Moro, o petista precisa respeitar o trabalho de investigação das polícias. "Peço que respeite o trabalho que a Polícia Federal está realizando, e o trabalho que as polícias que estão prestando segurança a mim e a minha família. O senhor tem que fazer uma reflexão muito séria a respeito do que o senhor pretende fazer no seu governo", completou.

Além de Moro, o senador Hamilton Mourão (Republicanos-RS) também criticou a fala de Lula. "O presidente da República demonstra que está lhe faltando o devido equilíbrio emocional para lidar com as responsabilidades do cargo que ocupa", disse Mourão nas redes sociais.

Planalto fez operação para tentar blindar Lula no caso das ameaças a Moro

A declaração de Lula ocorreu em meio a uma operação de integrantes do Palácio do Planalto para tentar blindar o petista no caso sobre as ameaças contra as autoridades. A estratégia veio depois que integrantes da oposição tentaram relacionar o caso contra Moro com a entrevista de Lula ao portal Brasil 247, na qual o petista afirmou que "só ia ficar bem quando f**** com o Moro".

“De vez em quando um procurador entrava lá de sábado, ou de semana, para visitar, se estava tudo bem. Entrava três ou quatro procuradores e perguntava: ‘Tá tudo bem?’. Eu falava: ‘Não está tudo bem. Só vai estar bem quando eu f**** esse Moro’. Vocês cortam a palavra ‘f****’ aí…”, disse Lula na entrevista.

Logo após a operação contra os integrantes do PCC ter sido deflagrada, o ministro da Secretaria de Comunicação Social (Secom), Paulo Pimenta (PT), convocou às pressas uma coletiva de imprensa para declarar que as tentativas de associar o presidente às ações de grupos criminosos são “perversas” e “fora de propósito”.

“Tentar, como algumas pessoas estão tentando, estabelecer um vínculo entre essa declaração e a operação conduzida pela PF é algo absolutamente fora de propósito e serve evidentemente para a disputa política”, afirmou Pimenta.

O ministro da Secom tentou ainda minimizar as declarações de Lula, alegando ser apenas uma manifestação de quem esteve preso e se sentiu injustiçado. “A manifestação do presidente Lula foi uma manifestação em que ele relatou o sentimento de injustiça e indignação. Absolutamente natural e compreensível que alguém que ficou 580 dias detido numa solitária e que depois teve todos os seus processos anulados”, argumentou.

Antes disso, o ministro da Justiça, Flavio Dino, já havia criticado a tentativa de politização das investigações. "É vil, leviana e descabida qualquer vinculação a esses eventos com a política brasileira. Eu fico realmente espantado com o nível de mau-caratismo de quem tenta politizar uma investigação séria. Investigação essa que é tão séria que foi feita em defesa da vida e da integridade de um senador de oposição ao nosso governo", declarou.

PF fez operação para prender grupo que planejava ataques contra autoridades

A Polícia Federal realizou nesta quarta-feira (22) uma operação para prender um grupo criminoso que planejava realizar ataques contra servidores públicos e autoridades. Entre as ações, os suspeitos pretendiam inclusive homicídios e extorsão mediante sequestro.

O ministro da Justiça e Segurança Pública, Flávio Dino, informou que entre as possíveis vítimas estava um senador e um promotor de Justiça. O ex-juiz Sergio Moro era um dos alvos do grupo criminoso, e o promotor de Justiça de SP, Lincoln Gakiya, era o outro citado. Ao todo, nove pessoas foram presas e duas continuam foragidas.

De acordo com a PF, os ataques eram planejados em cinco unidades da federação: Rondônia, Paraná, Distrito Federal, Mato Grosso do Sul e São Paulo. Ao todo, foram expedidos 24 mandados de busca e apreensão, sete mandados de prisão preventiva e quatro mandados de prisão temporária contra suspeitos e endereços situados em Rondônia, Mato Grosso do Sul, São Paulo e Paraná.

Ao comentar a operação da PF, o senador Sergio Moro pediu o apoio do governo federal ao projeto de lei que pretende tornar crime o planejamento de ataques por facções criminosas contra agentes públicos e autoridades. De acordo com o parlamentar, o plano contra ele seria uma retaliação por seu trabalho como ministro da Justiça no governo Bolsonaro.

“Eu fiz esse projeto para criar tipos penais, para que nós possamos punir o planejamento dessas ações, esses atentados contra autoridades ou pessoas envolvidas no combate ao crime organizado”, disse.

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