Dois episódios recentes protagonizados pelos presidentes da Câmara, Hugo Motta (Republicanos-PB), e do Senado, Davi Alcolumbre (União-AP), evidenciam o pouco caso com a moralidade e o decoro no desempenho de cargos públicos.
Motta rejubilou em fotos e sorrisos na festa de 79 anos de José Dirceu. O petista ex-presidiário foi protagonista do Mensalão e do Petrolão, dois dos maiores escândalos de corrupção da história do país. Na festa, ouviu do "comandante" - como Dirceu era chamado pelos convivas - que o PT só não governou o país de forma contínua, desde 2003, devido à suposta perseguição da Lava Jato.
Motta saiu da aniversário rapidamente. Ficou, contudo, o registro histórico e vexaminoso de posar para fotos ao lado de um ex-presidiário cujos crimes são fartamente documentados e conhecidos.
Cortesia com o chapéu alheio
Já o presidente do Senado, Davi Alcolumbre, nem sequer corou ao baixar uma portaria dando aos seis mil servidores da casa o privilégio da jornada 4x3. A cada três dias trabalhados, direito a uma folga. E se não quiser, pode trocar por dinheiro. Dentre outras benesses, reajustou ainda em 22% o auxílio-alimentação dos servidores, que subiu para R$ 1.784. Com palavrório confuso, ao estilo gerador de lero-lero, justificou: "há necessidade de oferecer a contraprestação devida ao trabalho excepcional ou singular prestado pelos servidores do Senado Federal, notadamente quando em cumulação de atribuições ou no exercício de funções que exigem o desempenho habitual de atividades".
São as gentilezas com o chapéu alheio. Cada um a seu modo, Motta e Alcolumbre fazem lembrar o célebre meme: “Disse que ia mudar pra melhor (...) Já tava bom. Já não tava muito bom. Tava ruim. Agora parece que piorou?”
